Emma não percebeu que assim que passou a passos rápidos em direção à cabana, os olhos atentos de Zirba a acompanhava com certa consternação e, quando a moura percebeu que não havia nenhum sinal de Killian seguindo a jovem, fosse implorando por perdão ou fosse sorrindo feliz, ela soube que nada entre eles havia sido resolvido.
Ela hesitou por um momento, sem saber até onde poderia ir para tentar ajudar. Porque ela queria ajudar Killian de alguma forma. Havia uma certa animosidade entre Emma e ela, mas apenas porque ambas amavam o mesmo homem.
Contudo naquela conta, Zirba sabia que era um número que não se encaixava em lugar algum. Ela sabia, desde o início, que o capitão que a resgatara nunca seria dela de fato. Ainda assim, ela o queria feliz.
E Killian Jones estava feliz com Emma.
A moura se levantou decidida, levando o filho nos braços, e caminhou até a cabana da jovem. Ela bateu à porta e aguardou pacientemente, até ouvir a voz chorosa e sufocada do lado de dentro pedindo para que entrasse. Zirba empurrou a porta e os olhos verdes da outra a recebeu com sincero espanto, como se ela fosse a última pessoa que esperava ver. A mulher por outro lado, olhou para todos os pertences espalhados pela pequena cabana e fixou os olhos em uma maleta que era arrumada por Emma.
—Zirba. – Emma cumprimentou com uma fungada, enquanto tentava limpar as lágrimas do rosto com o dorso das mãos. — O que posso fazer por você? – indagou com um tom de incerteza, sua atenção voltando para as roupas que dobrava.
—O que você está fazendo? – a moura quis saber com curiosidade, aproximando-se da cama. Afastou algumas peças e sentou-se na beirada do colchão.
Emma olhou para sua bagunça. Tudo o que tinha na vida naquele momento e deu de ombros.
—Ajeitando minhas coisas que estavam no navio do capitão Jones. – explicou. — Eu... é.... — limpou a garganta, com esperança que aquele nó que a sufocava desaparecesse. — Não faço mais parte da tripulação dele.
As duas ficaram em um silêncio desconfortável por alguns instantes.
—Você está cometendo um erro terrível.
O comentário fez com que Emma encarasse os olhos da belíssima moura com certa indignação. A mulher não tinha direito nenhum de chegar ali e meter o bedelho nas suas coisas e no que fazia o deixava de fazer.
—Acho que não entendi.
Zirba suspirou e tentou fazer o filho ficar quieto em seu colo, mas o garotinho estava impaciente para se ver livre dos braços da mãe.
—Killian errou, e muito feio. Errou ao esconder o Liam. Errou ao dizer aquelas palavras para você na noite passada. Imagino como deve estar machucada, porque eu estaria se tivesse recebido palavras tão rudes.... Mas ele não quis dizer o que disse. – falou, seu tom apaziguador, enquanto colocava Liam sentado na cama. — Ele passou a noite inteira em um verdadeiro tormento, Emma. Eu sei, porque eu vi.
Emma deu um sorriso irônico e abaixou a cabeça, na tentativa de esconder as novas lágrimas que brotaram em seus olhos. Ela estava cansada das pessoas acharem que ela não entendia o que duas pessoas faziam juntas em um quarto sozinhos.
Os céus eram testemunhas quantas vezes ela quase havia se entregado para o capitão quando estavam apenas os dois na cabine dele. Como ela deixava que ele lhe desse prazer com toques e aquela boca extremamente libertina, que a tocava e a fazia gemer sem pudor algum.
—Tenho certeza que viu mesmo. – resmungou baixinho.
Zirba interrompeu outro suspiro que quis deixar sua boca e passou a mão pelas costinhas do filho que estava entretido em murmurar algo sem sentido enquanto desdobrava as roupas que Emma tentava organizar.
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Traiçoeiro (Em Revisão)
FanfictionHouve uma época, em que os homens não lutavam por poder e que apenas o divino regia sobre os planos. Todos viviam em harmonia. Nada além da paz era conhecido e cultivado. Até que o ouro roubado, por aquele que abriu mão do amor em troca de possuir t...