Aquilo que deixei para trás [Sasuke]

Nosso código

PoV Hikari

Eu sabia que ele lembraria do código, mesmo após tanto tempo. Enquanto Daisuke ia de encontro aos meninos (Itachi e Neji, porque eu os chamava assim) eu sai, de um modo discreto para que Sasuke pudesse me encontrar.

Afinal, nós tínhamos o GPS um do outro marcado no braço, seria impossível ele não me achar.

Logo eu vi uma figura negra vindo em minha direção e... Puta merda. Aquele cabelo comprido escondendo o rinnegan só resaltou o charme depressivo que ele tinha. Eu detestava admitir. Ele tinha se tornado um homem muito lindo.

Até demais.

As borboletas no estômago vieram e a ansiedade também. Mas, me recusei a dar atenção para esses sentimentos.
Ele me encarou, com ar de quem viu uma assombração. Não sei dizer se ele pensava o mesmo que eu. Mas, nem quando estávamos juntos eu sabia o que ele sentia, agora, não seria diferente.

-Preciso falar com o Hokage.

-Hikari... Aquele moleque é... meu filho?

Aquela pergunta fez com que eu engolisse seco. Joguei o cabelo para trás e brinquei com as pontas, fingindo que a pergunta não era comigo.

Sasuke disse sério:

-Responda.

- Eu sou Uchiha também sabia? - Respondi de forma séria.

-Você é metade Uchiha. Esse moleque não teria tanto poder... Esse garoto é meu filho Hikari? Você saiu dessa vila grávida?

Silêncio.

Comecei a rever todo o meu passado, lembrei da minha menstruação atrasada, dos primeiros enjoos, do primeiro teste que fiz no hospital de Konoha. Deu negativo. Inconformada, repeti o exame na semana seguinte e depois de quase um mês de espera, o resultado veio: positivo.

Talvez eu tenha demorado demais, talvez devesse ter contato á ele mesmo sem ter certeza. Mas, quando eu marquei um encontro para dizer que estava grávida e ouvi, antes mesmo de conseguir falar foi um:

"Sakura está grávida. Eu vou assumir minhas responsabilidades e casar com ela."

Eu e ele vivíamos enrolados desde os 14 anos. Então, com 20 anos, com o fim da guerra e quando finalmente poderíamos ficar juntos, eu recebo aquilo.

Naquele instante eu decidi sair. Não queria mais entrar nessa competição por um homem que sentia medo de mim, ou medo do que vivíamos.

Mesmo com Daisuke e Kaoru na barriga eu sai de Konoha.

E falar isso naquela hora mudaria alguma coisa? Adivinha... Claro que não! Tínhamos deveres mais importantes que ficar mexendo na merda do passado.

- Sasuke... Eu tenho coisas mais importantes pra falar.

-Hikari... Eu preciso saber. -Tinha um determinado nervosismo em sua voz.

Dei dois passos e fui em direção ao seu ouvido, ele era bem mais alto então tive que ficar na ponta dos pés. Senti meu peito acelerar e a marca em meu braço formigou levemente. Isso geralmente acontecia quando nos reencontravamos após algum tempo.

Há anos eu não sentia aquela sensação.

Umedeci meus lábios e disse sussurrando.

- Anos atrás você tomou sua decisão. Se eles são ou não seus filhos, isso já não interessa mais. Eu não vim aqui por isso.

-ELES? - vi um Sasuke assustado que há muito não via.

Foi inevitável não rir. Senti meu coração se aquecer. Lembrei de quando fazíamos Missões para Orochimaru, eu sempre o irritava e quando ele tinha qualquer expressão seja de irritação ou surpresa, eu sentia a mesma vontade de rir.

E em seguida eu ouvia um "fica quieta ou eu te mato."

Estou aqui, viva, continuei rindo e ele nunca me matou.

"Você não mata ninguém Sasuke. Eu não tenho medo de você"

Era sempre minha resposta.

- Seu sorriso... - Ele disse balançando o braço, incomodado com a sensação na marca, mas era incapaz de coçar. - Ainda é o mesmo. -Sua voz soou rouca e surpreendentemente gentil.

- Espera. - Disse instintivamente segurando em seu braço.

De forma natural e sem pensar, levantei sua manga e comecei a coçar sua marca. Sua pele ainda era fria e pálida, como sempre.

- Como você sabe? - Ele questionou.

- A minha também está pinicando. - Respondi de forma descontraída.

Nossa aproximação foi natural e contínua. Como se os últimos 12 anos simplesmente não existissem.

Só que rapidamente eu recuperei minha sanidade e soltei seu braço.

-Ham... É que ela incomoda, as vezes. - Tentei me explicar.

Ele assentiu em silêncio.

- Por que eles? - Sua voz embora séria, parecia nervosa.

- Eu tenho dois filhos. Daisuke e Kaoru. Mas, eu não estou para falar deles. Eu preciso ver o Hokage. Preciso que me coloque em contato com o Naruto o quanto antes. Diga que são assuntos da fronteira.

E sem dar chance para ele falar qualquer coisa virei as costas e fui em direção ao ginásio, para ver Kaoru lutar.

Mas, fui surpreendida ao sentir um puxão no meu braço. Tão rapido que não pude impedir, Sasuke me puxou para um canto escondido na entrada, que era apertado demais para nós dois, mas escondido o suficiente para que ninguém nos visse.

Eu estava tão próxima que nossos troncos se roçaram.

Arrepiei.

- Você não pode dizer que eu tenho dois filhos e simplesmente sair. - Sasuke questionou.

Olhei para ele estávamos muito próximos. Sentir seu corpo perto do meu depois de tanto tempo era uma sensação alucinante. Mas, eu era firme e não deixaria transparecer.

- Eu não disse que você tem dois filhos. Eu disse que eu preciso falar com a bosta do Hokage inferno!

-Depois de tanto tempo, você ainda continua teimosa. - Ele concluiu enquanto me soltava.

Sai daquele maldito canto, dei um sorriso malicioso pra ele e falei:

- E depois de tanto tempo, você ainda quer me enfiar em todos os cantos possíveis.

Dei uma piscadela maliciosa e sai.

Onde eu estava com a cabeça?

Ele não era mais o Sasuke de 15/16 anos que eu fazia de gato e sapato, sexualmente falando, é claro. Ele era um homem casado e flertar com ele era ser uma cadela.

Afinal, Sakura poderia ser irritante ás vezes, mas não merecia ser corna. Até porque, ser fiel ao Sasuke cuzão do jeito que era por tantos anos sem receber nada em troca deveria ter sido um porre.

Onde eu estava com a cabeça?

Logo em seguida, os meninos me vieram á mente. Será que era realmente justo com Sasuke fazer esse drama todo e simplesmente fugir do assunto?

Bufei sozinha.

Não era justo, mas era melhor assim.

Ainda pensativa voltei para o coliseu.