CAPÍTULO XVII - CALMARIA

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NARRADORA

Rafaella caminhava por todo o apartamento de Gizelly naquela manhã de segunda-feira, queria que tudo estivesse devidamente no lugar para recebê-la. Nos dias em que a arquiteta esteve no hospital, a mineira se manteve imersa no trabalho, o que possibilitou que tirasse alguns dias de folga pra acompanhar a recuperação da namorada. Antecipou-se e antes mesmo que a capixaba sinalizasse que estava a caminho, já havia ido até um supermercado próximo para comprar alguns ingredientes necessários para cozinhar aquele dia. Jogou-se no sofá espaçoso e decidiu checar as redes sociais, se distraiu tanto que só despertou quando ouviu o som da campainha tocar. Levantou-se rapidamente e caminhou até a porta, quando a abriu deparou-se com o sorriso que tirava seu juízo, só conseguiu esboçar um ainda maior enquanto se afastava para que Gizelly e Bianca entrassem no apartamento.

– A encomenda tá entregue, Rafinha. – Bianca piscou para a mineira e sorriu. – Ah, onde eu coloco isso? – Apontou para o buquê de flores que tinha em uma das mãos.

– Que bom, eu já tava com saudades. – Abriu ainda mais o sorriso e se aproximou de Gizelly, levou uma das mãos até o rosto ainda abatido e deixou um beijo rápido em seus lábios. – Flores bonitas... – Apontou com a cabeça.

– Pois é, o porteiro avisou que tinham deixado pra mim, não sei por que não ligaram pra cá. – Deu de ombros e deixou um carinho na bochecha da namorada. – Também senti saudades, deusa.

– Aparentemente as ex's namoradas das duas gostam desse lance de mandar flores, né? – A carioca debochou e recebeu um olhar duro de Gizelly. – Tô mentindo? Você mesma me contou sobre a Isabela.

– Então... – A mineira hesitou por alguns segundos. – Foi uma ex sua que enviou as flores? – Viu a namorada assentir e forçou um sorriso. – Muito gentil da parte dela, seja lá quem for.

– Vai, pergunta. – A capixaba segurou o riso e ergueu uma das sobrancelhas. – Eu sei que você tá doidinha pra saber quem foi, te conheço muito bem.

– Eu? Eu não. – Se fez de desentendida e desviou o olhar enquanto mordia o lábio inferior. – Ok, talvez eu queira saber. – Cruzou os braços e voltou os olhos para a namorada. - Fala logo, vai.

– Acho que vou fazer uma pipoca, isso aqui tá ficando bom. – Bianca soltou um riso e saiu em direção à cozinha, recebendo um olhar incrédulo das amigas.

– Foi a Clarissa, meu bem. – Gizelly disse naturalmente e recebeu um revirar de olhos. – Ela realmente só quis ser gentil, soube do acidente e me enviou as flores e um cartão. – Aproximou-se um pouco mais da namorada e selou seus lábios. – Eu odeio ter que usar isso aqui. – Desceu o olhar para o braço engessado. – Coça muito, é ruim pra dormir e me obriga a ter que usar a mão esquerda pra várias coisas.

– Você prefere usar a mão esquerda ou ficar quinze dias sem sexo? – Bianca questionou ao retornar para a sala e encarar a amiga.

– Bianca. – A repreendeu e negou com a cabeça. – Eu não tava falando disso, ok? – Caminhou até o sofá e acomodou-se no assento. – Eu escovo os dentes, como, escrevo e digito com a mão direita. – Revirou os olhos.

– Nem brinca com isso, Bia. – Rafaella disse num falso tom de desespero. – Quinze dias é tempo demais, não sei se sobrevivo. – Acompanhou a namorada e sentou-se ao seu lado.

– Podemos não falar da minha vida sexual? – Gizelly suspirou e fez um pequeno bico. Decidiu mudar o foco da conversa. – Preciso de um banho, mas já vi que vai ser uma merda me desdobrar pra não molhar esse gesso.

– A Rafinha vai te ajudar com o banho e muitas outras coisas também. – Disse sugestiva e precisou desviar da almofada que voou em sua direção. – Bom, vou deixar as pombinhas em paz, mas amanhã eu passo aqui pra irmos ao escritório juntas, ok? Não vou te deixar pegar um Uber ou ocupar sua namorada mais do que o necessário. – Direcionou o olhar para a sócia. – Nada de atrasos.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora