Capítulo XIX

216 22 198
                                    

—Por que não se senta? – Killian ofereceu ao indicar a cadeira que antes ocupava quando Emma entrou.

Ela negou com um meneio, preferindo ficar em pé. Não havia chances dela aguentar os próximos minutos sentada. O capitão deu de ombros e abriu a carta. Landon se aproximou, curioso para saber o conteúdo que Jones tanto queria colocar as mãos e que teria o destino que os esperava.

Ou melhor, que esperava pela garota.

Killian franziu a testa conforme seus olhos passavam por palavras que para ele não significavam nada. Tudo era vago e confuso demais. Não havia nada que indicasse para onde deveria ir em seguida com a garota ou que fazer. Virou o papel em busca de mais alguma coisa. Procurou por algo dentro do envelope.

Nada.

—É isso? Você se enfiou em um navio por conta de uma carta que não diz nada com nada? – indagou incrédulo e irritado. O que diabos iria fazer com a maldita garota? Abandoná-la no próximo porto para que se virasse? Jogá-la ao mar? Devolvê-la a Atabilifen com um bilhetinho desculpas?

—É uma carta da minha mãe. – explicou como se ele não tivesse percebido aquele detalhe ao ler o conteúdo do envelope.

Ele riu com cinismo ao jogar a carta na mesa com raiva.

—Eu se sei ler, srta. Mills. – atalhou seco.

Emma se empertigou, seu rosto adquirindo uma coloração carmim, os olhos se acendendo de indignação.

—O senhor que insistiu para ver e agora está bravo comigo? – perguntou no mesmo tom que o capitão usava com ela. Insolente e desdenhoso.

—É que eu esperava que existisse algo mais substancial.... Um lugar real. Um nome para se chegar, que você talvez não tivesse percebido.

—Mas tem! – ela bateu o pé, a voz se tornando aguda. — Um lugar seguro, o senhor não leu? Onde mulheres são livres para escolher a própria vida.

Jones a encarou com pena, como se ela fosse uma garotinha dizendo que acreditava em fadas e Emma odiou se sentir reduzida àquele sentimento uma vez mais por aquele homem. Ela não precisava da pena dele e nem o queria.

—De qualquer forma, eu não pedi sua ajuda. – ela retrucou e se inclinou para pegar a carta com tanta fúria que chegou a amassá-la. — O senhor que estava insistindo nesse absurdo.

—Ah, sim! Porque eu sou o absurdo da história, não é? Eu oferecer para que fique aqui e em segurança em vez de deixá-la se enfiar em tripulações com homens realmente sádicos é muito absurdo. Você deveria me agradecer de joelhos pela minha grande bondade. E acredite, gosto muito de ver uma mulher de joelhos. – Killian deu uma piscadinha maliciosa, deixando bem explicito o duplo sentido de sua fala.

—Você é insuportável e nojento. – grunhiu a jovem entredentes. — Muito me admira que esteja vivo após tantos anos vivendo com a cabeça enfiada no próprio ra...

—Epa! – Landon achou melhor interferir antes que palavras baixas começassem a serem de fato usadas. Ele não se importava com palavrões, mas quando tinha uma dama no ambiente e a dama em questão ameaçava xingar, era melhor não deixar que acontecesse. Emma estava há muito pouco tempo com eles para já começar com aquele hábito. — Sem exaltação dos ânimos. – pediu.

—Quem está exaltada é essa surtada. – resmungou Jones. — Olha o que ela fez só para não se casar! Uma desculpa em uma carta sem pé nem cabeça.

—Eu precisava investigar! – teimou.

—O que você precisa é que eu te dê uma surra para aprender a fechar essa boca e parar de retrucar. – gritou o capitão. Uma exclamação de surpresa deixou a boca de Emma e ela o encarou boquiaberta. Killian sorriu com maldade. — Até que foi bem fácil fazê-la ficar quieta.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora