Capítulo XI

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Emma começou a gargalhar ao ouvir aquilo. A vibração simplesmente cresceu em seu peito e explodiu de uma única vez. O homem ficou impassível, braços cruzados encarando-a pacientemente, como se tivesse todo tempo do mundo para esperar que ela se acalmasse.

—Ai. – ela suspirou, colocando as duas mãos na barriga, tentando se conter. — Essa foi muito boa. – limpou os cantos dos olhos e massageou as bochechas que doíam. Nunca um desconhecido a havia feito rir tanto. — O senhor sabe como animar uma garota.

Ele deu de ombros, a expressão tornando-se maliciosa.

—De fato eu sei, disso não tenha dúvidas. – disse com falsa modéstia. — Agora gostaria de me dizer qual a graça?

Uma risadinha escapou dela enquanto tentava voltar a ficar séria. Lembrou-se da brincadeira com Belle algumas noites atrás em que ela própria havia sugerido que fugissem com os piratas para serem livres.

—Eu entrar para a tripulação. Essa é a graça. – retrucou divertida. — Como se isso fosse realmente uma ideia a ser cogitada. – zombou. Emma estava aprendendo que por mais que achasse que podia ter escolhas, na realidade, a única coisa que podia de fato escolher era o vestido que usaria pelo dia.

—Que eu tenha conhecimento muitos fazem isso quando a vida em terra está uma droga. – observou sem nenhuma pontada de malicia ou zombaria na voz.

Isso fez com que Emma o fitasse incrédula.

—Espera... O senhor está falando sério? Eu nem ao menos sei o seu nome. – apontou séria, a diversão desaparecendo por completo — E o senhor quer eu vá embora com uma tripulação pirata? Um ambiente predominantemente masculino? Sendo que nem o conheço? Por acaso acha que eu sou algum tipo de garota estúpida e desmiolada?

O homem pressionou os lábios como se para segurar o riso e Emma achou que era exatamente isso que o homem pensava que ela era.

Pois bem, ele estava terrivelmente enganado. Podia estar desesperada, mas não a ponto de se enfiar em um ambiente que sabia muito bem o que poderia acontecer por ser a única mulher.

—Nós podemos corrigir isso. – falou simplesmente e fez uma reverência. — Capitão Killian Jones.... Não tão ao seu dispor, no entanto.

—Capitão? –ecoou pasma. Emma nunca havia parado para refletir muito sobre aparências de homens que viviam no mar, mas definitivamente não imaginava que algum deles poderia ser tão bem conservado e lindo como o pecado igual o capitão bem a sua frente. Em seu imaginário todos, sem exceções, eram pobres coitados fadados a morrerem de escorbuto, disenteria ou assassinato. — Bom.... Agradeço o convite, mas irei.... Educadamente recusá-lo por ser incrivelmente.... Absurdo?

—Como exatamente eu oferecer a liberdade para a senhorita pode ser considerado absurdo? – rebateu curioso.

As sobrancelhas finas de Emma foram arqueadas e ela piscou lentamente.

—Meu pai me contou histórias sobre vocês. – disse, as mãos plantadas na cintura e deu um passo em direção ao capitão Killian Jones. Pôde jurar que o ouviu murmurar um "Claro que contou" enquanto o via revirar os olhos. — Ao mesmo tempo que sei de suas aventuras, sei o que fazem com as mulheres. – sibilou.

—E o que fazemos com as mulheres, srta. Mills? – desafiou.

Emma engoliu em seco e cruzou os braços, assumindo uma postura defensiva.

—Acho que não há necessidades que eu diga em voz alta algo que o senhor sabe muito bem.... Sem falar que sei que acham que dá azar ter uma mulher a bordo. E, até onde eu saiba, eu seria a única mulher em sua tripulação se, digamos, aceitasse a oferta.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora