NARRADORA
Quarta-feira - 2:35am, apartamento de Bianca e Mariana
Ainda chocada com a cena, Bianca abriu espaço para que Mariana entrasse no apartamento e auxiliou Rafaella que ainda estava no chão. Não era preciso muito para notar que as duas estavam completamente bêbadas, as vozes, as posturas e o cheiro forte de álcool as entregava. A carioca até tentou conter o riso, mas foi inevitável quando a amiga se jogou no sofá e se acabou em lágrimas que ela sequer sabia de onde vinham.
— Rafinha, o que houve? – Bianca se abaixou próxima a amiga e segurou uma de suas mãos. – Tu tá sentindo alguma coisa?
— Eu briguei com a Gizelly, saí pra beber e nem avisei onde eu tava. – Fungou algumas vezes e escondeu o rosto com a mão livre. – Ela deve ter me ligado um milhão de vezes e eu recusei todas.
— Calma, não precisa ficar assim, vou avisar que tu tá aqui, ok? – Se levantou e caminhou até o quarto para pegar o celular, precisava acalmar a amiga que àquela altura estava enlouquecida pelo sumiço da namorada.
Bianca resolveu fazer a ligação ainda em seu quarto, não queria causar nenhum desconforto entre as amigas. Após ter que lidar com uma Gizelly completamente histérica e preocupada do outro lado da linha, informou que Rafaella estava bem e em segurança, garantiu que a mineira dormiria em seu apartamento e no dia seguinte iria embora para que conversassem. Totalmente contrariada a capixaba desistiu de ir até a casa da amiga, tentou racionalizar e concluiu que seria em vão qualquer conversa àquela altura, já que sua namorada estava sob o efeito de muito álcool.
Ao voltar para a sala a carioca notou que Rafaella estava um pouco mais calma e pra que isso se mantivesse, fez questão de contar como Gizelly havia reagido, ainda que precisasse aumentar levemente a história.
— Ei, boazuda. – Chamou a atenção da amiga que a encarou com os olhos ainda menores e avermelhados. – Liguei pra Gi e avisei que tu vai dormir aqui, ela ficou super preocupada, mas entendeu que é melhor conversarem amanhã, fica tranquila, ok?
— E se ela não me quiser mais, Bia? – Pegou uma almofada e levou ao rosto pra esconder as lágrimas que insistiam em transbordar pelos olhos verdes.
— Eita que o álcool pegou legal, hein? – Gargalhou daquele jeitinho escandaloso e voltou a se aproximar da amiga. – Relaxa, ela só ficou muito preocupada, mas amanhã vocês vão conversar direito.
— Amor, você tá brava comigo? – Mariana questionou com um bico nos lábios e caminhou até a namorada. – A gente só queria tomar uma cerveja e conversar um pouco, o sumiço não foi proposital.
— Tá tudo bem, amor. – Se apressou em acalmar a baiana e a envolveu pela cintura. – Vocês se divertiram? – Viu a namorada confirmar com a cabeça e não conteve o sorriso. – É o que importa, claro que era mais seguro não ter exagerado tanto, tu sabe que entrar em um carro desconhecido de madrugada não é a melhor das ideias, né? Mas passou, vocês estão seguras e bem.
— A Rafinha e eu só queríamos beber pra descontar toda a raiva que estamos sentindo daquela pira... – Se impediu de continuar e levou uma das mãos a boca. – Daquela mulherzinha vulgar.
— Daquela piranha que deu em cima da minha mulher, é isso mesmo. – Rafaella se sentou no sofá e encarou as amigas. – Se eu encontrar com ela na rua, não sobra um fio loiro pra contar história.
— Mariana pro banheiro, agora. – Bianca decretou enquanto saía em direção ao corredor. – A boazuda encrenqueira vai em seguida, não consigo cuidar de duas bêbadas de uma vez só.
— Você fica tão sexy toda autoritária, mozão. – A baiana disse divertida enquanto seguia os passos da namorada. – Rafinha, vai ficar tudo bem.
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Manat | ⚢
FanficA arquiteta e a publicitária não se conheciam, não possuíam amigos em comum ou sequer frequentavam os mesmos lugares. As chances de suas rotinas se cruzarem eram quase nulas, para não dizer impossíveis, mas naquela manhã em que a Gizelly optou por m...