Família - parte I

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- Peste. – Daro murmurou e saiu fechando a porta.

Eltar entrou pela porta da cozinha com uma pose como se fosse o dono do lugar.

- Bom dia, chefe.

- Só se for pra você. – Eltar respondeu. – O que é isso?

Daro olhou para a bandeja ainda cheia de comida estragada. – O almoço de ontem da menina. Ela não quer comer nada que dou.

Eltar sorriu. – Claro que não. A pirralha é esperta. Sabe que você poderia droga-la.

- Eu nunca faria isso, senhor.

- Não. Não faria. – Eltar o olhou como se seus olhos pudessem fuzilar o outro. – Se fizesse eu o faria implorar pela morte. Agora me sirva algo e prepare algo para eu levar para minha pequena arma.

Daro, irritado por precisar fazer o papel de um servo, mas ocultando isso porque não era burro, preparou um prato com bolos, pães e queijos e uma caneca de suco para Eltar. Depois de entregar, voltou-se para preparar o da menina.

- Eu não entendo... Porque não me contou sobre sua identidade antes, senhor? Sempre fui leal...

- Se não fosse leal, já estaria morto. – Eltar interrompeu. – Quanto ao resto, bem, não era da sua conta. Já fez o que mandei?

Daro apertou a mandíbula controlando sua vontade de xingar aquele nobre metido a besta, e disse no tom mais amável que possuía: - Sim, senhor. Quanto ao casamento, não sabemos se já aconteceu, mas acontecerá logo.

- Ótimo. Deixemos o casal nojento se juntar. Isso vai deixar aquele moleque puto de raiva e poderemos influenciar os idiotas dos pobres Tiger para não apoiarem a sucessão da usurpadora-filhote ao trono. Quando o casamento acontecer e ela for com o bárbaro canibal lá para as montanhas no raio que a parta, vamos agir e acabar com aquele pivete. – Eltar se levantou, pegou a bandeja das mãos de Daro, colocou-a em cima da mesa calmamente, se virou e deu um soco no estômago de Daro. Confuso e surpreso, Daro se encolheu e o olhou em busca de respostas, sem fôlego. Eltar deu um chute forte nas costelas do outro que caiu em posição fetal no chão, cospindo sangue. Daro tentou levantar a cabeça pra olhar para ele, mas Eltar puxou uma cadeira, sentou-se tranquilo, colocou um pé sobre a cabeça de Daro e lentamente a empurrou até que o rosto dele tocasse o chão, deitado de lado o olhando. – Daro, Daro, Daro. Você sabe como eu não suporto incompetência.

- Ma...mas...

- Shhh. – Eltar interrompeu tranquilamente. – Não dei permissão para você falar. Sabe, Daro, parece que você esqueceu que eu mando em você. Você não é um nobre livre. Você, assim como todos os meus soldados, são meus SERVOS. O título de nobreza é só um detalhe útil aos meus planos. Você se lembra disso, Daro?

- Si...sim...senhor....sempre. – Daro estremeceu com o aperto em seu rosto, a ponta das garras do pé de Eltar arranhando-o.

- Não sei... Não me sinto convencido ainda... Diga, Daro. Diga com segurança, com certeza plena, me convença de que você ainda lembra que é meu servo, que sua fidelidade é apenas a mim.

- Eu....eu sou seu servo, chefe....Seu leal...fiel servo, meu verdadeiro rei. – Daro disse e sentiu mais sangue escorrendo de sua boca.

- Então, não foi deslealdade. – Eltar comentou. – Foi mera incompetência. Que triste, meu servo Daro. Como alguém pode ser tão imbecil, tão merda pra não notar a droga de um espião sob seu teto?

Daro estava repassando todas as suas últimas ações em busca de qualquer coisa que pudesse se referir ao que Eltar dizia.

- Você ainda não notou, não é? – Eltar trincou os dentes. – Heitor, seu babaca! Ele espionou você por meses!

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora