Capítulo 59

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O capítulo possui 1758  palavras

Páris

Eu conheci a Sabrina na escola em que eu estudei aos 12 anos. Eu tinha estudado por muito tempo em uma escola perto da minha casa, mas eu sofria com os alunos que diziam que se olhassem para os meus olhos por muito tempo você poderia ficar hipnotizado, eles diziam que meus olhos eram de cores diferentes porque eu tinha o poder de manipular a mente das pessoas. Por essa razão as pessoas se afastaram de mim e evitavam olhar nos meus olhos. Eu não sabia quem tinha espalhado essa história, mas eu desconfiava que um menino dois anos mais velho que eu tinha inventado isso porque a menina que ele gostava havia dito que gostava de mim. Eu não estava interessado e ela chorou muito, mas eu não pude fazer nada.

Eu era uma criança que tinha dificuldade de acreditar que podia ser amado por alguém, já que a pessoa que eu considerava mais importante para mim me largou como se não fosse nada. Meu irmão tinha me deixado e essa garota provavelmente faria o mesmo no futuro, o que ela sentia com certeza não ia durar. Então, porque eu deveria sentir algo por ela? Porque eu deveria sentir algo por alguém?

Depois disso, as pessoas não me olhavam mais, no começo isso me incomodava, mas depois eu passei a não olhar para elas também. Até os amigos que eu achava que tinha se afastaram por causa dos boatos, mas isso não era importante, só provava que eu estava certo em não confiar nas pessoas, em não encará-los, em não amá-los. Tudo acabava sendo passageiro mesmo.

Minha avó foi a minha escola um dia, talvez porque os professores perceberam o ambiente estranho que eu passei praticamente o ano todo vivendo. As pessoas não faziam os trabalhos em grupo comigo e me evitavam. Eu não me importava. Não importava, não é? Eu nem sabia mais o que estava sentindo.

Vovó decidiu trocar a minha escola, mas todas eram longe. Ela conversou comigo e me perguntou se estava tudo bem trocar de escola mesmo demorando um pouco mais para ir e voltar. Eu disse que tanto fazia trocar ou não. Eu não me importava. Eu não me importava. Eu não me importava.

A primeira semana foi normal, as pessoas me olhavam de longe como um animal exótico, mas não se aproximavam. Elas cochichavam coisas sobre mim que eu não conseguia ouvir, mas podia sentir seus olhos sobre mim. Eu não olhava para eles, não olhava para ninguém. Depois de uma semana, apareceu uma garota na minha sala, sua presença era tão brilhante, ela entrou na sala sorrindo e completamente animada. Nem parecia que tinha acordado cedo para ir para a aula. Estava plenamente feliz. Era a primeira vez que eu realmente reparava em alguém ali. Eu gostaria de saber como ela conseguia ser tão animada com as pessoas e como conseguia ser tão brilhante tão cedo. Seu cabelo preto e seus olhos azuis eram tão brilhantes quanto ela.

A menina olhou para mim, que estava separado dos demais, e eu desviei o olhar. Escutei um grito e quando olhei uma menina estava correndo e abraçando a garota que havia acabado de chegar.

- Sabriiiiinaaaaaa. - Choramingou a menina gritona. - Achei que nunca mais te veria. Foi tão solitário ficar uma semana sem você.

- Calma Pat. - Falou Sabrina acalmando a garota e batendo levemente nas costas dela com a mão. - Eu só tive uma gripe forte, não morri.

Pat ficou choramingando por mais um tempo e Sabrina falava calmamente com ela a acalmando. Depois, as duas foram para o grupo de alunos que estavam discutindo algo sobre o líder de turma. Eu não me meti, não me importava a escolha, contanto que não fosse eu. Eu sentia alguns olhares sobre mim, mas eu ignorava. Até que de repente, alguém virou cadeira à minha frente, sentou e ficou me encarando.

- Oi. - Disse a voz.

Eu não olhei para ela, mas eu sabia que era a Sabrina. Eu não disse nada. Eu estava lendo um livro de história e continuei lendo.

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