NARRADORA
Rafaella sentiu seu celular vibrar sobre a mesa de cabeceira, observou o nome na tela e decidiu que era hora de dar alguma satisfação à sua melhor amiga. Com todo cuidado levantou-se da cama aonde Gizelly ainda estava adormecida, verificou a hora e decidiu deixá-la dormir um pouco mais, ainda era cedo. Retirou-se da suíte na ponta dos pés e caminhou em direção a sala, sentou-se no sofá e finalmente atendeu a ligação persistente de Manoela.
– Meu Deus, você não podia mesmo esperar até que eu ligasse, Maria Manoela? – Revirou os olhos ao ouvi-la impaciente do outro lado.
– Se eu fosse depender da sua boa vontade pra me contar que vocês se acertaram, teria que esperar até as bodas de prata, Rafaella. – Usou um falso tom magoado. – Mas vai, me conta tudo.
– O que exatamente você quer saber? – Acomodou-se deitada sobre o estofado e encarou o teto. – Esquece a pergunta, vou contar tudo antes que você me obrigue. – Soltou uma risada. – Depois de falar com você eu decidi que era uma ótima ideia ir até um bar, precisava de coragem pra vir até aqui.
– Certo... – Disse receosa. – Mas você não chegou aí caindo de tão bêbada, né? Por Deus, me diga que não fez isso. – Repreendeu a amiga.
– Claro que não, bebi apenas o suficiente pra falar o que eu precisava. – Passou a mão livre pelo rosto. – Enfim, depois peguei um táxi e apareci na porta da Gizelly, nós conversamos por algum tempo, mas eu preferi ficar do lado de fora, talvez encará-la me fizesse perder a pouca coragem que algumas doses de uísque tinham me dado.
– Então vocês protagonizaram a típica cena clichê da conversa através da porta? – Manoela gargalhou do outro lado. – Ok, espero pelo menos que você tenha se declarado.
– Uma cena clichê com uma pitada de drama, porque de repente eu me vi chorando desesperadamente dizendo que não queria perdê-la e que a amava. – Suspirou irritada ao notar que a amiga estava novamente rindo. – Se você continuar rindo, eu não conto mais nada.
– Desculpa, eu juro que parei. – Respirou fundo e limpou o canto dos olhos. – O que ela fez depois que você finalmente admitiu em voz alta o que estava estampado nessa sua cara linda?
– Ela abriu a porta de uma vez e eu caí de cabeça no chão. – Não conteve o riso dessa vez. – Me fez repetir que a amava e depois disse que eu precisava continuar sendo uma idiota, porque assim era mais fácil ter raiva de mim.
– O adorável drama sapatão. – Debochou, mas decidiu se conter antes que fosse novamente repreendida. – Ela disse de volta? Tenho certeza que disse, a Gizelly é muito emocionada.
– Não fale assim da minha namorada. – Repreendeu, mas não conseguiu evitar o sorriso ao se lembrar da declaração da capixaba. – Mas sim, ela disse que me amava e eu achei que fosse explodir de tanta felicidade, amiga.
– Nem preciso dizer o quanto tô feliz por vocês, certo? – Disse em um tom animado e suspirou em seguida. – Espero chegar nesse nível com a Malu.
– Vocês duas são lindas juntas e pelo que a senhorita me conta, ela é uma mulher incrível, não vejo como não dar certo. – Confortou a amiga e encarou a pequena bola de pêlos se aproximar do sofá. – Amiga, preciso ir agora, tenho que colocar comida pro Jack antes que ele acorde a Gi, mais tarde nos falamos, pode ser?
– Sinceramente, não sei por que não se casam de uma vez. – Alfinetou Rafaella e a ouviu soltar um xingamento. – Uh, não precisa ficar brava, ok? Nos falamos depois, vai cuidar do seu filho.
Finalizaram a ligação e Rafaella apressou-se em ir até despensa onde a comida do pet ficava armazenada. Serviu os recipientes com ração e água fresca, notou o pequeno se aproximar e antes de se retirar abaixou-se afagando carinhosamente seus pêlos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Manat | ⚢
FanfictionA arquiteta e a publicitária não se conheciam, não possuíam amigos em comum ou sequer frequentavam os mesmos lugares. As chances de suas rotinas se cruzarem eram quase nulas, para não dizer impossíveis, mas naquela manhã em que a Gizelly optou por m...