CAPÍTULO X - MOMENTOS

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NARRADORA

Momentos. Bons ou maus. Sabemos aproveitá-los como deveríamos? Os valorizamos? Nem sempre. Deixamos que eles passem como um piscar de olhos, principalmente por não enxergarmos a magnitude ou importância de cada um deles. Um sorriso, um abraço, uma palavra de carinho ou até uma briga podem permanecer conosco por uma vida toda, cabe a nós decidirmos com que intensidade aquilo vai nos marcar e por quanto tempo.

Nós decidimos como viver um momento, decidimos se vamos torná-lo inesquecível ou descartável, só não temos o poder de escapar do arrependimento que nos arrebata ao percebermos que não há como voltar atrás quando agimos de forma indiferente diante de algo relevante.

RAFAELLA KALIMANN

Assim que despertei notei que Gizelly ainda dormia profundamente a julgar por sua respiração calma, me desvencilhei vagarosamente de seu braço que envolvia minha cintura e caminhei até o banheiro, após fazer minha higiene matinal decidi que prepararia um café da manhã para nós duas. Saí do quarto a passos lentos em direção à cozinha e concluí que Rita já havia passado por aqui logo cedo, pois todo o ambiente estava perfeitamente organizado e limpo, sem quaisquer resquícios do jantar da noite anterior.

Resolvi cortar algumas frutas, preparar algumas torradas, suco natural e café, liguei uma playlist qualquer em um volume suficientemente alto para que eu ouvisse, mas que não atrapalhasse o sono da capixaba. Me movimentava de um lado para o outro ao som de alguma música animada quando ouvi aquela voz rouca que eu adorava, ela ainda vestia o pijama da noite anterior e seus cabelos estavam presos num coque frouxo, os olhos ainda pequenos de sono.

- Bom dia, deusa. Acordou há muito tempo? - Ela se aproximou de mim e selou meus lábios de forma demorada. - O que tá aprontando?

- Não, deve ter uma meia hora, mas não quis te acordar, você tava dormindo tão gostoso. - Abri um sorriso e acariciei rapidamente seu rosto. - Nosso café da manhã, tá com fome?

- Muito, sempre acordo faminta. - Ela se esticou em direção ao recipiente onde estavam as frutas e roubou uma. - Isso tá muito bom.

- Ei, não tá pronto ainda, Gizelly. - A repreendi, mas minha expressão séria deu lugar a um sorriso ao vê-la fazer um pequeno bico. - Já tô terminado, pode arrumar a mesa?

Ao terminar de preparar o café levamos tudo até a mesa e nos sentamos. Comemos em meio a uma conversa animada, estar na companhia de Gizelly era sempre muito leve, aqui ela deixava aquela pose profissional super séria e dava lugar a uma versão totalmente divertida e cheia de piadas bobas, era impossível ficar sem rir por mais de cinco minutos em sua presença, a cada dia eu conhecia uma parte dela que me encantava ainda mais.

Após nosso café Gizelly se ofereceu para lavar a louça, tentei impedi-la, mas ela sabia ser irredutível quando queria. Me sentei no sofá e esperei que ela viesse ao meu encontro, a essa altura Manoela já havia me mandado várias mensagens perguntando sobre a noite anterior, me peguei rindo enquanto encarava o celular.

- O que tá tão engraçado aí, hein? - Ela perguntou se jogando ao meu lado no sofá. - Acho que já vou pra casa, tá tarde e o Jackinho deve tá morrendo de saudade da mãe dele.

- É só a Manu fazendo um milhão de perguntas, você conhece. - Encostei a cabeça em seu ombro e deixei o celular de lado. - Eu tava pensando em te chamar pra ir à praia, se quiser, podemos ir até o seu apartamento, assim você se certifica que ele tá bem, o que acha?

- Hm... - Hesitou por alguns segundos. - Você sempre tem um jeito pra tudo, né? - Virou-se pra mim e deixou um beijo rápido em meus lábios. - Acho que vou aceitar seu convite, mas só por que tô com muita vontade de tomar um banho de mar. - Deu de ombros segurando o riso.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora