Capítulo XXXV

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         Landon observou Killian guiar uma Emma muito pálida e trêmula de volta para o lugar em que estavam sentados minutos antes dela se levantar e sair correndo rumo à lugar algum. Zelena correu ao encontro deles e se ajoelhou em frente a amiga, o semblante demonstrando toda a preocupação que sentia. Jones sentou-se ao lado dela, olhando por cima do ombro na direção que vieram e a envolveu pelos ombros, sua expressão uma máscara de temor.

O contramestre desviou o olhar do trio ao sentir Libélula se aproximar dele.

—São eles, não? – indagou baixinho, mal movimentando os lábios.

A velha riu, feliz.

—Claro que são eles, Landon! – atalhou com uma pontada de impaciência. — A garota, apesar de não querer aceitar, percebeu isso. Agora o nosso capitão.... – estalou a língua em desaprovação. — Como todo herói, o que sobra de impulsividade, coragem e escolhas erradas, falta em inteligência.... Mas devo confessar, Landon, eu achei Killian bem mais aberto que dá última vez que passaram por aqui. Não imaginei que ele a deixaria entrar tão rápido e que estaria tão rendido pela garota.

O homem cruzou os braços e virou o corpo para ficar de frente para Vovó.

—Nos dias que Killian ficou desacordado tomei a liberdade para fazer a cura espiritual nele. Fiz a grade com os cristais para superação do luto que ensinou e aceitação do amor. – contou e então suspirou. — Tivemos um bocado de cristais de lágrimas-de-apache quebrados. Mas vou ser sincero que acho que o motivo de maior mudança foi Emma.... Desde o começo eu senti que havia alguma coisa ali.

Libélula sorriu satisfeita e bateu no ombro do contramestre.

—Desde o primeiro encontro a alma deles sentiu a necessidade de estarem juntas. Elas se completam. São una. – explicou. Ela e Landon olharam em direção aos dois. — Você precisa cuidar para que Killian não estrague tudo. Dessa vez é tudo ou nada. Emma é filha única, se ela morrer sem descendentes não terá quem quebre a maldição do ouro e o Caos está com ele praticamente em mãos.... E eles não aceitam um trabalho não concluído.

A boca de Landon se abriu em choque.

—Foi com eles que Killian fez negócios?

—Com Cora. A suposta mãe de Emma. Ela quer a garota e o ouro. E ela não vai descansar até ter ambos. Eles já estão mostrando que quando a hora chegar irão pegá-la. – indicou com o queixo a garota que ainda tremia e permanecia sem cor, os olhos arregalados de medo.

—Mas o ouro.... – começou o contramestre, então se calou, algo em sua mente entrando no lugar. — O colar! Killian foi instruído a pegá-lo sem tocá-lo. Foi porque se o tocasse ele sentiria o gostinho do poder.

Vovó aquiesceu.

—E no começo Killian ainda estava envolto em sombras demais e se deixaria cair na tentação. – ela ficou em um silêncio contemplativo. — Eu não posso dar todas as respostas para facilitar essa jornada, Landon. Mas o Caos os juntou com a intenção de causar dor, eles sempre gostaram disso. De deixá-los se apaixonar e amar com toda força antes de fazer um assistir ao outro morrer sem poder fazer nada e ainda carregar a culpa da morte consigo.

Landon sentiu o próprio peito se apertar ao ver o carinho que Killian tocava e olhava para Emma. Como a segurava. Ele conseguia sentir o medo da perda exalar de seu jovem capitão. De longe era possível ver a respiração do homem sair pesada e controlada, como se estivesse tentando se acalmar. O contramestre convivera tempo o suficiente para ver que a consciência o estava matando e por isso ele se esforçava para estar cada momento ao lado dela.

Killian não iria suportar a perda do amor de novo. Ainda mais se Emma era mesmo aquela que completava sua alma como Libélula dizia.

—O que eu posso fazer?

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora