CAPÍTULO XLVIII - DESCOBERTAS

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MANOELA GAVASSI

Confesso que meu lado emocional havia aflorado ainda mais desde que soube que minhas melhores amigas seriam mães. Ver aquele brilho nos olhos das duas era indescritível, era como assistir de pertinho o florescer daquela família que elas tanto sonharam construir. Rafaella estava radiante na maior parte do tempo, as variações bruscas de humor não eram mais tão frequentes, como quando ela se entregava a um choro incontrolável por não querer mais comer algo que Gizelly com todo amor havia saído no meio da madrugada para comprar ou quando as duas decidiam sair e Rafaella desistia no meio do caminho por não se achar bonita o suficiente para andar ao lado da esposa em público. Foram meses insanos, posso afirmar com a propriedade de alguém que esteve de perto acompanhando todo esse caos, mas por mais estranho que pareça, minhas amigas pareciam aproveitar cada momento de descoberta desse novo universo com uma animação e energia de duas adolescentes.

Pensando melhor agora, acho que se empolgaram tanto que acharam ser uma ótima ideia recrutar Bianca e eu para buscarmos o resultado do exame que relevaria o sexo da ou do nosso mascotinho e como boa capricorniana que sou, já tinha pensado em pelo menos cinco maneiras diferentes de contarmos às nossas amigas, mas a carioca marrenta e cheia de vontades insistia que deveríamos fazer algo mais impactante, o problema era que as ideias dela incluíam um avião carregando uma faixa com os dizeres "tias de menina ou menino", um balão gigante flutuando pelo Rio de Janeiro, água da piscina tingida com um corante que provavelmente não sairia nos próximos dezoito anos, entre outras coisas tão malucas que eu me recusei a ouvir durante o nosso trajeto até a clínica.

— Manu, tu tem que concordar que a ideia da piscina é incrível. – Bianca arqueou uma sobrancelha e sorriu convincente. – Elas vão amar ir até o quintal e... tcharam.

— Tcharam, a água da piscina cheia de um pó estranho que nunca vai sair. Definitivamente é uma péssima ideia, Bia. – Soei o mais firme que pude e neguei com a cabeça, jamais colocaria aquela ideia maluca em prática.

— Então o que tu sugere? – Ela cruzou os braços e me encarou cheia de deboche. – Um balão preto com interrogações, com um pó não estranho na cor rosa ou azul prontinho pra ser estourado com um alfinete? Bem original mesmo.

— Claro que não, eu nunca mencionei essa breguice que todo mundo ousa fazer por aí. – Fiz uma careta e suspirei. – Bom, eu pensei sim em algo que envolve balões e piscina.

— Me conta mais sobre essa tua ideia aí. – Se interessou imediatamente, afinal, não estavam tão desalinhadas nas ideias, no fim poderiam unir os elementos sugeridos pelas duas para chegarem a um resultado incrível.

— Então, eu pensei em pegarmos vários balões de cores diferentes, mas seguindo uma paleta, é claro. – A encarei assim que estacionei em uma das vagas próximas a entrada da clínica. – Nós os encheríamos com gás pra que flutuassem sobre os suportes dentro da piscina.

— Ah, então tu se rendeu a ideia da piscina? – Bianca arqueou a sobrancelha e abriu um sorrisinho presunçoso. – Certo, eu gosto da ideia, mas e se a gente colocasse aquele pó colorido em algum desses balões aí? Assim elas poderiam estourá-los até acharem o que vai revelar o bebê.

— Estourar como, Bia? Com o alfinete? Bem original mesmo. – Debochei usando a mesma frase dita por ela minutos atrás e a vi revirando os olhos. – Ok, balões, pó, alfinete, mais alguma coisa?

— Acho que é isso, mas se eu tiver mais alguma ideia, te aviso. – Bianca me empurrou levemente pelos ombros enquanto caminhávamos até a entrada da clínica, mas parou de forma brusca e me encarou com os olhos arregalados. – Ô Manuzinha, escuta aqui, tu não tá nervosa com esse negócio de ver o resultado não? Eu tô aqui suando frio já, parece que vou desmaiar.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora