CAPÍTULO V - CONSEQUÊNCIAS

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NARRADORA

Os nossos atos, pensados ou involuntários, trazem consigo consequências e não há como fugir, ainda que desejemos e tentemos com todas as forças. Fingir a inexistência do que foi feito ou dito não é uma opção, então o que nos resta? Enfrentar. E era exatamente isso que Rafaella faria naquela manhã de segunda-feira, só não sabia como explicaria a mensagem enviada para a sua arquiteta após se despedirem naquela madrugada.

– Droga. – Praguejou quando passou pela entrada do edifício e notou a presença da mulher que tentava a todo custo evitar.

– Bom dia, Rafaella. – A arquiteta disse ao levantar-se da poltrona onde aguardava e se aproximar da mineira com algumas sacolas nas mãos.

– Bom dia, Gizelly. – Seus olhos desviaram da mulher a sua frente. – A Bianca não vem?

– Ela precisou resolver algumas pendências de outra obra. – Gizelly esboçou um pequeno sorriso.

– Certo. Podemos subir? A entrada da sua equipe já tá liberada. – Rafaella caminhou em direção ao elevador.

– Claro. – Os olhos não se cruzaram em nenhum momento no caminho até o apartamento.

O clima estava visivelmente tenso, mas nenhuma das duas parecia ter coragem de iniciar aquela conversa, o momento era totalmente inoportuno, afinal, estavam ali para tratar de um assunto profissional e qualquer coisa que fugisse disso deveria ser deixado para outra hora.

– Você primeiro. – Disse após abrir a porta e dar passagem para a outra mulher. – Eles chegam às 8h, né?

– Exatamente... já que hoje você caiu da cama, temos alguns minutos até lá, enquanto isso quero te mostrar algumas plantas para que saiba o que será feito nessa primeira etapa, tudo bem? – Retirou algumas folhas do envelope que tinha em mãos.

– Certo. – Se aproximou um pouco mais da bancada onde a arquiteta havia apoiado as folhas. – Eles vão começar demolindo tudo?

– Tudo não, a princípio serão essas paredes aqui... – Apontou para um local específico da planta. – Depois vão remover os revestimentos de todos os banheiros, cozinha e área de serviço.

– Entendi. – A mineira suspirou pesadamente antes de desviar o olhar. Estava prestes a se afastar quando a outra mulher chamou sua atenção.

– Rafa? – Disse tocando a mão da empresária que estava sobre a bancada.

– Sim? – Os olhares finalmente se encontraram e dessa vez nenhuma das duas desviou. As mãos continuaram em contato.

Gizelly aproximou-se um pouco mais de Rafaella, os olhos ainda estavam fixos e a distância entre elas a permitia sentir o hálito quente contra sua pele. A partir dali seus movimentos tornaram-se automáticos e num ato de coragem levou uma das mãos até a cintura de Rafaella, fazendo uma leve pressão sobre a pele coberta pelo tecido fino, os corpos agora estavam colados. A outra mão deslizou levemente pelo braço, ombro e finalmente pousou sobre a nuca, o toque era suave, ela parecia pedir permissão para ir adiante.

A mineira apesar de surpresa com a atitude da arquiteta não fugiu, talvez estivesse desejando aquele momento desde o último encontro. Suas mãos envolveram a cintura de Gizelly e seus lábios ficaram a centímetros de distância, os olhos fecharam-se imediatamente. O primeiro contato foi apenas um roçar dos lábios, que em segundos se tornou maior do que poderiam explicar. As bocas se encaixaram e se provaram como queriam, as línguas não disputaram espaço, não era necessário, estavam se conhecendo. Os toques ainda tímidos demonstravam curiosidade apesar dos corpos visivelmente ansiarem por mais. Prolongaram o momento o quanto puderam, mas precisavam recuperar o fôlego, ainda sim, os corpos permaneceram colados e os olhos fechados.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora