Eu estou tremendo de medo, não consigo nem olhar em direção dos cachorros, eles uma vez ou outra dão uma mesma nada.
Eu estou em pé a horas, minhas pernas doem. Eu sinto uma dor tão grande em meu coração que está chegando a ser insuportável. Quanto mais tempo passo nesse porão tenho a ideia de me mexer e acabar com tudo. A ideia de acabar com minha vida está passando frequentemente em minha cabeça. E um sentimento estranho, na mesmá hora que tenho vontade de tirar minha vida, tenho vontade de pegar todas minhas forças e lutar por minha liberdade.
Eu só quero paz, quero que minha vida volte a ser como era antes, eu não tinha o amor de meu pai mas ele me deixava ser livre. Eu tinha minha liberdade e minha virgindade intacta.
Minha vida mudou radicalmente e tenho medo que nunca volte a ser como era antes.Escorei minha testa na parede e fechei os olhos, comecei a pedir por ajuda, clamo para que alguém ouça minhas súplicas e me tire desse inferno.
Em um momento de desespero e fraqueza, minhas pernas fraquejaram e caí no chão. Meu coração ficou acelerado, minhas mãos tremem, eu não tenho coragem de abrir meus olhos. Estou esperando a primeira mordida mas ela não vem.
Se passam vários minutos e nada dos cachorros atacarem, tomei coragem e abri meus olhos devagar. Vejo os três cachorros parados em minha frente. Eles me olhavam com intensidade mas não fazem nada.
Como movimentos lentos me escorei na parede e fiquei encolhida contra ela, parei de chorar e fico olhando para os cachorros. Fiquei sem entender, Axel disse que eles iriam atacar se eu fizesse qualquer movimento. Mas eles não fizeram nada. Será que Axel está jogando comigo?
(...)
Já passaram horas e eu ainda estou sentada nesse chão. O porão está em silêncio total, os cachorros estão sentados no chão como estátuas.
Eu estou com muita sede, o bolo e o suco como eram doces me deixaram com sede. Não sei se AXEL irá me ouvir mas chamo por ele. Ele pode dar uma de carcereiro bonzinho e me tirar daqui.
—Axel me tira daqui, eu não aguento mais— Lágrimas que até então não existiam começaram a descer —Por favor Axel.
Não tenho nenhuma resposta, o único barulho que ouço é do meu próprio choro. Olhei para os cachorros e eles mexiam a cabeça de um lado para o outro como se estivesse me analisando. Até que eles são bonitos, eles têm um porte forte, e os pelos pretos, os três são iguais como se fossem trigêmeos.
—Vocês são lindos, mas são maus, igual o dono de vocês— Percebi a merda que falei —Não que o Axel seja bonito, ele é muito feio—Estou mentindo pra mim mesma, Axel é lindo mas sua maldade o deixa horrível. Já que estava sozinha com os cachorros comecei a conversar com eles.
—No dia que minha mãe morreu, nós duas estávamos combinando de ir a um abrigo de animais, eu queria muito um gato ou um cachorro- Lembro perfeitamente daquele dia, eu estava muito feliz.
—Depois que ela se foi, eu adotei um gatinho, mas meu pai o deu para um amigo, ele falou que não queria aquele animal em casa, eu chorei muito, o animal me fazia senti mais próxima da minha mãe. Ele era tão bonitinho, eu adorava seu pelo pretinho, sinto sua falta.
Meu peito dói pela dor que estou sentindo, eu sinto tanta falta dela, as lembranças vem com força em minha mente. Tudo vem rapidamente em minha cabeça. As lembranças triste os momentos felizes e tanta coisa.
Ela não deveria ter se jogado na frente daquele carro para me proteger, minha mãe deveria estar viva, ela não podia ter me deixado aqui sem ninguém e completamente sozinha.
—Porque ela foi embora, minha mãe era tão perfeita, ela nunca fez mal pra ninguém— Choro tudo que não chorei por esses anos, o sentimento de perda me atinge com força. Choro pela rejeição de meu pai, choro por sido tão ingênua e amiga de Lily e principalmente por ter encontrado Axel naquela noite.
Meu coração se destrói em pedaços só de lembrar a rejeição do meu pai, eu o amo tanto, mas isso não faz diferença pra ele. Eu nunca irei conseguir entender suas atitudes comigo.
Ouço o barulho das patinhas dos cachorros se aproximando, eles estão mais perto, não consigo levantar a cabeça, talvez seja o meu fim, talvez minha hora tenha chegado e o sofrimento não existirá mais e a paz entrará em minha vida.
Sinto os pelos dos animais entrarem em contato com minha pele, um dos cachorros lambe meu braço, estou em choque, eles estão preparando minha carne para devorá-la.
Levantei a cabeça e os três cachorros estavam em minha frente, eu só posso estar ficando louca, mas eu vejo um sorriso na cara deles. Eles me olhavam com carinho.
—Vocês não irão me comer?— Eles balançam a cabeça, acho que isso foi um "não".
Um dos cachorros começou a lambe meu rosto, e a minha pele que estava exposta, sua língua faz cócegas e eu soltei algumas risadas altas. Faz muito tempo que eu não soltava um sorriso espontâneo. Eles não são maus como imaginei.
Levantei minha mão devagar e alisei a cabeça do cachorro que estava mais próximo a mim, ele gostou do carinho e se sentou ao meu lado.
Fiz carinho nos outros também, um deles chegou mais perto e eu o abraçei, o cachorro é cheiroso e tem o pelo macio.
Fiquei abraçada chorando com ele. Meu deus a que ponto eu cheguei, estou desabafando com o cachorro que iria me comer. Pelo menos agora tenho alguém.
—Vocês agora são meus amigos— Eles se deitaram ao meu lado.
Como estava tão cansada que deitei também, assim ficamos nós três ali no chão, abraço um cachorro e meus olhos começaram a pesar, se passaram alguns minutos e eu caí em um sono profundo. A noite foi melhor do que esperava.
Espero que tenham gostado❤️
Obrigada pelos votos 🌟
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Bem-vinda ao inferno
Romance(Concluído) Alerta:Romance dark +18 | SEM REVISÃO Aisha Coleman é uma menina de 18 anos, que sofre com a morte da mãe e com a ausência do pai. Ela sofre bullying na escola e nunca teve amigos. Sempre esteve sozinha. Aisha se torna amiga de uma jove...