Revelações - Ambiência

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Soube, por fontes confiáveis, que deram por minha falta no último capítulo. É mesmo uma honra ser notado. E não, leitor, fique em paz. Não vou favorecer "certos personagens" apenas porque fui notado por leitores que têm suas preferências (mas, só por questão de curiosidade, quais personagens vocês leitores que me notaram gostariam de ver mais por aqui?).

Estou brincando. Eu jamais faria isso (mas respondam à pergunta). Se alguns personagens passarem a ser mais bem vistos na história, saibam que não passa de uma impressionante coincidência, já que eu sou um narrador completamente imparcial.

Tanto sou que vou começar por um bem pouco provável que estejam amando:

Antônio Almeida usava de suas habilidades políticas para ganhar aliados até mesmo em um evento promovido pelo Prefeito. É claro que ele não perderia aquela oportunidade. Não perderia também a oportunidade de irritar os irmãos Bragança, que pareciam competir com ele até mesmo em quem iria embora por último, enquanto que os donos do circo tentavam de todas as formas mostrar que precisavam fechar.

Cristine havia combinado de Saori ir embora depois dela, por precaução, assim não correria o risco de Antônio vê-la por lá, e nenhum de seus irmãos. Foi bem inteligente da parte dela imaginar que ele ficaria até depois, que insistiria para levá-la até em casa para esfregar na cara dos Bragança como ele era um chefe exemplar, e até mesmo que os irmãos dela cairiam no sono nos assentos do circo, tendo que esperar pela hora de ir embora. Ela só não previu que Antônio demoraria tanto, e que ficaria estranho Saori ficar ali, sem nada para fazer.

Fez um sinal para que ela fosse na frente porque imaginou que Antônio não iria querer mesmo entrar a uma hora daquelas, e Saori seria esperta o suficiente para deixar todas as luzes apagadas para que ele não desconfiasse que houvesse alguém lá dentro. Ela só não previu que Antônio decidiria sair logo em seguida de Saori, mas tudo bem, porque ela iria a pé com os irmãos e eles chegariam antes de qualquer modo.

Acontece que ela não foi a pé.

Quando chegaram na propriedade, Antônio estranhou que já havia um carro lá dentro.

— Fique aqui. — Ele falou, baixo, e puxou uma pistola de baixo do banco.

Cristine arregalou os olhos e desceu do carro correndo, temendo pelo que ele poderia fazer se visse uma estranha ali no terreno da casa dela.

— Não. Senhor Antônio, não. — Ela se agarrou ao pulso dele, sussurrando.

Mas era tarde demais, ele já havia visto uma figura masculina no volante do carro.

— Saia com as mãos para cima. — Falou, alto.

Cristine olhou instintivamente para trás, na direção do banco traseiro do carro de Antônio, onde seus irmãos dormiam pesado.

Um homem um tanto magricela e com o cabelo bem penteado saiu do carro com as mãos para cima e Cristine fechou os olhos, pensando como sairia daquilo. Era Courtney.

— Pelo amor de Deus, não me mata. Eu sou jovem demais ainda para morrer.

Antônio estranhou a reação de Cristine e, mesmo no escuro pareceu reconhecer aquele homem. Se aproximou do carro e viu ali uma pequena lotação: a Bragança no banco da frente, e outras três garotas atrás, duas delas com garotos no colo que dormiam pesado.

Olhou para Cristine como se perguntasse a explicação para aquilo.

— O cortiço dela foi derrubado. — Foi tudo o que a criada conseguiu dizer, esticando o braço e deixando-o cair sem esperanças de que aquilo terminasse bem, e sem conseguir pensar em nada melhor do que a verdade para manter aquela farsa.

Bragança & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora