A Festa do Augusto - Grand Finale - Ambiência

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— Deixaram ele fugir?

— Apareceram policiais. — Um dos homens, ruivo e alto, respondeu — Se fossemos presos seria pior, então deixamos o lugar.

— Fugiram, você quer dizer.

— E agora ele sumiu. — O outro homem, moreno, de pele escura e também muito alto, ainda completou, como se não tivesse amor pela vida.

O prefeito Luís balançou a cabeça e seu olhar queria claramente dizer o quanto aqueles dois haviam sido inúteis, e o quanto ele gostaria de se livrar deles se não fosse tão difícil achar outros cães de caça fiéis e bem treinados.

— Quem eram os policiais? O Delegado?

— Não. Na verdade, não deu para ver porque estava escuro, mas definitivamente não era o Delegado. Não tinham o porte dele.

— Hum. Ele está ocupado com alguma coisa, e eu quero descobrir o quê. — Luís pensou em voz alta, mas olhou de novo para os dois. — E vocês não prestam nem para ver quem é que salvou aquele negrinho jornalista de meia tigela?

— Um parecia moreno e alto, o outro mais baixo e tinha... o cabelo comprido? — Olhou para o outro como se confirmasse a informação.

— É. Tinha o cabelo mais ou menos comprido e liso, aqui no ombro, mas estava preso.

Luís pensou um pouco diante daquela informação.

— Não existe policial de cabelo comprido, o que significa que esse idiota está tendo a ajuda de alguém. Quero descobrir quem o está ajudando e quem contou que ele seria morto naquela noite. De nada vai adiantar me livrar dele se houver alguém por trás tentando me derrubar, e é o que parece existir.

— Sim senhor, mas... como vamos descobrir? — O ruivo se atreveu a perguntar.

— Isso é um problema de vocês. — Luís se sentou de novo na cadeira do escritório e voltou a observar alguns papéis, em seguida suspirou. — Ou vão dizer que não são capazes de encontrá-lo? Eu conheço essa laia de jornalista, ele não vai simplesmente fugir. Eles compram briga e querem ser reconhecidos por isso. O azar desse aí é que estamos em período eleitoral, e dessa vez eu não vou simplesmente aceitar que alguém interrompa a ascensão do meu filho assim, por conta de um ideal republicanismo e moralismo de merda. Mas por que estou gastando saliva com vocês, idiotas? Nem sequer devem estar entendendo o que eu estou falando.

— Sim, senhor, — O outro homem nem sequer parecia ofendido, e isso porque eram muito bem pagos. Apenas ajeitou a postura, tentando ser resolutivo. — mas ele pode estar literalmente em qualquer lugar, no meio do mato ou em outra cidade próxima.

— Certo. — Luís se acomodou na cadeira — E o que vocês sabem? Devem ter descoberto alguma coisa antes de virem até mim com essa péssima notícia, não?

— A irmã dele... uma artista circense, a trapezista. — O moreno comentou.

— Ela esteve nos hospitais e na vizinhança perguntando por ele. — O outro completou a fala do parceiro — A Sra. Carla das Graças, do prédio ao lado, foi quem descobriu questionando a garota se tinham um parentesco, e naturalmente percebeu pela fala dela que ele era do circo quando criança.

Luís sorriu minimamente, interessado.

— A trapezista? A mesma com quem Victor anda de noite para lá e para cá?

— Sim.

— Providencial, eu diria. — Ele se acomodou na cadeira como se o problema estivesse resolvido. — Victor vai levá-los até ela, e ela vai nos levar até o jornalista. Mandem chamar o garoto... agora.

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