Carlos caminhou pelos corredores e entrou de sala em sala, obstinado. O lugar era imenso, e ele poderia passar o dia inteiro procurando por Eloise, mas tinha a impressão de que ela estaria na capela, e estava certo.— Venha comigo. — Sussurrou no ouvido da amiga, que fingia estar rezando, ao lado das outras.
Eloise se levantou, indecisa sobre o que fazer, mas optou rapidamente por se afastar para saber qual era o problema. Conhecendo Carlos como ela conhecia, sabia que ele estava furioso.
— Irmã Eloise. — Uma das freiras, a que estava na frente conduzindo a oração, chamou a atenção dela. — Onde está indo?
— Eu preciso da ajuda da irmã. — Carlos falou por ela, porque haviam combinado que a melhor opção para Eloise era fingir não falar o português muito bem.
— Dr. Carlos, faz parte da rotina das irmãs rezar toda manhã antes de começar o trabalho. — A mulher cruzou os braços, irredutível e irritadiça.
— Depois conversamos, irmã. Peço desculpas por quebrar sua preciosa tradição. — Ele respondeu, sem paciência, e guiou Eloise para fora, com a mão em suas costas. — Ah, pelo amor de Deus, não temos tempo para isso.
— O que houve? — Eloise comentou, baixinho.
— Você viu o estado desse lugar?! Eloise, tem pessoas dormindo no chão, Eloise! É pior do que eu imaginava.
— Calma. — Ela olhou para os lados para ver se havia alguém no corredor que pudesse escutá-los.
— Como é que eu fico calmo, Eloise, pelo amor de Deus? — Ele suspirou, conduzindo-a por outro corredor — E a irmã quer rezar por uma hora antes de começar o trabalho, ah, faça-me o favor. Isso aqui está um nojo. Não tem condições nenhuma de recuperar um doente nesse lugar.
Eloise espiou para dentro de um quarto enquanto eles caminhavam apressados pelo corredor, avistando uma quantidade imensa de macas, todas amontoadas, e completamente lotado.
— É realmente assustador. — Ela comentou.
Carlos entrou junto com ela em uma sala que parecia uma mistura de expurgo com sala de preparo de medicamentos, e começou a separar alguns na mesa ao lado da estante. Eloise, sabendo o que ele pretendia, pegou uma das bandejas e já começou a preparar ataduras, álcool, e outros itens para curativos. Foi então que a irmã entrou na sala onde eles estavam, e Carlos nem sequer se deu ao trabalho de olhar para ela.
— Irmã Eloise, junte-se às outras.
— Ela não vai. — Carlos respondeu, ocupando-se com os medicamentos, sem dar atenção nenhuma à cena que a irmã fazia.
— Dr. Carlos, — A mulher suspirou e passou a mão pelo hábito — com todo o respeito, o senhor acabou de chegar, não sabe como as coisas funcionam por aqui.
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Bragança & Cia
Romance[...como efeito colateral dessa brincadeira, eles acabam vivendo lindas histórias de amor. ] O cargo almejado por João de Matos Bragança era o de Senador, mas infelizmente ele e sua esposa sofreram um terrível acidente antes mesmo que pudesse inic...