Augusto de Matos Bragança - Apresentação

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— Tem certeza que vai dar certo? — Augusto perguntou.

— Se for contra o Rubens ou o Jamil, sim. — Carlos respondeu, mas depois olhou para o irmão, inseguro. Afinal, ele tinha apenas treze anos e os outros dois eram mais velhos e mais experientes em pulo de cachoeira — Você acha que não vai dar certo?

Lá estavam os três irmãos, adolescentes, confiantes, inconsequentes e cheios de energia. Na verdade, essa descrição cabia bem a Augusto, apenas. André e Carlos geralmente eram arrastados para as peripécias dele: o mais novo nada confiante, o mais velho nada inconsequente e os dois com uma quantidade limitada de energia.

— Eu não sei... parece um desafio fácil demais para eles. — Augusto falou — Mas se você está dizendo que eu vou vencer pela física, eu não tenho como contra argumentar.

— É. — Carlos concordou, ligeiramente nervoso por estar envolvido naquilo — Não tem como contra argumentar com a física.

— Na verdade é só porque eu não entendo mesmo. — Augusto olhou para o mais novo e riu. — E não acho que vá entender antes de eles chegarem.

— Eles são mais leves. Mais leves. — Carlos repetiu, apontando para a trajetória que os dois seguiriam cachoeira abaixo — Quando você joga uma bolinha de chumbo e uma bolinha de algodão, qual cai mais rápido?

— Eu sei que é a bolinha de chumbo. — Augusto apertou os olhos — Mas eu já caí em uma piadinha dessas. Deveria dizer que caem juntos?

Carlos pensou um pouco e não entendeu.

— Ele caiu na do qual é mais pesado. — André explicou ao mais novo e sorriu por um momento, mas depois voltou a observar a trilha para ver se avistava um dos garotos se aproximando — Um quilo de chumbo ou um de algodão.

— Ah. — Carlos riu e depois que viu a cara de Augusto caiu na gargalhada. O irmão então passou a mão por seu pescoço e bagunçou seu cabelo, depois começou a apertá-lo um pouco com o braço em seu pescoço — Tudo bem, tudo bem. — Carlos bateu no braço dele — Eu já parei de rir.

— Estão vindo. — André falou, e se afastou da trilha.

Carlos viu o tanto de meninos que vinham na direção dos três e engoliu em seco.

— Augusto, você tem que parar de arrumar essas confusões.

— Não vai dar, não. — Ele fez uma pausa dramática e sorriu — É que eu amo um desafio.


Dez anos depois...


— E então? — Augusto perguntou.

— Hãn? — André perguntou de volta, saindo dos próprios pensamentos.

— Perguntei sobre o plano.

— Ah. — O mais velho suspirou — Desculpa. Estou pensando no caso da Sra. Donoghue. Acho que vai dar errado. Estou me sentindo mal por ela, acho que não vou participar do jogo hoje e vou lá avisá-la. É melhor ela saber...

— O que? Não. Você que bolou todo o esquema pra pegar esses babacas.

— Mas você é a peça chave. Eu não.

— Hum. — Augusto pensou um pouco enquanto eles ainda caminhavam na Regent Street. — Mas qual é o problema?

— O problema foi o estilo de vida dela. Os advogados da Stevenson insistem que ela não mantém um estilo de vida muito saudável, e que isso teria contribuído para a doença. Eles agora têm as provas que precisavam, e juntaram no processo essa semana. Eu não acho que...

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