Apesar de o pior ter ficado na madrugada, ainda chovia incessantemente quando o dia finalmente chegou.
Killian suspirou de frustração ao perceber isso assim que clareou o suficiente para que enxergasse o lado de fora pela pequena janela. Ele tinha passado a noite planejando formas de conseguir se reaproximar de Emma e que serviriam como um modo de fazer um pedido de desculpas perfeito. Uma caminhada. Um convite para nadar na cachoeira que ficava do outro lado da ilha. Um piquenique. Coisas em que eles poderiam conversar tranquilamente sem olhares e ouvidos dos outros. Atividades em que seriam apenas os dois, em que poderia segurar sua mão e quem sabe até mesmo beijá-la se ela deixasse.
Parecia que fazia uma vida desde a última vez que a beijara. Seu cérebro parecia querer pregar uma peça nele a ponto dele não se lembrar qual era a sensação e o sabor dos lábios dela e isso o estava deixando desesperado.
Ele precisava se lembrar e para se lembrar precisava ter sua boca sobre a dela, de novo e de novo e de novo, até que se garantisse que o beijo, o gosto dela, estivessem gravado em sua memória.
Seu peito doía como se seu coração estivesse se encolhendo ali dentro a cada instante que passava longe dela, como se estivesse morrendo aos poucos. Seu coração nunca se comportara desse modo nem quando ele havia perdido Milah.
Emma o fazia se sentir de um modo completamente novo e extremamente intenso. Era como se ele estivesse descobrindo uma nova forma de sentir e de amar.
Jones riu de incredulidade. Há poucos dias ele confessara que estava apaixonado por ela, mas a verdade é que simples e doloroso assim, apenas com a ideia de nunca mais tê-la, vê-la ou apenas se sentar e conversar com ela, o capitão percebeu que o que sentia era amor.
Ele a amava. E tinha quebrado o coração dela.
Que grande imbecil de merda.
Killian se levantou da cadeira que passara a noite e vestiu a calça que ainda estava úmida. Logo precisaria ir até a cabana pegar roupas limpas e secas. Talvez devesse levar o café da manhã na cama para ela. Talvez até levasse o Liam para que ela o conhecesse oficialmente. Talvez isso a fizesse feliz com ele de novo, uma vez que visse que ele não sentia vergonha de ter um filho. Talvez ela entendesse que o que o levou a esconder a existência de Liam era o medo de como ela reagiria e não outra coisa.
O capitão sorriu ao imaginar qual seria a reação dela ao vê-lo chegar na cabana com o filho. Ele já conseguia ver a cena: sua Emma ainda com a cara amassada de sono, sorrindo para o pequeno, enquanto o ajeitava no meio de suas pernas e conversava com ele como se o bebê fosse de fato responder com palavras compreensíveis. Killian se sentaria na outra ponta e deixaria que os dois se conhecessem. Ela sabia lidar com crianças, ele já a tinha visto no meio delas, sorrindo e brincando.
—Nem vou perguntar se você dormiu. – Zirba murmurou da cama e ergueu o tronco para olhar o filho que continuava a dormir. — Todo dia agradeço ao Pai por Liam não ser igual você e dormir à noite inteira. – comentou divertida. Ela jogou as pernas para fora da cama e se levantou em um impulso. — Conseguiu pensar em algo para reconquistar sua senhora?
Killian sorriu ao ouvir o honorífico para se referir a Emma.
—Tinha alguns planos, mas acho que a chuva não vai me deixar colocar nenhum em prática. – respondeu com pesar. — Então pensei em levar Liam até a cabana e passar um tempo com ele lá para que ela o conheça.
Zirba gargalhou divertida, enquanto fazia sua higiene matinal antes de começar a se vestir.
—Então seu plano é usar meu filho para amolecer o coração dela?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Traiçoeiro (Em Revisão)
FanfictionHouve uma época, em que os homens não lutavam por poder e que apenas o divino regia sobre os planos. Todos viviam em harmonia. Nada além da paz era conhecido e cultivado. Até que o ouro roubado, por aquele que abriu mão do amor em troca de possuir t...