Agatha estava sentada na areia da praia, observando o garoto brincar com os primos e com os tios. Ela observava como Carlos e Victor corriam atrás de suas crianças, de bermuda e sem camisa, completamente despreocupados e desprendidos da vida que existia na cidade. Ela queria que André fosse aquele tipo de pai, mas não poderia exigir muito, afinal, o Francisco nem era dele.
Ele aceitou o garoto, e isso já era mais do que Agatha podia esperar. Não perguntou nada sobre quem deveria ser o pai, embora às vezes ela pensasse que já sabia e só não queria trazer o assunto à tona. Francisco tinha os cabelos cacheados como os de Nicolas, e vez ou outra fazia até algumas expressões parecidas, então não era difícil associar as coisas.
O garoto era calmo e tranquilo, gostava muito de conversar, principalmente com a mãe, e se tornou o maior companheiro de Agatha. Ela sentia que era um pedaço de Nicolas que havia ficado ali, para lembrá-la constantemente do que viveu e do que não viveu. Ora sentia como se fosse um peso ter que olhar para ele e viver todas essas lembranças, mas na maior parte do tempo ela sentia que não conseguiria mais viver sem seu filho, e agradecia pelas características boas que Nicolas o havia passado, e outras que André o havia ensinado.
A maior parte do tempo André se concentrava em ensinar ao filho o que era certo ou errado, o que ele deveria ou não fazer, e o deixava livre para correr e brincar no restante do tempo. Apesar disso, Agatha sentia, de alguma forma, que ele evitava se aproximar demais do pequeno, e tinha a prova disso quando via o modo como Carlos e Victor tratavam seus filhos.
- Agatha e sua cara de quem chupou limão. - Ana Francisca se sentou ao lado dela, na areia.
- E você e suas calças. - Ela devolveu o "elogio".
Ana sorriu de modo falso.
- Deixe minhas calças em paz. Eu me sinto melhor com elas.
- Tudo bem. Poderia apenas procurar por outra cor que não esse bege sem graça de sempre.
- Você virou especialista de calças agora? Me poupe, garota. - Ana arrumou a franja para trás e fingiu estar irritada. Depois encarou a cunhada com um sorrisinho. - É sério. Por que essa cara? É por que meu irmão não pode vir?
- Não. - Agatha mentiu - Eu já estou bem acostumada ao fato de que seu irmão tem muitos, muitos compromissos como substituto do Barão. - E suspirou, abraçando os joelhos e observando as crianças correndo - Eu só queria que ele fosse como seu irmão Carlos, ou como Augusto. Parece que ele não se permite aproximar demais de Francisco.
Ana pensou sobre aquilo.
- Hum. Você sabe que de todos nós, André é o que mais admira nosso pai e era, na verdade, o mais próximo dele, não?
Agatha fez que sim.
- Pois então, - Ana deu de ombros, também abraçando os joelhos do modo como a outra fazia - a forma como André trata Francisco é a forma como todos nós fomos tratados por nosso pai. Não havia essa coisa de brincadeiras, viagens à praia ou coisas extremamente íntimas. Mas ele se preocupava com nosso futuro, nosso sustento, com o fato de estarmos bem e felizes, e sentia-se satisfeito em conseguir garantir todas essas coisas. - Ela olhou para Victor, que tentava pegar um frisbee mas acabava por se espatifar na areia - É diferente no caso de Carlos e Victor, acredite. Ambos pensam que precisam ser pais diferentes do que o que tiveram.
- No caso de Victor eu entendo, mas Carlos? Por quê?
Ana fez uma careta.
- É complicado. Ele queria algo que meu pai sinceramente não podia oferecer. Eu acho que... ele não quer que o filho dele passe por nada disso, então tenta satisfazer todas as necessidades dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bragança & Cia
Romance[...como efeito colateral dessa brincadeira, eles acabam vivendo lindas histórias de amor. ] O cargo almejado por João de Matos Bragança era o de Senador, mas infelizmente ele e sua esposa sofreram um terrível acidente antes mesmo que pudesse inic...