Capítulo LVIII

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Quando abriu os olhos e se encontrou de volta na biblioteca de sua irmã, não foram os gritos de dor de Emma que o fizeram reagir, mas sim as palavras dela que ainda ressoavam em sua memória.

Eu sei. Eu confio em você... Você acha que pode me perdoar?

Isso deu força para que se erguesse do chão, a determinação restaurada. Sua Swan confiava nele e ele iria provar a ela que de fato podia. Jones iria até o fim do mundo para tê-la de volta ao seu lado e para fazê-la feliz. Quebraria a maldição do ouro de um jeito ou de outro se isso fosse garantir que Emma e ele seriam felizes para o resto da vida.

—Zelena — chamou, a voz rouca, enquanto tentava voltar para o lado da mulher que continuava com a irmã dele nos braços, como se a qualquer momento Belle fosse acordar. Ele precisava da ajuda dela, mas pareceu tão insensível pedir qualquer coisa naquele momento, principalmente para acompanhá-lo para resgatar o amor da alma dele, quando a mulher tinha acabado de perder o amor dela.

Por culpa dele.

Zelena não pareceu o ouvir. Ou o ignorou. Era mais provável que fosse a segunda opção. O capitão se ajoelhou ao lado dela, os movimentos lentos. Ele sabia a dor que a mulher sentia, já o tinha vivido uma vez e estava prestes a viver de novo se não fosse rápido. Inferno, ele tinha que lutar agora mesmo para não quebrar ao ver o corpo sem vida da irmã que aprendera a amar com tão pouco tempo de convivência. Ele próprio já havia imaginado um futuro onde todos eles dividiriam a mesma casa e viveriam felizes, como uma grande família.

Belle e Zelena protegidas. Emma e ele casados. A casa cheia de crianças e vida. Killian havia sonhado com Landon junto a eles, sendo chamado de avô por seus filhos. Liam e Zirba iriam visitá-los de tempos em tempos.

O presente pareceu zombar do capitão. Tudo havia sido perdido em questão de horas. Ou até menos. A situação em que se encontrava, correndo contra o tempo, era algo que poderia ter evitado se não tivesse sentido tanto medo de acabar sozinho.

Se tivesse confiado que Emma o perdoaria.

—Vá embora —ordenou Zelena, a voz abafada, contra o pescoço de Belle.

—Eu não posso deixar você para trás, Zelena.

Ela riu. Um som seco.

—Você já fez isso antes. É apenas se levantar e ir. Você tem sua Milah de volta de qualquer forma. Era isso que queria, não? Foi por isso que fez o que fez.

Killian meneou a cabeça em uma negativa, mesmo que Zelena não estivesse olhando.

—Eu amei Milah, Zelena. Fechei esse acordo. Mas tudo mudou — falou, baixinho. A mulher ergueu a cabeça, encarando-o com desconfiança pelas frestas dos olhos inchados. — Eu mudei. Meus sentimentos. Meu coração. Sei que deveria ter contado antes, mas tive medo. Medo da reação dela. Demorei e falhei de ter me afastado quando Emma pediu... Agora... eu preciso de sua ajuda, Zelena. E eu me odeio por pedir isso quando você está lidando com a sua perda, mas eu preciso de você. Preciso de você para não me deixar esquecer. – O capitão riu, sem humor. — Milah está no meu navio e não posso simplesmente jogá-la em qualquer lugar.

—Eu quero que você e Milah se fodam – cuspiu Zelena, os braços se estreitando ainda mais ao redor de Belle, um soluço escapando por seus lábios. — Eu quero que você morra.

—Eu sei – sussurrou Killian. E ele sabia que era o que merecia. Morrer. E ele iria morrer feliz se conseguisse pelo menos salvar Emma. — Zelena, se não por mim, por Emma – suplicou. —Eu preciso de você para salvar Emma.

O nome da amiga pareceu fazer a postura da mulher relaxar um pouco. Zelena prendeu a respiração e olhou para a janela, como se se recordasse da noite passada. Ela fungou e Killian viu novas lágrimas marcarem seu caminho pelas bochechas dela. Zelena ficou imóvel, como se considerasse. Como se estivesse imaginando se valeria a pena se juntar ao capitão para ajudá-lo nessa missão que parecia tão... fadada ao fracasso.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora