Capítulo XXVII

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—O que aconteceu? Você demorou! – Zelena reclamou assim que Emma entrou no quarto, as faces coradas tanto pelo calor quanto por ter corrido para chegar até a estalagem.

Respirou fundo, abanando-se com as mãos, um sorriso irritante e insistente em seu rosto se recusava a se desmanchar. Seus olhos emanavam um brilho de felicidade que era impossível não notar e ela se sentou na única cadeira que tinha no quartinho, rindo sozinha.

Zelena a encarou com desconfiança e se levantou da cama.

—Você está estranha. – constatou. — No geral você tem um ar melancólico.

Emma olhou para a mulher que começara a chamar de amiga como se só agora tivesse percebido que tinha companhia.

—Eu estava com o capitão Jones. – disse animada. — Foi por isso que demorei.

—E você por acaso o matou para estar brilhando desse jeito?

A jovem fez uma careta e negou, inconscientemente acariciando o lugar onde os lábios do capitão tocaram a pele de sua mão. O local ainda estava quente e todo seu corpo formigava só com a lembrança.

—Nós fizemos as pazes. – contou com um suspiro. — Ele me pediu desculpas. E ele queria minha companhia. – riu sem acreditar. — Prometi um jantar para ele já que não vou poder passar o dia.

Zelena fitou a mulher ceticamente, sem acreditar no que estava escutando. Então riu sem humor e cruzou os braços.

—Céus, você é muito ingênua. – murmurou com um tom de pena. — O homem te trata mal e com apenas um pedido de desculpas você já está toda suspiros e prometendo jantares.

—Eu não estou toda suspiro! – defendeu-se indignada. — E ele não fez por mal no outro dia. O capitão Jones é um homem bom, Zel, ele só não estava em um bom momento.

A mulher deu um sorriso duro.

—Sei bem quão bom ele é, Emma.

Algo no tom da outra fez Emma se empertigar. A dureza na voz de Zelena foi eficaz para espantar o bom-humor que estava sentido.

—Sinto que você tem algum problema com o capitão. – apontou ríspida.

Zelena balançou a cabeça em uma negativa e deu as costas para ela.

—Eu tenho todos os problemas com todos os homens do mundo. Não confio. Se ele está sendo gentil e todo solícito, é porque ele quer entrar no meio das suas pernas. Você deveria proteger o seu coração, Emma. – alertou.

—O capitão Jones não me vê com esses olhos, fique tranquila. – atalhou com uma risada. A ruiva a olhou como quem não acreditava por um minuto naquilo. — É verdade, ele mesmo me disse várias vezes que eu não sou o tipo dele.

A outra respirou fundo como se se preparasse para dar uma péssima notícia.

—Emma, vou te falar uma coisa. – começou e se voltou para ela. — E só vou te falar porque você acredita que todos são bons. Homens só querem um buraco para meter. – Emma arregalou os olhos diante do termo baixo. — Desculpe, mas é verdade. Eles não ligam se gostam de você ou não, eles não precisam disso para sentir prazer. Você é impressionável por qualquer ato atencioso. Não deixe que o capitão Jones entre em seu coração ainda mais. Porque eu vejo que ele está fazendo um ótimo trabalho em iludi-lo.

—Você não o conhece. – resmungou. — Assim como não conhece todos os homens. Você nem ao menos gosta de homens....

—Com a graça do Pai de Todos. – acrescentou Zelena com frieza.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora