Reunião - Ambiência

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A reunião estava marcada para às seis da tarde no sítio dos Bragança. Henri e Cristine, e ela em especial, tiveram que combinar um dia de folga em comum e fugir dos olhos curiosos no caminho até lá. Henri caminhou até o mais distante que pode na estrada, até chegar na casa de Cristine, e se encontrou com ela e Courtney que trazia o carro dos Bragança até lá para buscá-los.

— Por Deus, como estão as coisas, Cristine? — O criado perguntou.

— Hãn? — Ela parecia distraída.

— Como assim "hãn", mulher? Na última vez em que nos vimos seu patrão estava com uma pistola apontada para a minha testa, que até então era virgem desse tipo de coisa. Eu nunca tive uma arma apontada para mim, nunquinha, em toda a minha vida. Sempre para outras pessoas, nunca para mim. Ai se eu morresse por sua causa, Cristine...

Henri, no banco de trás, ergueu as sobrancelhas, surpreso e interessado.

— Ah, sobre aquilo... não se preocupe. Já foi esclarecido. Não vai acreditar, Courtney, — Ela se virou no banco na direção dele, sem se importar muito com o fato de que ele fora ameaçado por Antônio com a pistola — ele mandou meu pai embora.

— Embora? Pra onde? — Courtney alternava entre olhar assustado para ela e para a estrada.

— Para a Itália!

— E ele te contou isso? Ou foi você quem descobriu?

— Ele me contou.

Courtney fez um bico impressionado.

— Ele gosta de você?

— O quê?! Não. Claro que não. Pode até ser que ele tenha feito isso por algum traço de empatia, porque aí está outra novidade: meu pai era viciado em apostas! Em apostas, Courtney! — Ela o observou por um momento e franziu a testa — E por que você não parece surpreso?

— Pelo amor de Deus, Cristine, o senhor Henri aqui... — Courtney esticou a mão para trás de modo indicativo.

— Ah, não se preocupem comigo. — Henri ajeitou o cotovelo no encosto do banco — Estou entretido.

— Está vendo, Cristine? Você já não leva jeito para criada, se sua vida se tornou interessante o suficiente para alguém da classe alta. — Ele abriu um sorrisinho e ela permaneceu quieta, talvez porque tivesse percebido que Henri estava ali, então Court continuou — Embora eu não ache que os patrões vão se interessar em saber sobre isso do Sr. Antônio ter mandado seu pai para a Itália, mesmo assim, guarde as revelações para o momento em que estivermos lá. Afinal, foi para isso que eles marcaram essa reunião, não foi?

— Por que você não parecia surpreso, Courtney? Sabia que meu pai era viciado em apostas? — Ela insistiu.

Courtney suspirou e revirou os olhos.

— Olha, Cristine, se eu fosse seu chefe já teria te demitido só por conta dessa sua insistência que tenho certeza que seria capaz de me irritar em questão de segundos.

— Diga, Courtney.

— Sim, eu sabia. Pronto. Satisfeita?

— Não. — Ela fechou a cara e cruzou os braços — Por que, pela virgem Maria, você não me contou seu...

— Olhe lá como vai terminar essa frase. Você sabe bem que cabeça de pinto não combina com o nome da santa.

Henri riu.

— Sabe que eu não ia dizer isso. — Ela se virou para frente, irritada. — Por que não me contou nada? Precisei descobrir pelo Sr. Antônio! E pior, depois de quase perder minha casa mais uma vez e de ele ter mandado meu pai para a Itália para que isso não voltasse a acontecer!

Bragança & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora