Traiçoeiro (Em Revisão)

Capítulo XXXIV

         Emma não viu outra opção a não ser seguir a idosa que a puxava, com tamanha força para alguém tão pequeno, para dentro da cabana. Ela tentou olhar para Killian que estava logo atrás dela, mas tudo o que viu de relance foi que ele sorria sem mostrar os dentes. Ela queria perguntar quem era Brunhilde que a tal da Vovó a estava confundindo e se ele por acaso a conhecia.

—Não entendo o motivo que ele demorou tanto tempo, menina. – a senhora resmungava, enquanto a guiava para se sentar em uma almofada gigante. — Eu o instruí, desde o primeiro momento que o vi, quando ele me tirou daquele navio. – contou, indo ocupar uma cadeira almofadada. Pelo luxo do assento, Emma só podia apostar que ela fora trazida por Killian e pensada completamente no conforto da velha. — Disse que ele deveria ir atrás daquela que completaria sua alma, a mulher que há muitas vidas ele fez uma promessa de amor.... Em vez de me trazer você, ele apareceu com aquela Milah. – estalou a língua indignada e Emma olhou preocupada para Jones que estava de pé, braços cruzados, em silêncio. Pela expressão dele, já parecia estar acostumado com aquelas reclamações, mas isso não queria dizer que não devia doer nele ouvir a mulher que tanto elogiava criticar sua falecida senhora. — A pobre não tem culpa da vida tê-la transformado naquilo, mas ela estava atrasando o encontro de vocês.... E veja só você! – exclamou, juntando as mãos, o rosto enrugado se iluminando, seu sorriso se tornando maior ao se virar em direção ao capitão, como se o enxergasse. — Suas cores estão mais alegres e você está feliz.

Killian pigarreou sem jeito e se endireitou, os olhos sustentando o olhar desesperado de Emma que tentava entender o que estava acontecendo, o que a velha estava falando.

—Talvez eu tenha encontrado um motivo de felicidade, Vovó. – declarou simplesmente. Emma arfou e se virou para Vovó, não permitindo a esperança de que aquelas palavras fossem para ela crescesse em seu peito. — Eu trouxe Emma para conhecê-la. Ela precisa de ajuda. Entrou no meu navio com uma missão.... E vá com calma que a senhora está a assustando. – pediu.

O semblante da idosa se retorceu em desaprovação e sua atenção se voltou para a jovem à sua frente que apertava as mãos.

—Você não contou para ela ainda? – indagou com repreensão e balançou a cabeça. Emma olhou para trás em confusão e Jones virou o rosto, a mandíbula cerrada. — É isso que eles querem, você sabe? Enfraquecê-los. – ela esticou as mãos para envolver as da mais nova nas suas. — Não precisa ficar nervosa, criança, eu estou aqui para ajudá-la.

—Killian disse que o faria. – falou pela primeira vez e sua voz saiu falhada. — Eu estou um pouco perdida. – confessou sem jeito.

A mulher riu carinhosamente.

—Claro que está. Você não sabe quem é.

—E a senhora sabe? – perguntou e ouviu o sarcasmo, mesmo que sutil, em sua própria voz. A Vovó tinha que perdoá-la se ela não acreditava nisso uma vez que fora chamada de Brunhilde assim que chegou.

—Mais do que você imagina. – rebateu, recostando-se no encosto da cadeira. — E por favor, me chame de Vovó ou Libélula. Não preciso de tantas formalidades.

Emma fez uma careta. Era estranho pensar que o nome de um inseto fora colocado em uma pessoa.

—Posso te garantir que apesar de estranho, meu nome tem um belo significado. Gostaria de saber?

Ela assentiu e como uma criança ansiosa para ouvir uma história, aproximou-se de Libélula. Foi quando percebeu que Vovó não podia ver o gesto de concordância. Ou pelo menos ela achava que não. Ela ainda não tinha tanta certeza do nível de cegueira da mulher.

—Claro, por favor.

Os dedos nodosos se ergueram para tocar o rosto de Emma, enquanto a velha começava a falar.