•Capítulo 4•

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Limpei meus machucados com cuidado pois estavam doendo muito

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Limpei meus machucados com cuidado pois estavam doendo muito. A lesão em minha testa foi um pouco funda, mas não irá precisar de pontos. Meu corpo está doendo demais. Tomei um analgésico para não ficar resfriada e outro para dor.

Fui para minha cama entrando debaixo das cobertas. Comecei a chorar novamente, e quero minha mãe, só quero ela aqui.

Por que ela me deixou? Eu estou sozinha nesse mundo, sinto tanto sua falta. Quando me machucava por cair de bicicleta ou qualquer outra besteira ela sempre me abraçava e falava que estava tudo bem, mamãe cuidava dos meus pequenos ferimentos fazendo cafuné nos meus cabelos até eu dormir. Como eu sinto sua falta.

Como eu queria que ela estivesse aqui agora. Queria muito que ela falasse que iria ficar tudo bem e eu dormisse em seus braços com ela fazendo carinho em mim até eu dormir.

Pensei em Lily por que ela fez isso comigo? Sempre fui uma boa amiga para ela, nunca fiz mal a ninguém. Por que as pessoas são tão ruins sem razão alguma?

Taylor tentou me estuprar. Nunca sequer falei com ele, nem um mero esbarro, já troquei com ele. Como ele pode fazer isso comigo? Taylor me machucou tanto fisicamente quanto psicologicamente.

Não sei se irei à delegacia para denunciá-los. Tenho medo. Meu pai é policial mas ele não ligaria para isso, ele não me protegeria, ele nunca mais me protegeu depois que minha mãe se foi. Então se caso eu denunciar Taylor e Lily eles irão querer vingança depois. Eu teria que arcar com isso eles iriam me fazer mal novamente e Taylor pode finalmente conseguir me estuprar.

São dois contra um, a palavra deles contra a minha. Ninguém da festa falaria contra eles. Os que falariam provavelmente estavam bêbados ou drogados e não se lembrariam de nada.

Resolvo dormir um pouco, amanhã eu irei à praia e tomarei minha decisão. O mar me dará a resposta que preciso.

(...)

Acordei no outro dia um pouco melhor, meus machucados não doem tanto. Tomei um banho e vestir uma roupa qualquer e confortável, não irei para a escola hoje pois está tudo confuso na minha cabeça.

Desci as escadas devagar. Fui até a cozinha comer alguma coisa, meu pai estava sentado tomando o seu café e lendo o jornal como sempre.

Não dei bom dia pra ele como sempre faço, me sentei e comecei a comer normalmente. Até que ele resolveu falar.

— A empregada me falou que você chegou toda destruída ontem a noite, onde você estava?— Meu pai me perguntou sem tirar os olhos do jornal.

Não respondi, não quero falar com ele, essa é a primeira vez que ele me fala alguma coisa pra mim além de "até" em meses.

Fingi que não ouvi e continuei comendo. Sinto seu olhar em mim. Ele está analisando meus machucados.

— Quem fez isso com você?— Ele perguntou novamente. Como eu não respondi ele deu um soco forte na mesa me assustando — Responde garota.

— Ninguém, eu caí — Falei sem olhar para ele, ainda consigo sentir seu olhar nervoso em mim.

— Porque chegou na chuva ontem só de cardigan e calcinha?

— Eu não quero falar sobre isso— Estou quase chorando pelas lembranças de ontem, ainda consigo sentir as mãos nojentas de Taylor em meu corpo. Ainda posso ouvir as risadas de Lyli vendo meu sofrimento.

— Alguém te machucou?— Ele perguntou, não vejo preocupação no seu tom de voz, e como se ele tivesse perguntando por perguntar.

— Para que você quer saber? você não se importa mesmo.— Digo com certo sarcasmo

— Não fale assim comigo garota, eu sou seu pai— Ele agora tem um tom de voz extremamente irritado.

— Você tem sido tudo nesses anos todos menos meu pai— Deixei algumas lágrimas caírem e subi para meu quarto correndo sem dar ouvidos a ele. 

Me tranquei no quarto me deitando na cama. Fiquei longos minutos chorando em posição fetal na cama. Me sinto tão sozinha e infeliz.

Perdida em lágrimas lembrei do homem que encontrei ontem, ele era tão bonito, mesmo com a cara fechada ele era bonito, imagino ele sorrindo deve ser tão lindo. Seus cabelos pareciam ser tão macios, imagino como deve ser tocá-los durante um beijo quente. Minhas bochechas ficaram vermelhas com esses pensamentos, nunca beijei um homem, e agora estou imaginando como deve ser beijar um.

Ele devia ser importante, todos aqueles homens pareciam ser seus seguranças, aposto que ele é um desses empresários fodões ou até mesmo um político.

Olhei para janela do meu quarto e resolvi ir à praia. Hoje o dia está fechado, parece que não irá chover novamente.

Calcei meus tênis. Quando eu voltar tenho que comprar um celular novo já que o meu ficou na casa do Taylor. Ainda bem que não levei documentos importantes, eu não teria coragem de voltar lá.

Terminei de me arrumar e desci as escadas. Estou saindo pela porta quando meu pai apareceu atrás de mim.

— Aonde você vai menina?

— Não te interessa— Respondi abrindo e fechando a porta com violência, saio correndo pela rua até chegar a praia.

A praia está mais vazia hoje, tem algumas crianças brincando na areia e turistas tirando fotos.

Me sentei na areia pensando em tudo que estou passando. Tomei a decisão de que não irei denunciar Taylor e Lily, vai ser melhor assim, faltam poucas semanas para o ano letivo terminar, eu aguento até lá. Não quero mais problemas, só quero ter paz.

Sinto vontade de nadar, mas não faço pois estou machucada e vai arder muito. Além disso o dia não está tão bom para fazer um nado. Fiquei horas na praia. Tenho a sensação que estou sendo vigiada, olhei para os lados e não vejo ninguém me observando. Deve ser coisa da minha cabeça.

Resolvo ir embora, está ficando tarde e as ruas estão ficando perigosas. Estou em um sinal de trânsito e olhei para o outro lado da rua, vejo o mesmo homem de ontem, ele sorri para mim me olhando com intensidade. O sinal abriu olhei novamente para onde ele estava e não o vejo, procurei mas não o achei.

Estou ficando louca, o achei tão bonito e atraente que estou alucinando com ele. Um homem daqueles nunca voltaria por mim ou ele só estava ali por coincidência.

 Um homem daqueles nunca voltaria por mim ou ele só estava ali por coincidência

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Bem-vinda ao infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora