O Circo - Ambiência

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Eu já não mantenho esperanças de que o leitor sinta minha falta nos capítulos em que não dou as caras, já me habituei em ser colocado em segundo plano

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Eu já não mantenho esperanças de que o leitor sinta minha falta nos capítulos em que não dou as caras, já me habituei em ser colocado em segundo plano. Compreensível, não sou sequer um personagem secundário dessa história. Mais vale ir logo ao ponto, e falar sobre quem interessa, não é mesmo? A começar pela Srta. Mantovani, que agora trabalhava em outra residência e prestava serviços de espiã para os antigos patrões, os Bragança.

Vale ressaltar que sua antiga patroa, Ana Francisca, achou essa bagunça toda extremamente proveitosa. Para ela, ter a antiga criada e quase governanta da casa trabalhando agora dentro da residência de um dos suspeitos era muito mais do que o cenário perfeito: era providencial.

Cristine passou pelo corredor e a porta do escritório estava aberta. Antônio olhou dos papéis da mesa para a porta, convicto de que ela voltaria alguns passos, e já ciente do assunto que trataria.

— O senhor não vai mesmo ao circo?

Ele dobrou o jornal e se levantou.

— Eu vou.

— Ah, mudou de ideia?

— É. E você vai comigo.

— Eu?! — Cristine, preocupada, tentou negar o pedido... que mais se parecia uma ordem. — Mas combinamos minhas folgas às sextas e meus irmãos ficarão sozinhos em casa.

— Então leve eles. Não vão gostar de ir ao circo?

— Ah, eles iriam adorar. É, com certeza amariam. Mas não temos dinheiro para isso.

Antônio balançou a cabeça, com um olhar quase que decepcionado.

— Eu vou pagar, é claro. Preciso de um motivo para estar lá. Não é o tipo de ambiente que eu costumo frequentar.

— Por que precisa de um motivo para estar lá?

— O Prefeito Luiz, — Antônio se olhou no espelho e ajeitou a gravata — os boatos são de que ele vai usar o circo para se promover, e lançará um candidato a Senador que terá seu apoio. Já tenho uma ideia de quem possa ser esse candidato e não serei eu, infelizmente. Minha campanha segue uma linha bastante... oposta à do Prefeito.

— Isso é bom. — Ela deu de ombros. — O Prefeito é um ser humano desprezível. Mandou demolir os cortiços e inventou leis absurdas como a que proíbe andar na rua descalço e sem camisa. Como se as pessoas que andam na rua descalças e sem camisa fizessem isso por opção!

Antônio fez um gesto com o indicador para ela, concordando.

— E são pessoas como você, Cristine, que irão votar no candidato oposto ao que o Prefeito indicar. É a minha maior... na verdade a minha melhor chance.

— Entendi. — Ela sorriu minimamente — Por isso precisa de mim. Ser visto com uma moça simples, e crianças perrapadas.

— Crianças, apenas. — Ele a corrigiu — Se aparentarem estar perrapadas isso pode afastar os votos da classe mais conservadora, que por acaso não conheçam o candidato ou não... vão com a cara dele. — Antônio se aproximou da porta e passou de lado por Cristine, seguindo para o corredor — Vai receber por isso, não se preocupe. A não ser que se importe em... ser usada para fins políticos.

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