A Festa do Augusto - Descobertas - Ambiência

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— Srta. Martins...

— Por favor, me chame de Natália.

— Certo. Natália. Então... por que me chamou até a confeitaria? Disse que precisa da minha ajuda, e estou morrendo de curiosidade em saber: no que exatamente?

— Seu irmão. Minha mãe soube da admiração dele por mim e agora insiste que eu o conheça. Preciso que ele perca completamente esse interesse por mim. Será que poderia dizer algum absurdo sobre mim? Não sei... diga que me viu roer as unhas dos pés, qualquer coisa!

E lá estava Ana Francisca, no corredor do lado direito do segundo andar, logo após a escadaria principal, segurando as mãos da cantora.

— Confia em mim?

— Sim. — Natália respondeu.

Então Ana a beijou. Inclinou seu corpo para frente e, sem saber muito bem o que estava fazendo, entrelaçou seus lábios aos dela. Não demorou nem um segundo para que Natália a ensinasse o que fazer, e Ana Francisca permitiu. Não era um beijo falso, ah, isso com certeza não era.

E, naquele momento, mais pessoas do que Ana pode prever acabaram por ver aquele... ato. Augusto apareceu numa ponta do corredor, já Margô se assustou ao entrar no lugar pela escada dos empregados e se deparar com aquela cena. Além disso, Mattel observava tudo do lado esquerdo do corredor, escondido para dentro de um quarto com apenas a cabeça para fora. E, como se não bastasse, Carlos saiu do quarto em frente bem na hora, flagrando a irmã e a Srta. Martins e também Matteo, no quarto bem em frente.

Augusto fez com a mão para que Margô descesse rapidinho e, como não viu ninguém ao olhar para trás, apenas limpou a garganta em uma tentativa de mostrar que naquele lugar poderia passar literalmente qualquer pessoa. Ana Francisca fingiu levar um susto e afastou Natália no mesmo instante, mas a verdade era que queria continuar beijando a moça, droga, como queria.

Enquanto isso Carlos mais do que rapidamente empurrou Matteo para dentro do quarto onde parte do corpo dele já estava e fechou a porta silenciosamente.

— Se disser alguma palavra sobre o que viu aqui... — Ele se aproximou e agarrou o rapaz pela gravata. — Bisbilhoteiro.

— Ei, ei. — Matteo afastou a mão dele e arrumou a gravata — O que é isso? Você não era para ser o irmão inofensivo, ou algo assim?

— Você está avisado. — Carlos pegou na maçaneta.

— Vai fazer o quê? — Matteo sorriu e fez com que ele desistisse de abrir a porta e voltasse a se aproximar dele. O rapaz ergueu as mãos e riu um pouco. — Não se preocupe, eu vou ficar caladinho.

O Bragança respirou fundo e torceu o queixo.

— Posso ser inofensivo, mas Augusto não é, e você sabe disso, não sabe?

— Tudo bem, tudo bem. Eu posso ser bisbilhoteiro, mas o senhor está muito esquentadinho para a sua reputação. Relaxa. Eu não vou contar nada sobre o que vi aqui. Não é como se eu já não tivesse visto isso antes...

"Nos bordéis em que frequento." Ele pensou na piadinha, mas não. Não gostaria de levar um soco justamente do Bragança mais pacífico. Se bem que isso seria um feito.

Já está falando demais. — Carlos fez uma careta — Eu sei bem o seu tipo. Meu irmão faz amizade com qualquer nojento que encontra por aí.

— O que conhece sobre mim para dizer essas coisas com tanta certeza?

Carlos o olhou de cima para baixo.

Bragança & CiaOnde histórias criam vida. Descubra agora