CAPÍTULO XXVII - CONFUSÃO

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RAFAELLA KALIMANN

Depois que Gizelly deixou meu apartamento no fim da tarde me arrependi no segundo seguinte em não ter me oferecido para acompanhá-la. Era certo que eu havia me acostumado a tê-la sempre perto e isso tornava qualquer despedida mais difícil que o normal, mas era além disso, uma sensação estranha apertava meu peito, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer.

Voltei para o sofá e tentei me distrair com algo na TV, em algum momento acabei adormecendo e quando despertei algumas horas depois vi que estava completamente atrasada para encontrá-la. Enviei uma mensagem avisando que demoraria além do previsto e ela confirmou que estaria me esperando, pediu que eu me arrumasse com calma e não dirigisse com pressa.

Apesar do seu pedido, me arrumei o mais rápido possível e meia hora depois estava a caminho do bar, dirigi dentro dos limites de velocidade e com todo cuidado do mundo. O trajeto durou cerca de vinte minutos e eu agradeci aos céus pela falta daquele trânsito caótico que eu enfrentava diariamente.

Domingo, 10 de Janeiro de 2021

Assim que estacionei próximo ao Astor me deparei com uma cena que me deixou um tanto intrigada, pensei ter visto uma figura muito semelhante a Gizelly entrar em um carro desconhecido, mas constatei ser apenas impressão. Quando passei pela porta de entrada a busquei pelo ambiente, certamente a encontraria próxima ao balcão, já que mais cedo havia me informado que todas as mesas estavam ocupadas. Acabei por rodar todo o salão e não a encontrei. Liguei uma, duas, três vezes e todas caíram direto na caixa postal, as mensagens sequer chegavam e sua última visualização havia sido um pouco depois que a avisei sobre estar a caminho.

Decidi ir até seu apartamento, conhecendo Gizelly como conheço, tinha ciência de que ela não me deixaria sem notícias propositalmente, ainda mais quando estávamos prestes a nos encontrar. Assim que cheguei à portaria fui informada de que minha namorada não estava em casa, dessa forma, voltei a enviar mensagens e ligar, mas não tive nenhuma resposta.

Àquela altura comecei a me preocupar, não por ser controladora, entre nós duas nunca houve isso, mas a falta de resposta me fazia pensar em tantas coisas e nenhuma delas era boa. Ainda estacionada próximo ao prédio de Gizelly resolvi ligar para a única pessoa que poderia saber do seu paradeiro: Bianca.

– Oi Bi, desculpa te incomodar a essa hora. – Tentei soar o mais tranquila possível.

– Oi Rafinha, você nunca incomoda. Aconteceu alguma coisa? – Se mostrou preocupada e ao ouvir meu suspiro, insistiu. – Cadê a Gizelly? O que houve?

– Eu te liguei justamente pra saber se tem alguma notícia, nós combinamos de nos ver no Astor, mas quando cheguei ela não estava. – Suspirei pesado. – Já tentei contato, mas ela não atende minhas ligações ou responde mensagens, o celular parece estar desligado e ela não tá em casa.

– Isso é bem estranho, a Gi não é de sumir assim, muito menos de deixar a boazuda dela sem notícias. – Tentou aliviar o clima tenso. – Mas fica calma, ela pode ter ficado sem bateria, tem alguma explicação pra esse sumiço.

– Tem mais uma coisa... – Hesitei antes de dizer aquilo em voz alta. – Quando desci do carro presenciei uma cena muito estranha, tinha alguém que se parecia muito com a Gi entrando num carro, acabei não dando atenção sabe? Mas senti algo muito ruim.

– Certo... – Ela se calou e pareceu refletir antes de continuar. Eu sabia o que ela queria me perguntar, então a aguardei. – Tu não tá achando que ela...

– Por Deus, não. – A interrompi rapidamente. – De forma alguma, isso nem se passou pela minha cabeça, Bia, só tô muito preocupada. – Disse num tom claramente frustrado.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora