NARRADORA
Gizelly se esforçou para ser o mais silenciosa possível, pela hora sabia que Rafaella já estava dormindo, decidiu tirar os saltos ainda na sala e caminhou vagarosamente em direção a suíte, mas como se sentisse sua presença, Jackinho saiu ao seu encontro ainda no corredor. A capixaba se abaixou e tentou em vão reprimir os latidos, quando achou ter tudo sob controle continuou o caminho até o quarto e assim que passou pela porta viu a namorada se mexer sobre o colchão.
— Amor? – Questionou ainda sonolenta e buscou o celular na mesa de cabeceira, encarou o aparelho e em seguida olhou para a namorada. – Você chegou agora?
— Sim, acabei demorando mais do que o previsto. – Abriu um sorriso envergonhado e se abaixou para selar os lábios nos de Rafaella. – Volta a dormir, eu vou só tomar um banho rápido e já venho.
— Bem além do previsto, né? São três da manhã, Gizelly – Foi tudo que a mineira disse antes de se virar para o lado oposto. – Vai mesmo, pra ver se tira esse cheiro horrível de álcool e perfume barato.
Percebendo não ter mais abertura para conversa, a capixaba decidiu seguir até o outro cômodo. Tomou um banho rápido, procurou um pijama no closet e retornou a cama, se acomodou ao lado de Rafaella e envolveu sua cintura com um dos braços, trazendo seu corpo para si.
Odiava que dormissem após uma briga ou um estranhamento bobo que fosse, mas sabia que a namorada tinha motivos para se chatear, então se deixou adormecer com o mínimo contato que fosse, ao menos sabia que ela estava ali, no outro dia com os ânimos menos exaltados conversariam melhor sobre toda a situação, o que incluía a atitude extremamente sem noção da mulher que a recebeu para um jantar.
[...]
Na manhã seguinte Gizelly acordou assustada, tateou a cama ainda de olhos fechados e não encontrou Rafaella ao seu lado, deduziu que ela estava se arrumando para ir à agência. Se levantou da cama e caminhou até o banheiro, mas o encontrou tão vazio quanto a cama em que dormia a minutos atrás, saiu em direção a cozinha e encontrou a namorada sentada em uma das banquetas próximas ao balcão.
— Bom dia, meu amor. – Se aproximou um pouco mais, de forma ainda receosa e lhe beijou a bochecha. – Que horas são? Acho que a bateria do meu celular acabou e eu tô bem atrasada.
— Bom dia. – Tentou não soar fria demais, mas era impossível disfarçar o incômodo. – Aham, inclusive a Bianca tá tentando desesperadamente falar com você, parece que a noite rendeu mesmo, né?
— O que? Do que você tá falando, Rafa? – Franziu a testa e cruzou os braços em uma posição defensiva. – Eu entendo você estar chateada porque eu disse que voltaria pra casa o mais rápido possível, mas ficar insinuando qualquer coisa já é demais.
— Vai se arrumar, Gizelly, depois a gente conversa sobre isso. – Levantou-se da banqueta e levou as louças que havia sujado até a pia. Encarou o próprio celular vibrando mais uma vez sobre o balcão e suspirou. – Atende logo a Bia, porque eu já preciso sair, não posso me atrasar hoje.
Gizelly pegou o celular e aceitou a ligação da melhor amiga. Do outro lado da linha uma Bianca desesperada falava sem parar e de forma totalmente incompreensível, o que assustou a capixaba, que ainda tentou acalmá-la para que pudesse ao menos entender parte da conversa. Poucos segundos depois a ligação foi finalizada e ela encarou a namorada com os olhos arregalados.
— O que aconteceu? – Caminhou até Gizelly e tocou seu rosto carinhosamente. – Porque você tá tão pálida? É alguma coisa com a Bianca ou com a Mariana?
— Inferno, eu sabia que não devia ter ido a esse jantar. – Estendeu o celular para a namorada e levou as mãos a cabeça quando se viu livre do aparelho. – Elas estão bem, fisicamente pelo menos.
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Manat | ⚢
FanfictionA arquiteta e a publicitária não se conheciam, não possuíam amigos em comum ou sequer frequentavam os mesmos lugares. As chances de suas rotinas se cruzarem eram quase nulas, para não dizer impossíveis, mas naquela manhã em que a Gizelly optou por m...