Seguimos confiantes de que a segunda parte desse capítulo traga aos nossos personagens revelações cada vez mais esperadas, não? Afinal, quem é que poderia imaginar que o pai de Cristine, na verdade, fora mandado para fora do país por Antônio antes mesmo que acontecesse toda aquela armação com o cavalo de corrida e a contratação dela como empregada na casa dele? E quem, em sã consciência, achou que André Bragança manteria contato com duas moças apenas porque não seria capaz de escolher uma delas? Ah, não. Isso ainda não havia sido revelado, não é? Bem, agora já foi.
Agora caminhamos cerca de dez ou quinze minutos, nesse mesmo dia, a algumas quadras dali para a casa do Governador Sérgio (porque eu aposto que todos vocês estão loucos para saber o que aconteceu com nosso herói Henri, não?).
Bem, Henri resistia muito bem à tentação de ir aos finalmentes com Catarina, porque imaginava que no Brasil esse tipo de coisa tivesse consequências gravíssimas, e tudo o que ele não queria era ter que se casar por conta de um plano para ajudar seus amigos.
Enquanto isso ele trabalhava arduamente como jardineiro, tarefa que aprendeu muito rapidamente com o jardineiro da fazenda dos Bragança, e executava quase com maestria sim, deve-se admitir.
"Por sorte esse jardineiro inglês apareceu primeiro por aqui" dizia a Sra. Apolônia, esposa do governador "está tudo tão impecável. Ele mirou na melhor e maior residência da cidade, e agora já sabemos o porquê." E o governador olhava pela janela, interessado: "Realmente, está de dar inveja, querida." era o que ele sempre respondia, e voltava para seus afazeres, já que sua casa era também a sede do governo.
Henri tinha, entre suas funções, de preencher a casa com os mais belos arranjos montados por ele mesmo, e isso exigia toda a sua sensibilidade e treinamento de cenário do teatro, ao qual ele agradecia naquele momento, embora em todos os outros voltasse a sentir que foi um completo desperdício de tempo.
Naquela tarde, especificamente, não foi.
Henri levava os arranjos para os corredores do segundo andar, e em seguida viu Catarina abrir a porta do quarto e olhar na sua direção como se perguntasse se havia alguém com ele. O homem olhou para os lados e não, não havia ninguém ali.
Entrou no quarto dela e deixou o arranjo que segurava no aparador logo ao lado da porta. Ele a prendeu contra a parede e começaram a trocar beijos que seriam capazes de aquecer até o mais frio dos homens, mas não do modo como leitores românticos imaginam. Era outro tipo de fogo.
Ouviram batidas na porta e as mãos de Catarina instintivamente o empurraram para longe. Ela fez bem, porque a pessoa que abriu logo foi abrindo. Era Theodora.
— Eu preciso... da sua ajuda. — A voz dela diminuiu o tom ao ver o jardineiro ali dentro. — Sr. Nathan?
— Ah, ele veio trazer as flores e a porta bateu. Estávamos rindo disso, não é Sr. Nathan? — Ela riu e ele fez o mesmo logo em seguida, e pode ver o peito de Catarina se esvair em ar, aliviada por ele ter entendido de alguma forma o que ela estava dizendo, e ter fingido muito bem. Aliás, muito bem mesmo.
— Ah. — Theodora não via motivo para graça, mas não achou que deveria comentar isso. Também não deixou de ficar ligeiramente desconfiada, mas tinha coisas mais importantes a tratar no momento. — Depois nos falamos. Quando estiver sozinha.
Ela saiu do quarto tão rapidamente quanto entrou, e Catarina suspirou aliviada, agora de verdade.
— Minha nossa, Nathanzinho, essa foi por pouco. — Ela olhou no espelho para ver se estava muito desarrumada, porque se estivesse seria pouco provável que Dorinha tivesse acreditado, mas a situação estava sob controle. — Eu pretendo contar a ela. Não costumo esconder as coisas da Dorinha, mas a verdade é que nunca havia feito isso em toda a minha vida, — olhou para ele e sorriu — não sabia como proceder. E... minha nossa, Nathanzinho, você atua muito bem.
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Bragança & Cia
Romance[...como efeito colateral dessa brincadeira, eles acabam vivendo lindas histórias de amor. ] O cargo almejado por João de Matos Bragança era o de Senador, mas infelizmente ele e sua esposa sofreram um terrível acidente antes mesmo que pudesse inic...