Henri Piquet - Apresentação

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— Você ouviu isso? — Henri perguntou a Nicolas.

— Não. É difícil ouvir alguma coisa com esse barulho de água batendo na janela.

— Está chovendo? — Augusto abriu um dos olhos, deitado na cama de baixo de uma das beliches da cabine, acordando naquele momento.

— Está caindo o mundo. — Henri respondeu e desceu de sua cama que ficava em cima da para abrir a porta, já que tinha tido a impressão de ter ouvido alguém bater.

Carlos já foi entrando de uma vez, seguido por Eloise que sorria minimamente como se achasse certa graça da situação.

— Que bons ventos o trazem aqui, Carlos? — Nicolas brincou, deitado na outra beliche, também na cama de baixo, sabendo que o outro tinha medo de água.

— Com licença. — Ele falou para o irmão, Augusto, e se enfiou entre ele e a parede, encostando para trás.

— Tem medo de tempestades também, Carlos? — Henri quis saber.

— Eu tenho medo de água, e se vocês não perceberam... estamos rodeados por ela.

— Mas ela não vai entrar aqui, — Augusto olhou para as pernas do irmão que atravessavam as suas por cima — a não ser que o navio afunde.

— Quer parar com isso?! — Carlos respirou fundo e largou as mãos que abraçavam os próprios joelhos. — Ao menos você está sóbrio pela primeira vez desde que te vi nesse navio.

— Acabou o rum. — Augusto explicou.

— Eloise... — Henri observou a moça em pé, encostada em um canto da cabine — pode se sentar se quiser.

— É o mesmo preço. — Nicolas brincou, e se sentou na cama, indicando o lugar ao lado para ela.

— Quem disse que você não sabe falar com mulheres? — Augusto resolveu perguntar ao amigo — Fala normalmente com Eloise, e ela é uma mulher e tanto.

— Ah, eu não a vejo assim. — Nicolas passou a mão pelo pescoço, sem jeito.

— Não me vê como mulher? — Eloise riu e se sentou ao lado dele — Me vê como o quê, então? Um homem?

— Ou uma espécie de anjo. — Augusto cogitou. — Sabe que os anjos não têm sexo, não sabe?

— Ela não sabe. — Carlos respondeu pela amiga, enquanto tentava desviar a atenção dos raios — Ela não é uma pessoa religiosa.

— Veja aí, — Augusto sorriu, erguendo o braço para ela ainda deitado em sua cama — uma mulher perfeita, como eu estava dizendo.

Eloise sorriu e se inclinou para segurar a mão dele.

— Obrigada. Sou uma mulher sim, Nicolas, mas uma com quem você já está acostumado.

— Ah, sim. — Ele assentiu e entrelaçou os dedos — Quando eu conhecer outra, então serão um total de duas mulheres com quem eu vou conseguir conversar normalmente.

— Um recorde histórico. — Augusto suspirou e fechou os olhos, rindo um pouco.

— E quanto a você, Henri? — Ela quis saber.

O rapaz, pego de surpresa pela pergunta, descruzou os braços e se desencostou da parede da cabine.

— Eu o quê? — Ele riu contido — Eu não tenho problema para falar com mulheres.

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