CAPÍTULO XXXII - CILADA

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NARRADORA

Gizelly se esforçou para ser o mais silenciosa possível, pela hora sabia que Rafaella já estava dormindo, decidiu tirar os saltos ainda na sala e caminhou vagarosamente em direção a suíte, mas como se sentisse sua presença, Jackinho saiu ao seu encontro ainda no corredor. A capixaba se abaixou e tentou em vão reprimir os latidos, quando achou ter tudo sob controle continuou o caminho até o quarto e assim que passou pela porta viu a namorada se mexer sobre o colchão.

— Amor? – Questionou ainda sonolenta e buscou o celular na mesa de cabeceira, encarou o aparelho e em seguida olhou para a namorada. – Você chegou agora?

— Sim, acabei demorando mais do que o previsto. – Abriu um sorriso envergonhado e se abaixou para selar os lábios nos de Rafaella. – Volta a dormir, eu vou só tomar um banho rápido e já venho.

— Bem além do previsto, né? São três da manhã, Gizelly – Foi tudo que a mineira disse antes de se virar para o lado oposto. – Vai mesmo, pra ver se tira esse cheiro horrível de álcool e perfume barato.

Percebendo não ter mais abertura para conversa, a capixaba decidiu seguir até o outro cômodo. Tomou um banho rápido, procurou um pijama no closet e retornou a cama, se acomodou ao lado de Rafaella e envolveu sua cintura com um dos braços, trazendo seu corpo para si.

Odiava que dormissem após uma briga ou um estranhamento bobo que fosse, mas sabia que a namorada tinha motivos para se chatear, então se deixou adormecer com o mínimo contato que fosse, ao menos sabia que ela estava ali, no outro dia com os ânimos menos exaltados conversariam melhor sobre toda a situação, o que incluía a atitude extremamente sem noção da mulher que a recebeu para um jantar.

[...]

Na manhã seguinte Gizelly acordou assustada, tateou a cama ainda de olhos fechados e não encontrou Rafaella ao seu lado, deduziu que ela estava se arrumando para ir à agência. Se levantou da cama e caminhou até o banheiro, mas o encontrou tão vazio quanto a cama em que dormia a minutos atrás, saiu em direção a cozinha e encontrou a namorada sentada em uma das banquetas próximas ao balcão.

— Bom dia, meu amor. – Se aproximou um pouco mais, de forma ainda receosa e lhe beijou a bochecha. – Que horas são? Acho que a bateria do meu celular acabou e eu tô bem atrasada.

— Bom dia. – Tentou não soar fria demais, mas era impossível disfarçar o incômodo. – Aham, inclusive a Bianca tá tentando desesperadamente falar com você, parece que a noite rendeu mesmo, né?

— O que? Do que você tá falando, Rafa? – Franziu a testa e cruzou os braços em uma posição defensiva. – Eu entendo você estar chateada porque eu disse que voltaria pra casa o mais rápido possível, mas ficar insinuando qualquer coisa já é demais.

— Vai se arrumar, Gizelly, depois a gente conversa sobre isso. – Levantou-se da banqueta e levou as louças que havia sujado até a pia. Encarou o próprio celular vibrando mais uma vez sobre o balcão e suspirou. – Atende logo a Bia, porque eu já preciso sair, não posso me atrasar hoje.

Gizelly pegou o celular e aceitou a ligação da melhor amiga. Do outro lado da linha uma Bianca desesperada falava sem parar e de forma totalmente incompreensível, o que assustou a capixaba, que ainda tentou acalmá-la para que pudesse ao menos entender parte da conversa. Poucos segundos depois a ligação foi finalizada e ela encarou a namorada com os olhos arregalados.

— O que aconteceu? – Caminhou até Gizelly e tocou seu rosto carinhosamente. – Porque você tá tão pálida? É alguma coisa com a Bianca ou com a Mariana?

— Inferno, eu sabia que não devia ter ido a esse jantar. – Estendeu o celular para a namorada e levou as mãos a cabeça quando se viu livre do aparelho. – Elas estão bem, fisicamente pelo menos.

Manat | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora