Cristine desceu as escadas e não disfarçou um sorriso ao ver sapatos sujos de barro na entrada. Sabe-se lá por onde o Sr. Antônio andava para sujá-los dessa forma, a única coisa que importava para ela era não precisar mais perder tempo tendo que chamar alguém para limpar, ou fazer isso ela mesma.
Ele deveria estar se arrumando, já que já era quase sete da noite, e então ela aproveitou para fazer seus irmãos jantar.
Estavam todos na cozinha, na mesa de jantar dos empregados: Cristine, Lucca, Amanda e as gêmeas Luísa e Ana Luísa (que até os três eram chamadas pelo mesmo nome pela mãe e só depois Cristine resolveu diferenciá-las) estavam todos sentados tomando a sopa de repolho, batatas e costela. As crianças se deliciavam, já que até pouco tempo atrás não poderiam comer aquelas coisas e não sabiam ao certo por quanto tempo aquela "gentileza" do Sr. Antônio duraria.
De repente, as crianças largaram as colheres e se levantaram, aparentemente assustados. Cristine olhou para trás para ver que era o seu patrão passando pela porta. Pelo visto ele se aprontou mais rápido do que ela previu.
Antônio parecia curioso e estranhamente satisfeito, com os braços para trás e vestindo seu terno cinza claro elegante, se encostou em uma das bancadas e não disse nada.
— Vou só pegar minha bolsa no quarto. — A mulher falou.
Ele fez que sim com a cabeça e ela saiu rapidamente. Antônio continuava olhando para as crianças com a curiosidade de antes.
— Podem continuar comendo, se é que estão esperando que eu diga isso.
Os quatro se sentaram novamente e, aliviando a ansiedade, continuaram a atacar sua sopa.
— Quantos anos vocês têm? — Ele cruzou os braços confortavelmente.
— Eu tenho nove, senhor. — Lucca, o único menino, respondeu e seguiu como representante das irmãs — Amanda tem seis e as gêmeas têm quatro.
— As duas têm quatro? — Ele franziu a testa, olhando para as garotinhas, que fizeram que sim. — Mas como isso é possível?
— Somos gêmeas. — Uma delas respondeu, com a boca parcialmente suja, o que Lucca logo fez questão de limpar.
— Quer dizer que nascemos no mesmo dia. — A outra completou.
— Quer dizer que estão juntas desde a barriga da sua mãe? — Antônio se mostrou impressionado quando elas fizeram que sim — E como conseguiram aguentar ficar juntas até mesmo lá?
As duas riram pelo tom de brincadeira na voz dele, e Antônio sorriu minimamente, voltando as mãos para os bolsos ao ver Cristine retornar, que estranhou as risadas.
— Não estão incomodando o Sr. Antônio, estão?
Ele fez que não.
— Não é proibido rir nessa casa, Cristine.
— Eu sei que não. Mas crianças rindo o tempo todo podem acabar incomodando. — Enquanto ela explicava, já juntava os pratos das crianças e limpava suas bocas com o guardanapo.
— Eu os vejo brincar no quintal de lá do meu escritório. — Ele olhou para as mais novas que sorriram nesse instante — Gosto da vida que trazem para a casa. Acho que não tem por que se preocupar com eles.
— Vamos poder ficar aqui por muito tempo, Sr. Antônio? — Lucca falou, ignorando os olhares de reprovação da mais velha em prol de satisfazer sua curiosidade.
— Pelo tempo que sua irmã ficar. — Ele garantiu ao menino.
— É, mas eu mesma os mando de volta se não se comportarem. — Cristine deu um tapinha nas costas de um deles para que começassem a se levantar.
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Bragança & Cia
Romance[...como efeito colateral dessa brincadeira, eles acabam vivendo lindas histórias de amor. ] O cargo almejado por João de Matos Bragança era o de Senador, mas infelizmente ele e sua esposa sofreram um terrível acidente antes mesmo que pudesse inic...