Capítulo XX

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—"Lugar seguro não há, quando as névoas ultrapassar.". – Emma leu em voz alta e ergueu os olhos verde e imensos de incredulidade para o capitão, que estava com a mandíbula tencionada, assim como todo seu corpo que havia se retesado ao lado do dela. — O que isso significa?

Killian baixou o olhar para fitá-la, mas desviou-o no mesmo instante como se não suportasse a visão, se endireitou e se afastou, deixando a recém-descoberta mensagem, que estava visível devido ao calor que o papel ainda mantinha, na mesa.

—Parece um aviso. – Landon comentou, inclinando-se para analisar o mapa. — Eu não conheço essas coordenadas... Capitão? – o mais velho chamou antes de se virar para Jones com o olhar e o encontrá-lo, dando pequenos passos nervosos com uma mão no quadril, enquanto a outra era passada nos cabelos em movimentos lentos e os olhos estavam fixos no chão. Landon convivera com o jovem capitão por tempo o suficiente para saber que isso indicava que ele estava se sentindo frustrado, sem saber como agir em seguida.

E foi nesse momento que o contramestre soube que alguma coisa estava errada.

Emma olhou por cima do próprio ombro, esperando pela resposta e sua expressão se tornou consternada ao observar a inquietude do capitão que até minutos antes estava todo sorridente com a descoberta da mensagem escondida.

—Eu não sei. – disse após um suspiro de quem sabia que não podia ignorar nem as perguntas e muito menos os olhares que sentia em cima de si. Mas, mesmo que tivesse parado de se movimentar, não encarou nenhum dos dois. — Nunca vi nada do tipo. – murmurou, como se de repente sentisse medo de falar.

Como se sua mentira pudesse ser ouvida em cada palavra que saia de sua boca. Killian queria que Emma deixasse sua cabine. Ele precisava se recompor, recordar-se que a garota era sua moeda de troca para ter Milah de volta.

—Não entendo. – a voz da jovem cortou o silêncio, parecendo tão alta quanto um tiro aos ouvidos de Killian que ele precisou fechar os olhos. Ela era tão ingênua, que a possibilidade de alguém querer seu mal nem passou por sua cabeça. E apesar da língua afiada, ali estava com eles, sem aparentar medo nenhum, como se fosse intocável. Como será que era viver uma vida assim? Sem pensar em todos os horrores do mundo e como as pessoas nele podiam ser traiçoeiras? Ele abriu os olhos ao ouvi-la soltar o ar em frustração e a fitou. Ela parecia pensativa ao observar a carta na mesa e o capitão agradeceu por não precisar ter que encarar aquelas orbes de um verde intenso, mas se permitiu admirar o perfil delicado dela, tão suave de alguém que nunca tivera contato com o mal. — Será que é o mesmo "Lugar Seguro" mencionado na primeira versão da carta? – questionou ao apoiar as mãos na mesa e se inclinar para mais perto do papel.

O olhar de Killian acompanhou o movimento preciso com uma certa fascinação, descendo lentamente o olhar pela linha da coluna, até o traseiro não intencionalmente arrebitado.

—Se for o mesmo, significa que não é seguro. – grunhiu o capitão ao dar as costas para garota, amaldiçoando-se por analisá-la daquela forma com tanta atenção. O estresse devia estar afetando seu cérebro, já que ele havia a vigiado por um maldito mês inteiro e em nenhum momento se sentira tentado a se sentir fascinado por ela. Ou por seu traseiro. E que grande canalha cretino era por olhá-la com malícia quando, com toda certeza, a iria levar para a morte certa.

—Será que minha mãe está em perigo? – Emma buscou Landon ao fazer a pergunta.

—Por que ela colocaria essa informação escondida se fosse o caso? – Killian indagou com rispidez e se sentou na beirada da cama, ignorando a forma como Landon o analisava em silêncio. O capitão odiava com todas as suas forças como o contramestre parecia saber o que estava se passando dentro dele, o que ele tentava esconder.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora