Capítulo XVI

200 21 135
                                    

-O que diabos eu devo fazer com a garota? - Landon indagou entredentes para Killian.

Jones estudou-a com desdém, seu jeito de andar entregando a criação refinada, os olhos pregados no chão enquanto com elegância se esquivava de trombar nos homens.

-O que quiser.... Mas não acho que ela faz o seu tipo. - zombou.

A expressão de Landon se tornou ainda mais dura.

-Você está pedindo para levar um soco. - grunhiu com raiva. Ele não estava no humor para as gracinhas do outro. O capitão riu, ainda acompanhando Emma com os olhos que agora subia a escada do tombadilho superior.

-Arranje uma rede para ela no porão. - falou. Landon arregalou os olhos. Killian deu de ombros. - Ela que quis entrar do jeito difícil. Vamos jogar o jogo dela e ver quanto tempo ela consegue manter o "disfarce" de homem. - ele sussurrou a última parte assim que Emma parou perto o suficiente deles. A garota se limitou a erguer os olhos até a altura das botas dos homens.

Killian e Landon trocaram um olhar nada amistoso, enquanto o contramestre se virava para Emma com um sorriso tenso.

-Muito bem... - suspirou. - Garoto. - ele a perscrutou, com vontade de enfiá-la em sua cabine e deixá-la trancada lá, até que conseguisse entrar em contato com Henry. - Qual o seu nome?

Emma o encarou de olhos arregalados. Eles estavam tão grandes que era fácil enxergar o medo e o arrependimento neles. Landon percebeu que nem ela mesma sabia o que estava fazendo ali. Algo dentro dele se suavizou quando a garota olhou com desconfiança por cima de seu ombro em direção a Killian que fingia não prestar atenção nos dois.

-Venha. - o contramestre envolveu-a pelos ombros para afastá-la de Killian. Era claro como água existia uma hostilidade entre os dois, já que quando trocavam olhares pareciam estar competindo em quem conseguia demonstrar melhor o quanto se detestavam. - O capitão Jones pode ser um pouco intimidante. Felizmente não terá que lidar diretamente com ele. - tranquilizou-a. Sentiu quando seus ombros deram uma leve relaxada com a promessa. - Então, como se chama?

Ela hesitou por um momento, pensando provavelmente. Não imaginou que teria que ter um nome. Abraçou ainda mais contra o corpo a pequena trouxa que havia trazido.

-Emmer. - respondeu, a voz baixa, em uma tentativa de engrossá-la. Emmer era bom para quem foi pega de surpresa ao precisar de um nome. Conseguiria se identificar caso falassem com ela.

Landon apertou os lábios para conter o riso e assentiu.

-Eu sou Landon Baptiste. - apresentou-se, levando a mão peito. - Não posso dizer que é um prazer tê-lo a bordo, mas já que escolheu isso.... Espero que seja a fuga que busca.

Emma o encarou com curiosidade. O contramestre admirou os olhos verde límpidos e as sardas que salpicavam seu nariz e as maçãs do rosto. Um espécie de ternura o invadiu, um tipo de responsabilidade paternal o envolvendo cada instante que passava ao lado da garota.

-Se você está aqui, é porque está fugindo de algo. Ninguém vem para o mar por diversão.

-"Aqueles que vão para o mar por prazer, irão para o inferno como passatempo". - ela murmurou, recordando-se de uma frase que seu pai sempre lhe dizia quando contava histórias de piratas. Respirou fundo com a lembrança, imaginando como ele iria reagir quando descobrisse que ela não estava mais em Atabilifen. Será que se desesperaria? Choraria sua partida? Piscou, recusando-se a chorar em frente ao homem que a estudava com preocupação. Percebeu que Landon a havia escutado, mas não comentou nada. - Precisava de um meio de sair. - justificou e esperava que fosse o suficiente. Sua voz grossa não convencia. Ela tinha que parar falar, fechar a boca e só se comunicar o necessário até que conseguisse arranjar outro navio mais.... Civilizado.

Traiçoeiro (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora