Aquilo que deixei para trás [Sasuke]

Uma viagem dentro da alma

Notas: Desculpem o Cap grande.

PoV Sasuke (já tava com saudade de narrar com ele)

Depois de ver que Hikari estava bem e convivendo de forma pacífica com Madara, decidi poupar chakra e voltar para Konoha de trem, já que o próximo estava perto, cerca de 20 minutos.

Comprei um bilhete e esperei até que chegasse. Quando a locomotiva parou para que os passageiros subissem, fui até o último vagão e sentei calmamente em um local que pudesse viajar sozinho, sem pessoas falantes ao meu lado.

Deu certo, eu era o único passageiro do vagão.

Particularmente, estava mais calmo por saber que Hikari estava bem e em uma situação controlada com Madara, mas, aquela história de nossas reencarnações ainda estava difícil de digerir.

Graças à marca eu fui invadido pelas mesmas lembranças que ela e na pele de Madara vi uma moça linda de cabelos negros morrer, depois como indra, eu só vi um corpo já parcialmente decomposto.

A sensação foi horrível e mesmo que essa cena me foi apresentada sem qualquer contexto, dentro de mim algo teve total certeza que se tratava de Hikari.

Aquilo pareceu abrir um buraco em meu peito. Mas, ao mesmo tempo juntou tudo aquilo que eu já sentia, mas não sabia explicar em palavras.

O medo irracional de perdê-la e minha própria incapacidade de assumi-la.

Não me faltaram oportunidades de dizer eu te amo, de pedir para viver ao meu lado. Só que todas as vezes que tentei, algo dentro de mim gritava não. Achei que fosse minha vingança por Itachi, Konoha... Quando tudo isso acabou pensei que fosse por Sakura, durante muitos anos. E agora, Sarada. Mas, estava enganado... Era meu próprio eu, que em algum lugar do meu corpo, chakra ou alma sabia exatamente o que aconteceria se ficássemos juntos.

Talvez, não tenhamos nascido para ficar nesses moldes clichês que todos os outros nasceram (ou se colocaram). Talvez, não tenhamos nascidos para casar, ficarmos juntos como uma família tradicional.

Na verdade, depois que Hikari voltou em minha vida, mesmo após tanto tempo, percebi que o que faz uma família não é um casamento ou a paternidade. Afinal, Hikari, Neji, Itachi e os meninos formavam uma família imensamente mais unida que a minha.

E até que a de Naruto, que por exemplo, passava a maior parte do tempo em suas funções como Hokage e quando ia para casa, era à contra gosto. Reclamava da Hinata, de Boruto e em alguns momentos até da Himawari.

Mas, eu nunca fui diferente...

O que mais me espantou é que por mais que essa sombra de sentimentos estivesse atrás de mim, nos momentos em que estive ao lado de Hikari. Fiz coisas que jamais imaginei antes como provocar alguém numa leve brincadeira só para vê-la irritada, brigar sem necessariamente querer vencer e admirar alguém em situações tão cotidianas como amolar o fio de uma espada.

Ri da minha própria reflexão. Apoiei a cabeça no encosto do banco, olhando para o teto do vagão, o balanço do trem parecia não existir enquanto eu fiquei preso em meus monólogos internos...

E nisso, não pude deixar de pensar no sexo.

E quanto ao sexo? Bem, essa era uma questão que não soube digerir bem. Não por sentimentos negativos, mas por questionar aquilo que eu mesmo provei ao lado dela nesses últimos dias.

É claro que eu lembrei do fatídico dia na floresta. Aliás, eu lembro dele com mais frequência que deveria... Hikari, Neji, Kakashi e Itachi, meu próprio irmão. Eu deveria ter nojo, raiva e me corroer de ciúmes.