A Festa do Augusto - O Trio - Ambiência

32 6 162
                                    

Chegou ao meu conhecimento alguns comentários de preocupação com meu bem estar. Primeiramente, como narrador carente de atenção que já notaram que sou, fico lisonjeado. No mais, está tudo bem. Acontece que, com o curto espaço que temos, de modo bastante altruísta, abro mão de contar meus anseios e opiniões para conseguir falar sobre todos os acontecimentos. E como já estou me alongando, vamos logo ao que interessa pois também chegou ao meu conhecimento a ansiedade em que se encontram para saber, finalmente, o que aconteceu nessa bendita festa.

É bem característico do Sr. Augusto oferecer reuniões privadas, chamar amigos para confraternizar, beber com eles até o amanhecer jogando bilhar ou alguma das mil modalidades de diversões com o baralho conhecidas por ele, apostar e ainda sair para a farra depois disso. No Brasil, no entanto, não é possível fazer esse tipo de coisa, ao menos não com as moças de família da alta classe com quem eles andavam se relacionando.

A verdade era que existia, de início, uma intenção por trás de sua festa, de ajudar seu amigo Victor a poder finalmente ter um momento com Theodora Duarte. Mas, depois de saber sobre a preferência da garota... bem, a dúvida que permanecia era: por que raios ele insistia em fazer a festa?

— Boa sorte, meu amigo. — Ele encostou a mão no ombro de Victor, observando as duas Duarte passarem pela porta da casa na fazenda — Venha comigo, vamos recebê-las.

Victor engoliu em seco.

— Nah, eu juro que estou tentando me mexer, mas ãhn ãhn, — balançou a cabeça — minhas pernas simplesmente não me obedecem.

— Como assim? — Augusto riu. — É bem simples, você vai lá e tenta se aproximar dela. Vai levar um fora e vai dizer para o seu pai que tentou de tudo e a garota não quer. Pronto.

— Como tem tanta certeza de que isso vai acontecer? Tem ideia de quantos pedidos de casamento eu já recebi? E recusei todos eles. É óbvio que eu espero levar um fora, mas isso não é o que geralmente acontece. E nesse caso, eu mesmo é que teria que pedi-la em casamento. É o fim da minha vida de boêmio, Guto.

— Vamos. — Augusto fez um esforço para puxá-lo pelo corredor. — Você é muito convencido. Nem todas as garotas vão querer se casar com você.

— Ela seria a primeira. — Victor até tentou recuar, mas a mão firme de Augusto o manteve em movimento.

— Shiu, Don Juan. — Augusto sorriu minimamente, chegando até elas — Srta. Duarte, — Ele olhou de uma para a outra — Srta. Duarte. Obrigado por virem.

— Ah, é um prazer. Esse tipo de evento não acontece muito por aqui. — Catarina comentou, animada, com o braço entrelaçado ao da irmã, tentando espiar por cima do ombro dos dois para tentar ver quem já estaria lá. — Sem nossos pais, eu quis dizer.

Augusto apertou os olhos discretamente olhando para a que falava. Então era ela que estava loucamente atacando Henri em todos os cantos da casa do Governador? Que interessante. Ela não tinha cara de que fazia esse tipo de coisa. Droga, Henri tinha mel para desvirtuar até a mais pura das moças.

— Eu sinceramente não gosto de gente adulta até hoje. Não os chamaria para algo que tem o intuito de ser divertido. — O Bragança falou — Não faziam festa do pijama quando eram crianças? É a mesma coisa.

— Vai ter guerra de travesseiros também? — Theodora se manifestou, finalmente, sorrindo — Me avise para eu não ir embora antes disso.

Victor soltou o ar pelo nariz em um riso contido.

— Ah. Esse é meu amigo, Victor Rodrigues. — Foi como se Augusto de repente se lembrasse de que o rapaz estava ali — Conhecem ele, não?

— Sim. — Theodora respondeu, inclinando a cabeça para analisá-lo. Era a primeira vez que se viam de perto. — O filho do Prefeito.

Bragança & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora