Como dois adolescentes.

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PoV Sasuke

Ver Hikari sentada no chão, abraçada aos próprios joelhos e com os cabelos encobrindo o rosto era uma visão assustadora. Ela, que sempre demonstrou toda sua força para mim, estava frágil e desesperada.

Não soube o que fazer.

O que me atraiu ali, curiosamente, não foi a marca em meu braço. Foi um profundo sentimento de tristeza que me lembrou do meu pai, como era dia dos pais e filhos, eu queria, antes do anoitecer visitar o meu. E de alguma forma, aquilo me causava dor e tristeza o suficiente para ignorar a chuva.

Mas, quando meus olhos a avistaram suas emoções foram irradiadas para mim. Desesperado, eu precisei me aproximar.

Conforme o medo, a solidão e tristeza dela me atingiam, não pude deixar de sentir o mesmo desapego pela vida que ela, a mesma vontade de dar um fim à própria vida simplesmente para acabar com suas emoções.

Foi por isso que me aproximei o mais lento que pude e apenas me preocupei em impedir que a chuva a atingisse mais, entendendo minha capa.

No auge da sua dor, ela me encarou, com os olhos lacrimejantes e o rosto avermelhado. Mas, ainda assim, assim continuava linda.

- Você não está sozinha Hikari. Não mais. - Falei quando nossos olhares se cruzaram.

Ela, sempre fora a mulher das palavras. Quando eu precisava Hikari me dava bronca ou me dava um conselho. Ela sabia, antes mesmo da marca, exatamente o que eu sentia e por isso, incontáveis vezes ela fez o mesmo que eu naquela hora: aproximou-se em silêncio.

E mesmo que eu reclamasse ou ficasse imóvel, ela permanecia ali. Não como uma garota insegura que quer te fazer ficar melhor, a todo custo, pra suprir a própria necessidade de aceitação. Mas, sim, como uma amiga que em silêncio e respeito se mostra presente, acolhendo a dor do outro.

Na hora certa, ela sempre falava aquilo que eu precisava ouvir.

Aquela era minha chance de retribuir.

- Já são seis horas da tarde, tô com fome. Vamos comer alguma coisa. - Falei de forma leve.

- Eu não posso. Deixei os meninos na casa da Sakura, vou pegar eles e... encontrar um hotel.

Ela se levantou e encarou-me.

- Daisuke e Kaoru estão dormindo e provavelmente vão continuar até amanhã. Eu fui levar Sarada na casa dela e eles já estavam dormindo, acabados.

Hikari sorriu ao lembrar dos filhos.

- Ficar muito tempo parado, sem poder dormir e meditando deve ter acabado com eles. Eles são muito agitados. Puxaram para mim.

- Se eles herdaram 5% da sua energia. Eu tenho medo do Itachi por fazê-los meditar a tarde toda. Você não ficava nem 15 minutos. - Tinha um certo saudosismo em minha voz.

- Falando assim, você até parece o Sasuke adolescente rebelde. - Falou em tom de brincadeira, mesmo com o coração partido.

- Com você na maior parte do tempo eu me comporto assim. - Respodi com um certo tom de saudosismo na voz.

- Foi por isso que me deixou, então?

Hikari fez a pergunta olhando para o chão, um túmulo logo a sua frente que era de algum Uchiha, deduzi ser sua mãe. Não tinha ironia ou brincadeira. Ela perguntou seria.

- Eu nunca te abandonei. - Respondi virando o corpo em sua direção. - Em todas as vezes que nos distanciamos, foi você que me deixou, exceto talvez na última. Mas, eu não tiro sua razão. Se você se sente assim hoje. Em grande parte das vezes foi pelas marcas que eu te deixei.

Aquilo que deixei para trás [Sasuke]Onde histórias criam vida. Descubra agora