Aquilo que deixei para trás [Sasuke]

Montando um plano suicida

PoV Hikari

Falar aquela frase me destruiu. Minha mente estava borbulhando e todo o medo que pensei superar apertava meu peito novamente.

Eu estava diante daquela sensação que eu conhecia tão bem: de estar diante da morte.

Por mais que tentei fugir por muito tempo, por mais que busquei protelar aquele momento todos os dias desde meu nascimento, ele retornou novamente. E ali, com minhas mãos trêmulas e o coração acelerado foi quando me dei conta da realidade: ironicamente, seria minha morte a única coisa capaz de salvar meus filhos, meus amigos e o homem que eu amava...

No meu sangue derramado estava a esperança de um futuro. E foi por esse motivo que quando caí nos braços de Shikamaru não me senti mais sozinha e o medo se foi. Foi naquele abraço que eu compreendi o motivo pelo qual os ninjas de Konoha sempre arriscaram suas vidas: era por quem amavam.

Lembro que nos dias de verão em que Shika visitava a fronteira passávamos horas discutindo exatamente sobre esse assunto. A mesma discussão que eu tinha com Itachi e Neji... Eu era completamente indignada com aquela servidão que em minha cabeça não passava de uma obsessão. 

Isso tudo devido ao amargor de ver Sasuke me abandonar por essa vila. Mas... naquele momento, diante de minha própria morte, foi quando finalmente compreendi. 

Nunca foi, necessariamente, pelo país do fogo, tão pouco por Konoha. Mas, sim, por quem eles amavam.

Era por amor.

Toda aquela raiva e incompreensão que ainda estavam presentes em mim quando coloquei os pés na Vila depois de 12 anos acabaram de ir embora. Pois eu compreendi o sentimento que levou Itachi a trair o clã, que moveu Sasuke depois que ele compreendeu tudo ao seu redor e até mesmo aquele brilho no olhar do Naruto que sempre me pareceu infantil.

Não era devoção ou patriotismo. Era amor. Amor pelos amigos, pela família e por cada pessoa que sorria pra ti ao cruzar qualquer rua de Konoha.

Foi dentro do abraço de Shikamaru que percebi que morrer por quem amamos não é um fardo, mas uma dádiva. 

Se meu sangue tivesse que ser derramado para que Daisuke e Kaoru vivessem em um lugar melhor, tudo bem. Que assim fosse! Se para Sasuke, Neji, Itachi, Shikamaru e Temari precisassem do meu sacrifício para dar continuidade a suas vidas e a tudo aquilo que criaram, tudo bem.

Minha carne, meu sangue e minha alma cumpriram seu objetivo.

- Hikari... Eu ouvi o que ele disse...

- Então vai ser mais fácil, não é? - Falei soltando do abraço e limpando o rosto. - Eu não vou precisar explicar.

- Hi, não precisa ser assim. Vamos pensar e montar uma estratégia. - Falou Shikamaru, com a voz fraca. ele era inteligente o suficiente para ter identificado a situação em que eu estava.

Por mais  que Shika tentasse esconder sua tristeza e inquietação, o brilho lacrimejante de seus olhos, as sobrancelhas franzidas e a voz que mal saía da garganta denunciavam suas emoções.

- Não temos tempo Shika, nem opções. Vocês precisam me matar e acabar com as chances de minha mãe terminar as coisas. - Falei soando mais calma do que achei que soaria. 

- Não. - Falou abruptamente. - Cala sua boca. A gente vai pensar em algo.

- Não tem algo pra se pensar Shika. - Dei alguns passos para trás enquanto arrumava minha aparência deplorável.

- Lógico que tem! - Ele caminhou em minha direção e segurou firme em meus braços. - Ninguém de Konoha é deixado para trás. Se eu falar isso para o Naruto, você acha que ele vai aceitar?