Traiçoeiro (Em Revisão)

Capítulo LXI

Killian piscou, como se para testar a visão, sem acreditar. Piscou mais uma vez, confuso. Ele havia se deitado para dormir e enquanto deslizava para o sono viu as sombras que tanto atormentavam Emma. Ele ouviu os gritos da mulher que amava, aterrorizando-o de tal forma que tudo o que o capitão queria era despertar, porque ele ainda não podia salvá-la. Sabia que havia sido uma péssima ideia adormecer.

Mas então... Quando estava prestes a irromper a inconsciência, aquele lugar de dor e escuridão que se encontrava, a visão mudou...

Emma estava a sua frente. Apenas a alguns passos de distância. Usava um vestido branco longo e simples, que mais parecia uma camisola. Ela estava de costas para ele, observando um rio. Seu cabelo estava solto e comprido, chegando a base das costas. Killian não se lembrava de já ter visto o cabelo de sua Emma tão longo como naquele momento. Ela o havia cortado quando entrou para a tripulação.

Ela nunca deveria ter cortado aquela cortina dourada. Não deveria ter passado por nada que passou enquanto estava com ele. Como Killian se arrependia. E não pela primeira vez, desejou mudar tudo o que havia feito.

- Swan? - chamou incerto, com medo de que sua voz a fizesse sumir, ou de descobrir que ela não estava ali.

Porque ela não estava. Aquilo não passava de um sonho.

Mas ainda assim, poderia ser um meio de caminho. Igual tinha sido com Vovó e Landon. Aquele encontro havia sido real. Eles se encontraram em algum lugar entre os planos da inconsciência, seja lá como aquele outro mundo funcionava. E ele tinha visto Emma naquele lugar e ela estava muito machucada.

E havia dito que acreditava nele.

Emma se voltou para ele, o olhar surpreso, mas aliviado. Pelos lábios escapou um suspiro e ela deu um passo na direção dele, antes de parar.

- Killian? É você mesmo? - perguntou receosa, os olhos o perscrutando atentamente.

Emma não tinha mais certeza se sua inconsciência era um lugar seguro para se estar, contudo esperava que sim. Há dias ia até aquele lugar - como Vovó havia afirmado, em um dos muitos momentos de falta de consciência de Emma e que a mulher ia visitá-la muitas vezes acompanhada de Landon, que ela poderia aparecer para se encontrar com Killian -, mas achava que estava fazendo algo de errado já que seu pirata nunca surgia.

Agora que ele estava ali, parecendo tão real e tão triste, Emma não tinha certeza se acreditava que era verdade, que eles estavam frente a frente, depois da forma que ela os fez se separarem, tendo uma última conversa. Que ela havia conseguido se encontrar com ele para uma última troca de palavras e para deixá-lo saber o quanto ela o amava, como queria pedir desculpas por - mesmo por pouco tempo - ter desconfiado dele quando contou toda a verdade sobre o trabalho e por não ter acreditado quando Jones havia dito que nada daquilo importava mais, porque ele a amava e iria ficar com ela. Emma se arrependia tanto de não ter acreditado no amor dele naquele instante em que Killian se desnudava e mostrava todas as partes sombrias dele na esperança que ela acreditasse nele para que pudessem continuar lutando pelo futuro que planejavam.

Emma queria que seu capitão soubesse como desejava que ele fosse feliz mesmo depois que ela partisse. E de como desejava que a visão do futuro que teve dele com Milah se tornasse real, apesar do pensamento terminar de dilacerar seu coração. Só que ela não estaria por perto por muito mais tempo e não queria que ele ficasse sozinho. Emma sabia qual seria o seu fim. E tudo o que mais queria para partir com o coração leve era saber que Killian iria ficar bem. Que ele aceitaria ficar bem.

- Eu poderia fazer a mesma pergunta a você - replicou ele, a voz não muito mais alta que um murmúrio. Killian sentia dificuldade para respirar. Ele queria que fosse real, ao mesmo tempo que desejava ser um truque de sua mente, porque se fosse real significaria que...