CAPÍTULO XXXVI - RETRATAÇÃO

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NARRADORA

Rafaella sentia-se extremamente feliz e em paz após a repercussão das matérias envolvendo Fernanda Gusmão, àquela altura grande parte da internet tinha ciência que a Influenciadora Digital não passava de uma fonte quase inesgotável de Fake News.

Em contrapartida, a mineira sabia que devia algumas explicações à sua namorada, já que Gizelly só soube do ocorrido durante a entrevista e sequer pôde questioná-la.

Naquela manhã despediram-se na garagem e se prometeram uma conversa quando retornassem para casa ao fim do dia. Rafaella não pretendia ocultar nada de Gizelly, mas não negaria que aquele assunto era tão incômodo que lhe sugava todas as energias.

A caminho do trabalho, nos longos minutos que esteve presa ao trânsito caótico do Rio de Janeiro, se permitiu refletir mais afundo sobre aquela situação e viu na futura conversa com Gizelly a oportunidade de encerrar mais um ciclo, pois era assim que agia sempre que desejava deixar algo negativo no passado, dessa forma, assim que contasse tudo à namorada, Fernanda estaria de vez fora da sua vida.

[...]

O dia passou num piscar de olhos e Rafaella não via a hora de deixar a agência rumo ao seu apartamento. Desejava curtir a sexta-feira aconchegada a namorada do jeito que elas mais gostavam: pipoca, brigadeiro e um romance clichê na Netflix.

Antes de sair do estacionamento trocou algumas mensagens com Gizelly para se certificar se precisaria ou não comprar algum item no supermercado. Assim que teve a resposta negativa, deu partida em direção ao apartamento do casal.

O trajeto durou cerca de meia hora, o que era aceitável para uma sexta-feira. Para onde se olhava era possível ver os primeiros sinais de mais um final de semana agitado na capital carioca: bares lotados, pedestres e carros circulando freneticamente por todos os lados, afinal, aquele era o momento de deixar a semana longa e cansativa para trás e dar lugar à muita curtição.

Logo que girou a maçaneta e abriu a porta de entrada, Rafaella foi surpreendida por Jackinho, o pet já acostumado com sua presença, se jogou no chão a espera de um afago, que veio prontamente. A mineira se sentou no chão e largou a bolsa em um canto qualquer.

— Oi, bebê. – Acariciou a pequena cabeça e assistiu o pequeno rolar em contentamento. – Tava com saudade de mim, é? Eu também tava, filho.

Do alto da escada, Gizelly assistia a cena com um sorriso lindo no rosto, às vezes era tão surreal acreditar que Rafaella agora fazia parte de todos os seus dias que ela se pegava observando os detalhes mais banais com um encanto único e aquele era exatamente um desses momentos.

A capixaba se demorou mais alguns minutos antes de finalmente descer para o andar térreo. Assim que seus olhos encontraram os verdes tão brilhantes teve vontade de se jogar sobre o corpo da namorada, mas se conteve em apenas sentar ao seu lado e envolvê-la em um abraço lateral.

— Boa noite, meu amor. – Deixou um beijo carinhoso nos lábios de Rafaella e quando se afastou encarou o pequeno pet ainda mais eufórico. – Quer dizer que esse bebê aqui é seu filhote também, é? Gostei de saber disso.

— Então... – Desviou os olhos claramente envergonhada, ainda que não houvesse motivo algum pra isso. – Bom, é que eu amo tanto esse pequeno e agora eu moro aqui com vocês, aí pensei que...

— Shhh, é claro que ele é seu também. – Gizelly levou a mão à nuca da namorada e segurou com carinho, assim que trouxe o rosto até o seu, acariciou os lábios rapidamente antes de beijá-la de vez.

Quando se separaram, os olhos verdes brilharam além do habitual, por pouco não transbordaram em alegria. O coração estava preenchido de um amor que Rafaella nunca tinha experimentado antes.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora