Capítulo XLII

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         O dia seguinte não foi o dia de sorte de Killian.

E nem o outro.

Três dias depois e a sorte ainda não havia sorrido para ele de novo como da outra vez.

Todas as noites eles passavam juntos. Ela apenas a alguns passos dele, concentrada em sua pintura, enquanto ele mal ousava se mexer, desejando que quando a escuridão desse lugar ao novo dia, Emma o abençoasse com seus lábios em um beijo demorado e com seus braços o envolvendo e o puxando para si.

Mas ela apenas suspirava e se despedia com um "boa noite, Jones" mole de sono, os olhos verdes pequenos de tanto lutarem para ficarem abertos e desaparecia para sua cabine.

—Você está muito quieta ultimamente. - Killian quebrou o silêncio que o quarto de pintura sempre ficava durante as horas que estavam ali. — É estranho.

O calendário mental de Jones marcava que fazia uma semana desde que ele achou que poderia estar sendo perdoado. No entanto, Emma parecia cada dia se tornar mais distante outra vez. Eles trocavam brincadeiras e provocações na hora do almoço e jantar, mas apenas como amigos.

Ainda assim, parecia haver uma barreira que sua Swan não parecia estar disposta a ultrapassar mais uma vez. Ela parecia reservada como no início de tudo.

Killian percebia os ombros dela tensos a cada noite que passavam tanto tempo juntos. Ele percebia como ela estava evitando olhar em seus olhos. E o capitão não podia deixar de se perguntar se aquilo era efeito de alguma coisa que Zelena havia colocado em sua cabeça contra ele, ou se o seu estado de tensão se devia ao fato que estavam agora há poucos dias de chegarem no Outro Mundo.

Se fosse o primeiro caso, ele teria que ter uma conversa bem séria com Zelena e, se fosse o segundo, Killian queria que Emma compartilhasse com ele seus medos. Que confiasse nele suas aflições.

E se ela confessasse que queria desistir de tudo aquilo, ele alegremente colocaria Emma nas costas e nadaria para longe daquele navio e de tudo aquilo feliz da vida em poder começar algo com Emma de uma forma tranquila.

Sem trabalhos, vidas passadas e maldições. Apenas os dois.

—Eu sei que você não gosta muito de conversas. – a resposta veio pronta do outro lado, sem que Emma se preocupasse em desviar a atenção de sua pintura. — Então não tem por que forçá-lo a isso.

Jones se remexeu minimamente, tentando enxergá-la.

—Eu gosto de conversar com você. – atalhou com sinceridade, porque ele realmente gostava. Emma deveria ser a única pessoa que conseguia fazê-lo falar tanto. Killian pigarreou e engoliu em seco. Sua outra opção para o fato dela estar tão distante dizia respeito ao fato de que eles não tinham conversado sobre a briga na Ilha dos Mouros. Ao mesmo tempo em que o capitão queria deixar aquilo de lado, ele sabia que eles tinham que resolver isso. — Nós ainda não tivemos a oportunidade de falar sobre a outra noite. E eu gostaria de resolver isso, para não ficar entre nós.

Emma demorou um tempo para tornar a responder e quando surgiu de trás do cavalete, sua testa estava franzida de concentração, ou confusão, Killian não sabia dizer.

—Que outra noite? – questionou, girando os ombros para trás e retornando sua atenção para o quadro.

—Na ilha dos Mouros. Nossa briga. Liam. As coisas horríveis que te falei. – pontuou. — Você escolhe por onde começar.

A jovem sorriu de leve, tentando acertar a mistura de tinta para o azul dos olhos de Killian. A pintura estava quase pronta. E ela tinha tentado prolongar o processo o máximo que pôde para que eles tivessem aquelas horas.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora