Aquilo que deixei para trás [Sasuke]

Ajustando as coisas

PoV Sasuke

Durante o caminho até em casa, as coisas pareceram totalmente desajustadas. Talvez, porque nenhum de nós dois tinha experiências suficientes com as próprias emoções e após um beijo tão verdadeiro, estivéssemos em choque.

Hikari tentou puxar assunto algumas vezes, conversar sobre a vila, o feriado e o tempo. Coisas triviais demais para nós dois, o que deixava evidente o quão o clima estava estranho.

Sempre conversamos sobre quase tudo, sem vergonha ou tabu. Mas, naquele momento, falar sobre a previsão do tempo parecia estranhamente constrangedor.

- Merda... por que está esse clima bosta  entre a gente? - Ela reclamou em voz alta, colocando as duas mãos na nuca.

Respirei fundo e perguntei-me a mesma coisa. Quando eu fiquei com essa sensação bizarra de querer falar algo, deixar o clima agradável, mas ser simplesmente incapaz de dizer qualquer  coisa sem ficar sem graça?

Conclui que nenhuma vez. E na verdade, eu até entendi Sakura. Quando saíamos em missão e ela ficava falando sobre coisas inúteis sem parar, enquanto eu só queria ficar em silêncio. Talvez, a sensação dela fosse essa.

- Não faço a mínima ideia. - Eu conclui com calma.

Hikari me encarou. Seu cabelo despontado a deixava curiosamente engraçada, com um ar juvenil que jamais teve. Admirei aquilo. De certa forma, ela parecia mais determinada em deixar seu passado para traz.

Ou seria apenas meu sentimento por ela que provocou aquela sensação? Não sei.

- Então, vamos deixar isso de lado. - Ela concluiu. - Temos muito o que conversar sobre a última missão. Não temos tempo para ficarmos constrangidos. Estou bem preocupada com o lance do Deidara.

Senti uma pontada de impaciência dentro de mim. Ela não estava errada em manter o assunto focado na missão. Mas, eu tinha total certeza que essa sua determinação era apenas para fugir das próprias emoções (e de mim). Por esse motivo não esperei que continuasse a falar sobre a missão e sério disse:

- Demoramos quase vinte anos para ter essa conversa. E por mais limitante que tenha sido. Não quero esquecer. Você só está, mais uma vez fugindo. Onde ficou aquele papo de deixar o passado para trás?

Nesse instante ela se aproximou. Os olhos negros me encaravam com uma certa malícia. Ela abriu um sorriso malicioso.

- Se bem me lembro, quando eu cheguei aqui. Fui eu que te dei essa bronca.

- A culpa não é minha se você não segue seus próprios conselhos. - Respondi sério enquanto passava por ela e voltando a caminhar.

Sim, eu estava irritado e impaciente como um moleque mimado. Não tenho vergonha de admitir isso, pelo menos assim ela entendeu a intensidade do que eu sentia e a seriedade com qual eu  falava.

- Ah, fica quieto. - Ela reclamou. - Eu só... É, talvez eu não siga meus próprios conselhos. - Concluiu a ruiva.

Seguimos até minha casa, onde ela tratou de tomar um banho quente e trocar de roupa. Confesso que fiquei um pouco triste por vê-la sem minha camisa. Mas, o vermelho sempre lhe caiu bem.

Depois, foi minha vez. Quando sai, coloquei uma calça de moletom e uma camisa regata. Em seguida, parti para a cozinha procurar algo para comer, ela me seguiu e sentou-se em uma cadeira, enquanto eu olhava a dispensa.