NARRADORA
De volta ao Rio de Janeiro, Rafaella e Gizelly sentiam-se renovadas, os quinze dias que passaram na Colômbia foram incríveis. Fizeram passeios não só pela cidade, mas pelas belíssimas praias de Cartagena, além de terem aproveitado ao máximo a culinária e cultura local.
Mesmo que já estivessem acostumadas com a rotina de uma vida a duas, o novo status trazia aquela sensação deliciosa de novidade e elas queriam aproveitar cada segundo do momento mais feliz que viviam. Tudo parecia estar exatamente onde deveria, eram parceiras e compartilhavam dos mesmos desejos e sonhos, ainda que não verbalizassem.
Rafaella não tinha queixas sobre seu casamento ou sobre a mulher que amava, pelo contrário, Gizelly se mostrava uma esposa completamente apaixonada e dedicada a fazer o que estivesse ao seu alcance para vê-la feliz. Mas algo ainda inquietava o coração da mineira, que não sabendo identificar a fonte desse sentimento, tentava a todo custo ignorá-lo, afinal, todos os aspectos de sua vida iam incrivelmente bem.
Decidida a conversar com a pessoa que mais lhe conhecia e talvez pudesse ajudá-la a entender o que se passava consigo, Rafaella saiu da agência e dirigiu até a cafeteria para encontrar Manoela, a quem não via desde que tinham voltado para o Brasil dias atrás.
— Uau, o que a água de Cartagena tem pra ter te deixado ainda mais bonita, Rafaella Kalimann Bicalho? – A paulista brincou ao se aproximar da melhor amiga e a abraçar. – Achei que só ia te ver no fim de semana.
— Sempre tão exagerada, Maria Manoela. – Retribuiu o abraço e sorriu para a amiga. – Também achei, mas tô meio agoniada e precisava conversar, talvez você consiga me ajudar, sei lá.
— Aconteceu alguma coisa? – Estranhou a expressão aflita da amiga e se preocupou imediatamente. – Tô te sentindo meio tensa mesmo.
— O problema é esse, não aconteceu nada e não saber porque eu tô assim me deixa pior ainda. – Suspirou frustrada e levou as mãos ao rosto. – Entre a Gi e eu tá tudo tão... incrível, sabe? Não quero estragar o nosso momento com algo que nem sei nomear.
— Você já parou pra refletir de verdade ou tá só fugindo como se isso fosse sumir de repente? Porque não vai, amiga. – Alcançou uma mão de Rafaella e a segurou com carinho.
— Não parei, achei que com o tempo essa angústia sumiria. – Se debruçou sobre a mesa e fechou os olhos. – E sei lá, pode ser só coisa da minha cabeça também, né? – Voltou a encarar a melhor amiga.
— Ou pode ser algo importante, pensa com calma e carinho, tenho certeza que você vai descobrir o que tá perturbando esse coração. – Tentou amenizar um pouco do sentimento que estampava os olhos verdes.
— Eu até cogitei uma coisa, mas não dei muita atenção, justamente por achar que tô me precipitando, sabe? Mesmo que tudo entre nós duas desde o princípio tenha acontecido mais rápido do que o habitual, não quero apressar algo tão importante. – Desistiu de completar o pensamento, estava realmente afetada por aquela angústia que não abandonava o peito.
— Espera... – Manoela franziu a testa, ainda refletindo sobre as palavras de Rafaella. – Se precipitando em relação que exatamente? Por se o seu receio for sobre o tempo, vocês já tiveram provas o suficiente de que isso é bem relativo, Rafa.
— A ter filhos. – Se limitou a resposta curta e viu os olhos de Manoela se arregalarem. – Pois é, nós estamos casadas a menos de um mês e eu já tô pensando nisso e parece ter se intensificado durante a viagem, quando a gente conheceu um casal que tava passando as férias com a filhinha. – Suspirou e não evitou o pequeno sorriso ao se lembrar da criança.
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Manat | ⚢
Fiksi PenggemarA arquiteta e a publicitária não se conheciam, não possuíam amigos em comum ou sequer frequentavam os mesmos lugares. As chances de suas rotinas se cruzarem eram quase nulas, para não dizer impossíveis, mas naquela manhã em que a Gizelly optou por m...