Capítulo XII

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—Emma! – Belle gritou com alívio ao escancarar a porta e descer as escadas para encontrar a amiga. Ela havia ficado o tempo inteiro cuidado o caminho pela janela, esperando pelo momento que a outra surgiria. Tudo havia se tornado claro para ela uma vez que Graham aparecera logo após Emma sair correndo como se a casa estivesse em chamas. — Emma, graças aos céus. – agradeceu, abraçando a amiga bem apertado, nem se importando com suas roupas molhadas. — Ninguém sabia onde você estava e com aquele tempo.... Tive medo que algo ruim acontecesse.

—Eu estou bem. – Emma a tranquilizou baixinho, retribuindo o abraço. — Só corri tanto que fui parar na praia. Só os céus sabem aonde eu teria ido se não tivesse um mar para me impedir. – tentou brincar.

Belle se separou e a estudou com preocupação.

—Nós precisamos esquentar você e colocar roupas secas. – segurou-a pelo braço, puxando-a em direção a casa. — Você deve estar exausta, sua maluca. Correr tanto assim.

—Desesperada, acho que é o termo certo. – resmungou. — Eu estou melhor, só precisava me afastar um pouco e.... Pensar.

—Ah, minha menina! – Granny choramingou ao vê-la entrar e correu em sua direção. Emma se manteve imóvel diante da demonstração de afeto da governanta. — Você quase matou a sua velha do coração, nunca mais faça isso. – pediu, abraçando-a como uma mãe que acaba de descobrir que sua criança está bem.

—Solte-me. – pediu austera. Granny obedeceu mesmo parecendo confusa. Emma era carinhosa e nunca recusava abraços. Principalmente os seus abraços. — Por que, Granny? Por que mentiu para o meu pai que viu uma coisa que nunca aconteceu? – perguntou com acusação.

A governanta deu um passo para trás, a boca aberta como se quisesse falar, mas nenhum som saiu dela. Granny limpou a garganta e tentou mais uma vez.

—Você irá agradecer um dia, quando deixar a teimosia de lado e aceitar que isso é o melhor que poderia acontecer a você.

Emma deu um sorrisinho insolente para a governanta.

—Isso eu duvido muito, Granny. – retrucou, então desviou o olhar só porque não suportava mais continuar olhando para ela. — Peça que preparem um banho para mim. – ordenou, subindo para seu quarto.

Belle seguia logo atrás, sem ter certeza se a amiga queria companhia ou não, mas enquanto não fosse mandada embora, iria ficar ali, ao lado dela, para o que precisasse. Emma já parecia mais calma que horas antes, contudo talvez fosse precisar de um abraço, alguém em quem se apoiar para chorar.

—Eu estou exagerando, não estou? – Emma quis saber ao se encostar na porta de seu quarto e soltar um suspiro. Olhou para Belle que a fitava com um tipo de pena que soube que não aguentaria ver no rosto da outra por muito tempo.

—Quem sou eu para definir se sua reação é exagero ou não? Estamos falando do resto de sua vida e de você não poder escolher como irá passá-la. – respondeu, puxando Emma da porta e começou a desabotoar as costas de sua roupa. — E eu amo meu primo, mas se não é ele a pessoa, não vejo motivos pelo qual deveria incentivá-la a ficar feliz com isso.

Emma puxou as mangas da camisa com força e chutou as calças molhadas, sentando-se na penteadeira e encarou seu reflexo.

—Eu queria desaparecer, Belle. – confessou. Nunca desejara tanto poder ir para outro lugar ou que fosse outra pessoa.

—Imagino que sim, minha amiga.

Ela se sentia perdida. Estava tão confusa. Tão misturada de sentimentos conflitantes. Não entendia o porquê Granny havia mentido. E nem o porquê seu pai não acreditava nela ou o motivo que o levava a querer casá-la tão de repente. Pressentia que havia mais, algo que estavam escondendo dela. Levou a mão ao peito para segurar o pingente, mas tocou apenas sua própria pele gelada. Levou as duas mãos ao pescoço, como se fosse sentir a corrente e então virou-se para trás, cutucando as roupas que havia acabado de tirar.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora