A madrugada de um jogador viciado

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**Nota**
É Uchiha sofrendo que vocês querem???

Sobre a música: Eu coloquei a música que me inspirou. Mas, qqlr música de corno é uma boa trilha sonora kkllkkk

Eu não conseguia dormir. Na sala, sozinho e remoendo tudo aquilo que Sakura disse, eu era incapaz até mesmo de deitar.

Estava sentado no sofá, com o peito doendo e a culpa me corroendo. Naquele momento, eu era a visão ridícula de um sonâmbulo: diante da televisão, incapaz de ligar, sem camisa e com uma bermuda de dormir. Se um dia houve algum resquício daquele Sasuke Uchiha orgulhoso, que ostentava o símbolo do clã na camisa branca entre aberta, certamente já tinha desaparecido.

Eu não passava de uma sombra.

Uma sombra que continha apenas os piores sentimentos, aqueles que eu desejei superar a vida toda.

O medo, a impotência, a culpa e a dor.

Até quando isso permaneceria?

Até quando aquela sensação permaneceria em mim?

Talvez vocês estejam pensando que eu deveria comemorar, afinal, terminei um casamento que eu não era feliz. Mas, não tinha motivos para comemoração.

Mais uma vez feri e machuquei uma das pessoas que amava. Mais uma vez eu mostrei minha impotência e incapacidade em retribuir aquilo que foi me dado com tanto carinho.

Mais uma vez...

Já não bastava ter feito isso com Naruto, Itachi e Hikari? Agora Sakura entrava para lista....

Aliás, a Hikari... Só de pensar nela meu coração já deu um salto.

Eu e ela nos completávamos, erámos duas pessoas quebradas com o mesmo universo, as mesmas dores. Mas, que por algum motivo só encontravam um rumo quando estavam ao lado um do outro.

E quer saber? Ainda era assim... De tarde, quando ela pegou meu braço... Foi algo tão natural, instintivo que não pudemos resistir.

Principalmente eu.

Nos últimos 12 anos me senti vazio, nada fazia sentido e eu ainda era um verdadeiro escravo da minha própria culpa.

Por isso eu me isolei durante grandes missões.

Não foi para proteger Sakura, muito menos pelos assuntos da vila... Eu nunca fui a merda do "Hokage das sombras" como muitos diziam.

Eu não passava de um homem egoísta arrumando desculpas para fugir da própria infelicidade...

Mas, o que fazer quando a alegria bate á porta? Literalmente?

Hikari ali, na minha frente... Depois de tantos anos.

Respirei fundo.

Olhei para o relógio. Dez horas da noite.

Eu não queria dormir. Acho que nem poderia.

Criei vergonha na cara, abandonei meu próprio melodrama e liguei a televisão.

Passava um filme de época, contando sobre a primeira guerra ninja. Enquanto os atores iam de um lado para o outro, conversando e contracenando meu coração foi automaticamente no quarto ao lado.

Hikari.

Foi tão natural que eu não pude impedir minha mente de migrar para ela. Não que eu estivesse feliz com a situação do término, pelo contrário. Mas, eu não pude deixar de pensar no meu passado e em todos os meus erros.

Por que tinha que ser assim tão complicado? Por que, logo após a guerra nós não poderíamos ficar juntos? Por que eu não ignorei toda minha culpa e ficamos juntos?

Suspirei.

Novamente, meu peito foi inundado pela dor. Fui até a cozinha, abri a geladeira.

Será que tinha alguma bebida ali?

Nada...

Eu nunca fui do tipo que bebe, mas assim como Hikari queria fumar hoje, eu precisava de alguma fuga.

Suspirei.

Sempre fomos assim. Jeitos diferentes de fugir da mesma coisa: nós mesmos.

Nesse instante, senti um arrepio vir da minha marca.

Sem motivo, senti meus lábios úmidos e um calor inexplicável. De repente, em meio a minha reflexão noturna eu queria sexo.

Meu corpo ardia de tesão e eu sabia bem o motivo: Hikari.

Que merda ela estava fazendo? Com qual dos dois?

Minha respiração ficou mais lenta, a medida que a coisa entre eles se intensificava. O ar se tornou pesado.

Minha boca secou e meu peito ardia de raiva.

Enchi um copo com água e tomei com tanta raiva que parecia vodka. A secura na boca não passo. joguei o copo na pia e o barulho alto pareceu não assustar os hóspedes libertinos.

Era um misto de emoções conflitantes. Dela, eu sentia o prazer, o tesão e o delírio.

De mim, a raiva, o rancor e por que não, o ciúmes?

Meu rosto esquentou e meu peito foi despedaçado em mil pedaços.

Era isso que ela fazia comigo... Sempre fez. Mostrou todas as vezes que brigávamos o quanto eu era descartável para ela. Na verdade, nem precisávamos brigar. Muitas das vezes, ela se envolvia com alguém simplesmente por diversão, flerte, brincadeira.

E eu, quantas vezes fiz o mesmo sem sentir prazer nenhum.

Mesmo sabendo a verdade, aquilo roía meu peito e fazia meu sangue ferver.

Ela era uma jogadora nata. Sabia a hora de brincar comigo, de blefar ou até mesmo de me dominar. Nossa relação sempre foi como um jogo de poker e adivinha quem sempre levou a pior?

Ela era como o fogo: quente, intensa e incontrolável. Quando éramos jovens e eu negava suas manifestações de amor ela me mostrava quem era que mandava. No final da noite, eu sempre estava ali, completamente disponível para ela, enquanto ela se mostrava completamente indisponível para mim.

E eu tive que chegar aos 32 anos para perceber isso.

Entenda que isso não é uma isenção de responsabilidade. Eu a magoei, tantas vezes que mal posso contar. Em meus surtos, eu até cheguei a lutar com ela. Mas, diferente de Sakura ou Karin eu jamais imaginei matá-la.

Mas, quer saber... eu não tenho certeza se ela faria o mesmo. E esse é o ponto.

Eu sentia seu amor na pele, a marca não a deixava mentir. Ela gritava o sentimento que compartilhávamos. No entanto, isso jamais foi empecilho para nenhuma de suas atitudes.

E era exatamente essa sua estratégia de jogo: a imprevisibilidade.

Mais uma vez, ela foi imprevisível e me deixou completamente desarmado. Mesmo com o coração pulando do peito ao me ver, agora, ela estava no quarto ao lado com outro. E pior, esse outro poderia ser meu irmão.

Soquei a parede irritado. O que eu faria? Gritaria? Xingaria?

Não tinha o que fazer.

A sensação, ao invés de passar se intensificou ainda mais.

Achei que poderia gritar.

Por que fazer isso comigo Hikari? Em minha casa?

Quando a sensação foi embora eu estava na sala, em pé. Com todo a raiva guardada no meu peito e me sentindo completamente exausto.

Exausto da minha incompetência, da minha própria culpa, do meu nervoso.

E mais que isso...

Exausto de amar uma jogadora, de cair em suas armadilhas e no final das contas, fazer igual um apostador viciado e entrar nesse jogo perigoso mais uma vez.

Aquilo que deixei para trás [Sasuke]Onde histórias criam vida. Descubra agora