Capítulo 2

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O capítulo possui 1621 palavras

Fui deixada em frente a casa que eu tinha saído junto com o meu irmão. Não sabia onde estava o José, mas esperava que ele estivesse bem longe. Olhei o corte braço de William e vi que o não era tão profundo, o que me deixou aliviada. Rasguei um pedaço da blusa do meu pijama e amarrei em volta do braço do meu irmão para parar o sangramento.

- Onde aprendeu a fazer isso? - Perguntou William.

Não sabia se ele ia entender se eu disse que eu era médica. Ele nem me conhecia, ou conhecia uma versão de mim, que não era exatamente eu. Eu poderia dizer internet, mas eu nem sabia se aqui tinha internet.

Eu não sabia se isso era mesmo um sonho. Era tudo muito estranho.

- Bom..... Piorar acho que não vai. - Falei. - Não gosto de ver você sangrando.

Ele sorriu.

- Tarde demais. - Ele disse e depois me olhou com preocupação. - Como você está? Esses idiotas te machucaram?

- Não. - Respondi. - Eu estou bem.

William pareceu aliviado com a minha resposta. Eu não estava tão aliviada assim. Eles não fizeram nada comigo, mas isso não significava que não fariam nada nunca. Estava começando a ficar com medo do que poderia acontecer.

- William. - Escutei alguém gritar e vi uma mulher correr até onde estávamos.

Não acreditei nos meus olhos quando a vi. Era a Ana, mas ela estava diferente, continuava linda, mas não estava tão magra do que quando a vi a última vez, ou seja, ontem. Não era possível que ela tivesse engordado do dia para a noite.

Foi uma analogia péssima, já que ainda era noite, mas mesmo assim. Ela estava muito diferente do que estava a algumas horas atrás.

Ana foi parada por um dos homens que estavam cercando a gente e ele deu um tapa tão forte no rosto dela que a jogou no chão. Sei que eu deveria ter ficado na minha. Eu nem gosto dela, mas tudo estava estranho e quando eu vi meu irmão gritando o nome dela desesperado, eu fiz a maior besteira da minha vida. Eu corri para ajudá-la.

- Não encosta nela. - Gritei para aquele homem e me coloquei na frente da Ana que ainda estava no chão e para piorar, ela estava chorando. Nunca tinha visto a Ana chorar.

- Sai. - Disse o homem.

Eu nem sabia que ele falava o meu idioma.

O homem estava vestido de preto dos pés a cabeça, igual a todos os outros, mas esse não era o que tinha me encontrado na floresta. Ele tinha olhos castanhos e uma cicatriz que ia de cima a baixo do lado esquerdo do rosto. Eu estava assustada, mas não deixaria ele machucar a Ana.

Ideia idiota.

Me perguntei outra vez porque eu a estava ajudando, mas quando meu irmão gritou eu não pensei em mais nada. Me lembro de quando eu o ouvi gritar por mim e eu não pude ajudar.

Dessa vez não. Dessa vez eu não ficaria parada.

- Sai da minha frente. - Repetiu o homem.

Não saí. Ideia idiota.

Eu sou muito burra mesmo.

O homem levantou o braço e eu sabia que ele me acertaria em cheio e que ia doer. Fechei o olhos, virei o rosto, fechei os olhos e me preparei para o soco que, muito provavelmente, me jogaria no chão.

Mas o soco não veio.

Abri os olhos e olhei na direção que o homem da cicatriz estava. Alguém estava segurando o braço dele. O homem da cicatriz olhava irritado para o homem segurando o seu braço. O da cicatriz disse algo em um idioma que eu não entendi nada e parecia com raiva. Já o outro homem respondeu calmamente enquanto soltava o braço dele. O homem da cicatriz foi embora. O homem que tinha aparecido depois me olhou e eu o reconheci. Não esqueceria aqueles olhos negros em toda a minha vida. Foi ele que me achou na floresta.

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