Como realizar os sonhos

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- Então o imbecil morreu? Não dou a mínima. – Rádara disse, virando um copo de uma bebida nova e alcóolica que ela encontrara no antigo escritório de seu pai. – Se ele não abriu o bico sobre nós é tudo que me importa.

- Majestade, vossa magnificência tem certeza que ele não falou nada? – Ahim perguntou.

- Tenho. O idiota do príncipe não confirmou isso, mas conheço Carya. Se ela tivesse a mínima prova sobre isso já estaria na minha porta fazendo uma cena. Seth viria com os sermões inúteis dele logo depois. – Rádara disse tranquila.

- Entendo. O que faremos com ele? – Ahim disse, pronto pra jogar mais lenha na fogueira. – Ele não falou, mas sabe demais. E se ele falar por vingança pelo que o príncipe Dreyfus o fez?

- Ele não é idiota. – Rádara deu uma golada, acabando com o conteúdo da taça de uma só vez. O líquido era forte e ácido, com um teor alcóolico muito maior que as outras bebidas que ela tomava. Mas não a embebedou nem um pouco. – Ele sabe demais, mas também tem o rabo preso comigo pelo mesmo motivo. Ele não vai falar, a menos que alguém o pressione à isso. Mas ninguém desconfia do bom moço. Agora que o problema Bafo se autodestruiu, vamos manter a vigilância naquele sonso do Kursk para você-sabe-o-que. E só. Nosso maior foco tem que ser na construção. Como está indo o trabalho?

- Perfeitamente, vossa excepcionalidade. O projeto será concluído muito antes do prazo.

- Ótimo. Não faz mais que sua obrigação. Quero ver pessoalmente. Amanhã iremos pela tarde.

- Sim, vossa magnificência. – Ahim respondeu numa reverência exagerada.

~o~

- Eu não entendo, Drey. Porque os feitiços não estão funcionando? – Rania disse cabisbaixa. Ultimamente ela se sentia tão burra, tão incompetente, tão frágil. Era difícil não duvidar de si mesma quando tudo que ela vinha tentando, se esforçando tanto pra conseguir, estava dando errado.

- Eles estão funcionando, Rani. – Line disse com pena, arrumando os lençóis em cima de Dreyfus. – Só que mais devagar.

- Mas todo mundo fala que eu tenho tanto poder e eu to me dedicando tanto...

- Sim, lindinha, mas ninguém nunca trouxe outra pessoa dos mortos. Não sabemos como o organismo reage, nem mesmo se volta ao normal. Rani, querida, pare de se culpar. Você já fez tanto pela cura dele, coisas que nenhum outro mago com anos de experiência conseguiu fazer. A começar por trazer ele dos mortos ne.

- Line... – Rania tentou falar, mas começou a chorar.

Não chora, preciosa... Que inferno, Line, sua estúpida! Consola ela, faz ela parar de chorar! Diabos! Se ao menos eu conseguisse me mover... Dreyfus estava furioso e revoltado porque ele sabia que já estaria muito melhor àquela altura se não fosse um pequeno detalhe.

- Eu sonhei com ele e ele parecia tão preocupado... – Rania disse entre lágrimas.

Espere...O que? Você... Não. Não pode ser... Aquilo não podia ser o que Dreyfus imaginava...

- É claro que ele está preocupado, Rani. Isso é só seu subconsciente que está atento à esse detalhe também. – Line disse. – Como foi o sonho?

Isso, plebeia metida à princesa. Faz alguma pergunta útil!

- No sonho eu ouvi a voz dele como um trovão distante, muito distante, me dizendo que eu devia descansar um pouco e que os feitiços não iam dar certo. – Rania disse, secando as lágrimas com a manga do vestido.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora