CAPÍTULO XLVI - ESPERANÇA

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NARRADORA

De volta ao Rio de Janeiro, Rafaella e Gizelly sentiam-se renovadas, os quinze dias que passaram na Colômbia foram incríveis. Fizeram passeios não só pela cidade, mas pelas belíssimas praias de Cartagena, além de terem aproveitado ao máximo a culinária e cultura local.

Mesmo que já estivessem acostumadas com a rotina de uma vida a duas, o novo status trazia aquela sensação deliciosa de novidade e elas queriam aproveitar cada segundo do momento mais feliz que viviam. Tudo parecia estar exatamente onde deveria, eram parceiras e compartilhavam dos mesmos desejos e sonhos, ainda que não verbalizassem.

Rafaella não tinha queixas sobre seu casamento ou sobre a mulher que amava, pelo contrário, Gizelly se mostrava uma esposa completamente apaixonada e dedicada a fazer o que estivesse ao seu alcance para vê-la feliz. Mas algo ainda inquietava o coração da mineira, que não sabendo identificar a fonte desse sentimento, tentava a todo custo ignorá-lo, afinal, todos os aspectos de sua vida iam incrivelmente bem.

Decidida a conversar com a pessoa que mais lhe conhecia e talvez pudesse ajudá-la a entender o que se passava consigo, Rafaella saiu da agência e dirigiu até a cafeteria para encontrar Manoela, a quem não via desde que tinham voltado para o Brasil dias atrás.

— Uau, o que a água de Cartagena tem pra ter te deixado ainda mais bonita, Rafaella Kalimann Bicalho? – A paulista brincou ao se aproximar da melhor amiga e a abraçar. – Achei que só ia te ver no fim de semana.

— Sempre tão exagerada, Maria Manoela. – Retribuiu o abraço e sorriu para a amiga. – Também achei, mas tô meio agoniada e precisava conversar, talvez você consiga me ajudar, sei lá.

— Aconteceu alguma coisa? – Estranhou a expressão aflita da amiga e se preocupou imediatamente. – Tô te sentindo meio tensa mesmo.

— O problema é esse, não aconteceu nada e não saber porque eu tô assim me deixa pior ainda. – Suspirou frustrada e levou as mãos ao rosto. – Entre a Gi e eu tá tudo tão... incrível, sabe? Não quero estragar o nosso momento com algo que nem sei nomear.

— Você já parou pra refletir de verdade ou tá só fugindo como se isso fosse sumir de repente? Porque não vai, amiga. – Alcançou uma mão de Rafaella e a segurou com carinho.

— Não parei, achei que com o tempo essa angústia sumiria. – Se debruçou sobre a mesa e fechou os olhos. – E sei lá, pode ser só coisa da minha cabeça também, né? – Voltou a encarar a melhor amiga.

— Ou pode ser algo importante, pensa com calma e carinho, tenho certeza que você vai descobrir o que tá perturbando esse coração. – Tentou amenizar um pouco do sentimento que estampava os olhos verdes.

— Eu até cogitei uma coisa, mas não dei muita atenção, justamente por achar que tô me precipitando, sabe? Mesmo que tudo entre nós duas desde o princípio tenha acontecido mais rápido do que o habitual, não quero apressar algo tão importante. – Desistiu de completar o pensamento, estava realmente afetada por aquela angústia que não abandonava o peito.

— Espera... – Manoela franziu a testa, ainda refletindo sobre as palavras de Rafaella. – Se precipitando em relação que exatamente? Por se o seu receio for sobre o tempo, vocês já tiveram provas o suficiente de que isso é bem relativo, Rafa.

— A ter filhos. – Se limitou a resposta curta e viu os olhos de Manoela se arregalarem. – Pois é, nós estamos casadas a menos de um mês e eu já tô pensando nisso e parece ter se intensificado durante a viagem, quando a gente conheceu um casal que tava passando as férias com a filhinha. – Suspirou e não evitou o pequeno sorriso ao se lembrar da criança.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora