CAPÍTULO XXIV - APROXIMAÇÃO

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NARRADORA

Assim que voltaram de Belo Horizonte, Rafaella pediu que Gizelly ficasse em seu apartamento até o fim do recesso, talvez ela quisesse se redimir por toda a situação constrangedora do Natal, ainda que estivesse ciente sobre sua isenção de culpa. Não havia tocado no assunto depois da fatídica noite, primeiro porque jamais invadiria o espaço da namorada, segundo porque sabia que quando algo atingia a capixaba daquela forma, ela preferia absorver e só depois externar sobre como estava se sentindo.

Para mudar o foco, decidiram programar algo para o Réveillon e dessa vez faziam questão de ter a companhia de suas melhores amigas. Após a insistência de Bianca, decidiram ir para uma dessas festas super badaladas que aconteceria em um hotel cinco estrelas na capital carioca. A convite das amigas, Isabela e Clarissa se juntaram ao grupo para festejar o fim de mais um ano.

A noite não poderia ter sido melhor. Beberam, conversaram, riram e dançaram até os pés doerem, se despediram ao amanhecer, com abraços, sorrisos e muitos desejos para 2021. Gizelly e Rafaella rumaram para o apartamento da mineira, conforme já haviam combinado. Queriam aproveitar os primeiros dias do ano juntas, porque logo engatariam numa rotina agitada no trabalho.

E assim fizeram, acordaram sem despertador, foram à praia todos os dias, almoçaram e jantaram em seus restaurantes favoritos, se amaram, se declararam e aproveitaram como se cada momento juntas fosse o último.

[...]

De volta à rotina, os dias estavam cada vez mais movimentados, muitos projetos seriam iniciados naquela semana e as arquitetas estavam prontas para os novos desafios. Naquela manhã de segunda-feira Gizelly decidiu almoçar com Clarissa, sua outra sócia estaria ausente, pois precisava resolver algumas pendências na obra.

- Conseguiu aproveitar esse restinho de recesso? - Clarissa sorriu enquanto analisava o cardápio. - Seria muito estranho dizer que fico feliz que estejamos todas tão próximas?

- Aproveitei muito, a Rafa pediu pra que eu ficasse no apartamento dela todos esses dias, fomos à praia, vimos série, filme, parece até que ela tava adivinhando que o ano começaria nessa loucura. - Deu de ombros e retribuiu o sorriso. - Nós conversamos sobre isso há um tempo, acredita? E chegamos a conclusão que apesar de estranho, é muito bom, pra todo mundo, porque ficar remoendo o passado só te faz estacionar num ponto e não progredir.

- Eu concordo totalmente. - Desviou os olhos do cardápio e encarou a capixaba. - Sei que não tenho nada a ver com essa história, mas a Isabela e eu conversamos muito sobre tudo e eu realmente acredito que ela tenha se arrependido do que fez no passado e agora só quer seguir em paz.

- Bom, então acho que estamos todas alinhadas quanto a deixar o passado onde ele deve estar, né? - Ergueu um dos braços chamando a atenção do garçom. - Eu gosto da Isabela, vocês combinam muito, não sei se já disseram isso à vocês.

- Eu também gosto bastante dela, nos damos muito bem, o sexo é incrível, não tenho do que reclamar. - Encolheu os ombros, esboçou um pequeno sorriso e antes de dar seguimento notou a aproximação do garçom.

Fizeram seus pedidos rapidamente e seguiram conversando sobre assuntos variados, Gizelly acabou mencionando sobre o ocorrido na chácara da família de Rafaella, claro que não sentia nenhuma mágoa em relação a namorada, mas não era um assunto fácil de digerir, por isso preferiu fazer isso sozinha, não queria que a mineira se culpasse por qualquer coisa.

- Pagaria o que fosse pra ver a Rafaella batendo nesse cara. - Clarissa ergueu uma sobrancelha. - Imagino que não deve ter sido fácil passar por isso, mas felizmente vocês duas tem o apoio de quem realmente importa, certo? O resto é tão insignificante quando o nosso presidente.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora