Killian foi para o único lugar que sabia que encontraria algum tipo de conforto naquele momento: até a cabana de Vovó Libélula.
Não que ele esperasse que a velha passasse a mão em sua cabeça e dissesse que não havia feito nada errado. Jones sabia que Vovó iria lhe dar mais um puxão de orelha, mas logo após isso iria com toda certeza ter palavras que iriam acalmar seu coração agoniado.
O capitão bateu a porta para anunciar sua chegada antes de abri-la e entrar. Encontrou Libélula envolta por incensos, olhos fechados, no meio de uma meditação. Ele encostou a porta com cuidado e aguardou, observando as rugas profundas do rosto da mulher se suavizarem enquanto estava concentrada. Vovó era o mais próximo que tinha de uma figura feminina que poderia ser considerada uma mãe. Desde que a tirara do navio, ela havia se importado com ele, aconselhando-o e puxando sua orelha sempre que necessário, sem se importar com a cara feia que vinha logo em seguida.
—Mais um instante, garoto. – pediu, sem abrir os olhos.
Libélula soltou uma palavra como uma prece em sua antiga língua e fitou Killian com seus olhos que há alguns anos havia perdido o dom da visão, mas que ainda assim pareciam capazes de enxergar melhor que antes.
—Emma vai ficar bem. – afirmou, indicando para que ele se sentasse ao seu lado. — Não se preocupe.
Essa constatação não fez o peito de Killian se aliviar. Provavelmente isso só aconteceria quando ele visse sua Swan despertar e bem, sorrindo para ele e o provocando como de costume. Ele ocupou o lado de Libélula e a velha segurou sua mão entre as suas.
—Você precisa descansar ou seu corpo não irá aguentar.
—Eu não consigo. – respondeu com um dar de ombros. — Não quando eu estou morrendo de preocupação. Isso aconteceu por culpa minha, Vovó.
Libélula concordou com um aceno.
—Foi mesmo. Eu tenho te avisado desde o começo que o Caos tenta separá-los. Você não pode dar as armas para que eles façam isso, porque vai ter um dia que não vai ter ninguém por perto para salvá-la.
—Eu morro de medo de perdê-la. – confessou. — Tanto medo que fico paralisado, Vovó.
A velha sorriu e traçou com a ponta do dedo gelado as linhas da palma do capitão.
—É natural que você tenha medo de perder o maior poder do mundo, garoto. E é esse medo que pode mudar tudo. Salvar tudo.
Killian tombou a cabeça e analisou a velha senhora ao seu lado.
—Isso tem algo a ver com a história que contou outro dia na fogueira?
—É claro que tem a ver! – exclamou estupefata e bufou. — Siegfried não tinha medo de nada, era o homem mais corajoso que já tinha pisado na Terra dos Homens, sendo assim, ele não tinha medo de perder o amor, mesmo que amasse Brunhilde com toda a sua vida. Fico feliz em ver que você evoluiu. Que percebeu que o maior poder do mundo é o amor e que não o quer perder. Isso irá fazer com que cuide melhor dela. Eu espero. – acrescentou. — Você ainda é meio burro e não temos tempo para que mais algumas reencarnações conserte isso.
O comentário fez com Jones desse risada. Parecia estranho estar rindo enquanto era mantido longe da mulher que amava e que estava desacordada.
—Emma está magoada, garoto. E com motivos. Mas tudo vai se resolver. – tranquilizou-o. — Ela não irá deixá-lo, desde que você não a deixe. Apesar de ser bom sentir o medo de perder o amor, não deixe com que isso domine seus pensamentos. Sempre que um pensamento ruim vier, imediatamente o substitua por algo bom. Nunca se desespere pensando "Emma irá me deixar" ou "Emma irá morrer se eu não cuidar dela". Lembre-se que apesar de parecer frágil, dentro dela habita a alma de uma guerreira e que vocês se pertencem.
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Traiçoeiro (Em Revisão)
FanficHouve uma época, em que os homens não lutavam por poder e que apenas o divino regia sobre os planos. Todos viviam em harmonia. Nada além da paz era conhecido e cultivado. Até que o ouro roubado, por aquele que abriu mão do amor em troca de possuir t...