Antes de começarmos: Sim, eu voltei. Tudo porque vocês, leitores, precisam de mim. Precisam desesperadamente. Não sabem interpretar meus sinais, então cá estou eu, para escancará-los nas vossas caras.
Desculpem a grosseria. Acabei de acordar. Um café e tudo deve melhorar.
Enfim, estou de volta. O narrador preferido de todos vocês, o do humor ácido com opiniões cortantes e que não perde tempo tentando enganá-lo, querido leitor. É bem verdade que escondi muito bem o casal que Ana Francisca e Victor se tornariam. Vocês nem chegaram a imaginar isso até o momento do sequestro, não? (risos) Isso porque não viam os dois pessoalmente, e sim apenas pelos meus olhos, então tive que esconder ou então ela se tornaria uma personagem frágil, restrita a um roteiro de princesa indefesa que procura um príncipe encantado.
Poucas garotas dessa história merecem esse título. Poucas se parecem mesmo como princesas indefesas. Eu não diria que isso é uma ofensa, não, quando atribuído à pessoa certa.
Você diria que Agatha era uma princesinha indefesa, esperando apenas por seu príncipe encantado? Ela sempre quis se casar, e esperava com isso garantir o futuro mais seguro possível, mas isso nem de longe representa a ingenuidade e falta de vivência de uma princesa indefesa.
Você, leitor, diria que Cristine era uma princesinha indefesa? Com o fim que ela teve, o ato corajoso de se libertar das próprias amarras que a impediam de fazer o que realmente queria, apontar uma arma para o homem que matou seus irmãos (e sabe-se lá mais quem) e ainda por cima deixar cartas e mais cartas para que ela fosse a única culpada e ninguém sofresse por seu crime cometido pela força da emoção? Não. Ela não era uma princesinha indefesa.
Neste capítulo, no entanto, falaremos daquela que menos merece esse título. Aquela (vocês já devem desconfiar de quem se trata) que ficaria ofendida caso fosse considerada como uma princesinha indefesa, porque nada em sua história e personalidade apontam para isso.
Falaremos de Dominique, o limão siciliano: azedo, mas nem tanto quanto poderia ser, casca grossa necessária para sua própria proteção, porém com aroma inconfundível e muito apreciado por certas pessoas. Bem, uma pessoa em específico.
Dominique ficou marcada na nossa história por ser a irmã da "segunda noiva" de André. E durante um bom tempo, era apenas isso que ela pretendia ser mesmo. Desde bem nova ela assumiu responsabilidades demais por culpa de um pai maluco e uma mãe obcecada por mudanças, em um cenário político conturbado do continente europeu.
Mas ela conta melhor do que eu, digamos.
— Nascemos na Sicília. Conhece? — Ela perguntou, virando a xícara de chá e encarando André por cima dela. O homem fez que sim, com um sinal para que ela continuasse — Quando eu era criança as coisas por lá na política eram muito instáveis, e foi por isso que meu pai quis nos mandar para cá. Agora, se não tiver mais nenhuma pergunta...
— Na verdade, eu tenho sim. — André abaixou a própria xícara e se ajeitou na poltrona em frente a dela, como num modo de impedi-la de levantar apenas pelo bom senso de permanecer ali enquanto eles ainda tivessem do que falar. Dominique suspirou, mas isso não o impediu de continuar. — Eu não conheço muito sobre a história da Itália. E a senhorita, por outro lado, nasceu lá. Eu queria ouvir de uma... nativa, se posso dizer assim.
É claro que André estava desconfiado de algo. E é claro que Dominique sabia disso. Ela apertou os olhos, furiosa, e continuou:
— Bem, se é o que quer. — Se ajeitou de novo no sofá e puxou um dos maravilhosos biscoitos feitos por Nina, na tentativa de que isso aplacasse a própria fúria. Concentrou sua raiva em cada mordida, e assim conseguiu continuar: — Deveria ter estudado isso na escola, Sr. André.
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Bragança & Cia
Romance[...como efeito colateral dessa brincadeira, eles acabam vivendo lindas histórias de amor. ] O cargo almejado por João de Matos Bragança era o de Senador, mas infelizmente ele e sua esposa sofreram um terrível acidente antes mesmo que pudesse inic...